Aldeias torcem nariz a vizinhos ciganos

Jornal de Notícias (10 Mai)
Aldeias torcem nariz a vizinhos ciganos
Realojamento: programa visa distribuir famílias por várias populações do concelho. Estão abrangidas pelo Plano cerca de 90 pessoas.
O plano de realojamento de uma comunidade cigana não está a corresponder às expectativas da Pastoral dos Ciganos devido às dificuldades de implantação no terreno. Segundo Fátima Castanheira, da Pastoral dos Ciganos de Bragança, o principal obstáculo prende-se com a resistência dos residentes nos locais previstos para receber aquela comunidade. O Projecto da Câmara prevê o realojamento das famílias em diversas aldeias, escolhidas pelos próprios ciganos. Nas localidades em questão serão adquiridas 50 habitações degradadas, com vista à sua posterior recuperação. Segundo o Presidente da Câmara Municipal de Bragança, Jorge Nunes, pretende-se evitar a hipótese de concentrar todas as famílias numa só aldeia ou num só bairro porque, explica, “não queremos criar guetos”. O realojamento em aldeias vai de encontro ao modo de vida de muitas pessoas desta comunidade. O projecto abrange cerca de 25 famílias, que compreendem cerca de 90 pessoas, sendo no entanto, 40 famílias as que vivem em condições precárias. O problema mais grave é vivido pelos ciganos do acampamento de Donai, que está implantado onde ficava a antiga lixeira da cidade. O local não tem arruamentos, nem água, nem electricidade, nem esgotos e os animais partilham as ruas com as pessoas. Existem outras famílias dispersas pelos bairros dos Formarigos, Beco Sem Saída e Cantarias.
As nove famílias que residem no acampamento de Donai há perto de 17 anos estão ansiosas por sair dali. A deslocação para as aldeias agrada-lhes desde que lhes sejam dadas melhores condições de vida.