Ciganos continuam em barracas
Mensageiro de Bragança (6 Mai)
Ciganos continuam em barracas
Em aldeias está a ser difícil executar Projecto de realojamento de famílias ciganas
Noticia as dificuldades sentidas pela Câmara Municipal e pela Pastoral dos Ciganos de Bragança em realojar uma ou duas famílias por aldeia, no concelho de Bragança. “Segundo Jorge Nunes, Presidente da Câmara Municipal, existe um compromisso com a Pastoral dos Ciganos de adquirir até 50 habitações, em aldeias, para as recuperar.” No entanto, diz, o realojamento “não tem sido um processo fácil.” Esta rejeição é fruto de “ideias negativas e muitas vezes erradas acerca desta comunidade. Mas nem toda a gente vende droga, nem toda a gente anda armada…!” Durante as Jornadas da Pastoral dos Ciganos, José Díaz, Professor Catedrático da Universidade de Salamanca, apresentou um estudo em Espanha que aponta a mesma rejeição, fruto de um estereótipo do cigano, como pessoa estranha e perigosa”, que se consolidou no imaginário colectivo. José Díaz apontou alguns exemplos de sucesso, baseados, sobretudo, em trabalho feito na “educação” das crianças ciganas. Fátima Castanheira, da Pastoral dos Ciganos de Bragança, afirma que “há um elevado índice de abandono escolar nas crianças de etnia cigana: estamos a tentar contrariar essa tendência, já temos algumas dessas crianças na escola, mas quanto ao sucesso escolar ainda se estão a dar os primeiros passos.” E justifica o insucesso escolar das crianças ciganas porque não fazem um ensino pré-primário e não têm luz eléctrica nem condições para fazerem os seus trabalhos de casa. Para Jorge Nunes se as crianças forem realojadas nas aldeias, poderão ter mais acompanhamento. “Na cidade é mais difícil, porque a dependência dessas famílias relativamente a apoios sociais é maior e porque as oportunidades de aproximação a uma cultura de trabalho se tornam mais difíceis.”
D. António Montes, Bispo de Bragança-Miranda, considera que estão a ser dados passos significativos “em aldeias vizinhas de Bragança, onde há uma boa integração.” O Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, P. António Vaz Pinto, outro orador das Jornadas, referiu que ainda há muito trabalho a fazer no país inteiro e acrescentou: “é um trabalho que tem que ter um pensamento global e um agir local.” Neste sentido, “as autarquias têm que fazer um esforço permanente, contínuo de respeito pela cultura cigana e, por outro lado, de facultar maior formação profissional, maior escolarização, procurar um trabalho com as mulheres que muitas vezes são postas de lado”. As Jornadas culminaram com a actuação de Paco Suarez, Maestro cigano da Orquestra Europeia de Música Cigana.