O Dia Nacional do Cigano celebra-se, em Portugal, a 24 de junho. Nesta data, a Igreja assinala também a festa de São João Batista — santo de especial devoção entre os ciganos portugueses. Este dia é, assim, uma ocasião significativa para homenagear a riqueza cultural do povo cigano e reforçar o apelo à justiça social e à igualdade de oportunidades.

Com mais de cinco séculos de presença no nosso país, os ciganos são parte integrante da história nacional. A sua caminhada, marcada por resiliência e coragem, é expressão de uma herança que enriquece a diversidade e contribui de forma valiosa para o nosso património comum.

É também um momento propício à reflexão sobre os desafios que continuam a afetar estas comunidades. Historicamente marginalizados e muitas vezes esquecidos, os ciganos enfrentam ainda hoje discriminação, preconceito e exclusão em diferentes áreas da vida social. Contudo, possuem uma identidade cultural, espiritual e humana que merece ser reconhecida, valorizada e acolhida.

Importa, por isso, reafirmar o compromisso com uma sociedade onde todas as comunidades possam viver com dignidade, justiça e participação plena.

A Igreja Católica, fiel ao Evangelho e à fraternidade universal, tem procurado ser sinal de acolhimento, proximidade, comunhão e diálogo. Por meio da ação pastoral e da escuta atenta, com o coração atento e a presença fraterna, tem acompanhado as comunidades ciganas, promovendo a sua integração com absoluto respeito pela sua identidade, cultura e valores próprios.

O Papa Leão XIV, na homilia da Missa Inaugural do seu Pontificado, do dia 18 de maio, lembrava-nos o poder transformador da unidade e da comunhão: “Irmãos e irmãs, gostaria que fosse este o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado.”

Estas palavras são também um encorajamento à comunidade cigana, convidando-a a fazer parte ativa de um caminho comum de fé e de fraternidade.

Neste tempo sinodal, em que a Igreja se abre à escuta e à participação de todo o Povo de Deus, é essencial que as comunidades ciganas sejam incluídas e valorizadas neste caminho comum. Ouvi-las e envolver os seus membros é reconhecer a sua dignidade e corresponsabilidade na vida da Igreja. Mais do que um gesto simbólico, trata-se de construir uma Igreja verdadeiramente universal e inclusiva, onde todos têm lugar e podem contribuir ativamente.

Evocamos, com especial reverência, o Beato Zeferino Giménez Malla — homem simples, justo e pacificador — que serviu com entrega as comunidades ciganas. Que o seu testemunho nos inspire a construir caminhos de paz, diálogo e fraternidade vivida em gestos concretos.

Neste dia, que a sua memória ilumine todos os que acompanham e servem as comunidades ciganas. Que o respeito mútuo, a inclusão e a construção de pontes continuem a ser sinais de uma verdadeira fraternidade sinodal, onde ninguém é deixado para trás.

Hélder Afonso
Diretor Nacional da Pastoral Nacional dos Ciganos