O grande erro do mal estar entre ciganos e não ciganos é o desconhecimento total da maneira de ser de cada povo, de cada etnia.
OS CIGANOS E A VENDA AMBULANTE
O grande erro do mal estar entre ciganos e não ciganos é o desconhecimento total da maneira de ser de cada povo, de cada etnia.
Já diz o aforismo filosófico: “não se pode amar o que não se conhece”!
Andamos de costas voltadas ou a jogar ao esconde esconde há 500 anos!
Vivemos de preconceitos de parte a parte, fechados cada um sobre si mesmo, entrincheirados nos nossos mundos, sem diálogo, sem o mínimo desejo de diálogo, de aproximação, de entendimento. Permanecemos irredutíveis. Cada um pensa, de lado a lado, que a razão está consigo. E até talvez esteja, mas é uma razão sem razão, porque parte de falsos pressupostos.
Está na idiossincrasia dos ciganos, entre outros, o aspecto nomadismo. Está na nossa idiossincrasia a fixação, a sedentarização.
Como tal, a venda ambulante é uma característica vital dos ciganos.
Tirar-lhes a venda ambulante é tirar-lhes tudo o que
há de mais íntimo na alma dos ciganos.
Ficam sem pontos de referência, ficam como “o peixe fora de água”. Ficam à mercê da miséria e da fome.
Todos somos susceptíveis de adaptação a novas formas de vida, mas isso não se faz numa geração, nem em duas, nem
em três.
Temos de ser compreensivos e se queremos contribuir para o bem estar de alguém não podemos tirar-lhe aquilo que lhe está na “massa do sangue”, aquilo que lhe é essencial.
Tudo quanto se fizer neste sentido é trabalhar para o equilíbrio psíquico, económico e social de um povo, de uma etnia a integrar no tecido de outro povo.
Sem dúvida que, em tudo e para tudo, tem de haver
regras, normas inteligentes, flexíveis, cumpridas de parte a parte.
E, assim, a vida integrada torna-se mais fácil, mais
alegre e mais fecunda de boas obras.
Pe. Filipe de Figueiredo