O nomadismo dos ciganos é um mito?

Público (8 Abr)
Dia Internacional: Antropólogos dizem que etnia cigana é a mais discriminada
O nomadismo dos ciganos é um mito?
Para os especialistas a resposta é sim. Mas os que vivem em casas têm problemas. Debate hoje, em Lisboa, em torno de soluções.
Dos cerca de 40 mil ciganos que se calcula viverem em Portugal, 4200 têm um modo de vida itinerante e 7000 vivem em condições de habitação precária.
“São portugueses mas são os mais discriminados” considera José Gabriel Pereira Bastos, do Centro de Estudos de Migrações e Minorias Étnicas da Universidade Nova de Lisboa.
No Seminário Internacional “Ciganos: Território e Habitat” (ver notícia neste nº), além da situação portuguesa, foram debatidas estratégias de alojamento em Espanha, França, Itália e Reino Unido.
Alexandra Castro (AC) afirma que “a situação habitacional dos ciganos raramente é encarada como fazendo parte da política global de habitação, mas sim como um problema particular associado a este grupo”. As famílias ciganas queixam-se de não permanecerem no mesmo local por serem perseguidas e por serem expulsas. AC e André Correia concluem que o nomadismo forçado, se repercute nas oportunidades que os ciganos teriam para se integrarem e melhorarem as suas vidas.
Num inquérito feito às autarquias e GNR, os investigadores concluíram que perante a presença dos ciganos mais de 48 horas num local a GNR tenta impedi-los (43,7%) ou vigia-os (27,6%). Quanto às famílias que ocupam casas devolutas ou que construíram barracas em terrenos públicos ou privados, não lhes é facultado acesso à água ou ao saneamento básico. AC recorda ainda que alguns dos ciganos que foram realojados pelas autarquias têm dificuldades em adaptar-se e uma das razões são os conflitos intra-étnicos. Mas a socióloga Maria Manuela Ferreira Mendes defende que os realojamentos são “cruciais” para a integração social destas comunidades.