Amar a Deus, amar o próximo

O caminho da vida cristã que somos convidados a percorrer dia a dia resume-se no amor a Deus e no amor aos irmãos, duas vertentes que não se excluem, antes se complementam mutuamente. Aí está a Palavra deste 31.º Domingo do Tempo Comum a nos orientar para o amor como centro da nossa experiência de vida cristã.

A primeira leitura apresenta-nos o início do “Shema’ Israel”, a solene proclamação de fé que todo o israelita devia fazer diariamente. Aí se afirma que há um só Deus, convidando-nos a amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças.

A segunda leitura apresenta-nos Jesus Cristo como o sumo-sacerdote que, na sua obediência ao Pai e a sua entrega em favor dos homens, diz-nos qual a melhor forma de expressarmos o nosso amor a Deus.

O Evangelho reafirma, de forma clara, a essência do amor a Deus, cumprindo a sua vontade, e do amor aos irmãos, estabelecendo com eles relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida.

Como é que vivemos a nossa caminhada de seguidores de Cristo? Qual é, para nós, o elemento fundamental da nossa experiência de vida cristã? Por vezes não estaremos a dar demasiada importância a elementos que não têm grande significado, como as prescrições do culto e do calendário, os ritos exteriores, as regras do liturgicamente correto, as doações de dinheiro para as festas do santo padroeiro, as leis canónicas, as questões disciplinares…, importantes certamente, mas esquecendo o essencial e negligenciando o mandamento maior do amor?

Na descoberta quotidiana do amor de Deus, ganha força e vigor o nosso compromisso missionário, que jamais pode faltar. A nossa vida deve ser experiência desse amor recebido, uma experiência de graça e de alegria, uma experiência de amor a Deus e aos irmãos.

Amar a Deus passa pela escuta da sua Palavra, pelo acolhimento das suas propostas e pela obediência total dos seus projetos para mim, para a Igreja, para a minha comunidade e para o mundo.

Amar os irmãos passa por prestar atenção a cada homem ou mulher com quem me cruzo pelos caminhos da vida, seja ele branco ou negro, rico ou pobre, nacional ou estrangeiro, amigo ou inimigo, passa por sentir-me solidário com as alegrias e sofrimentos de cada pessoa, passa por partilhar as desilusões e esperanças do meu próximo, passa por fazer da minha vida um dom total a todos.

Que a celebração da Eucaristia e a partilha da Palavra nos tornem mais fecundos no amor, que é sempre a Deus e ao próximo, em íntima relação. Sempre convidados a retomar a oração do Salmo de hoje: “Eu Vos amo, Senhor, minha força, minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador, meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança, meu protetor, minha defesa e meu salvador”.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org