TESTEMUNHO DO INSTITUTO SECULAR CARITAS CHRISTI
“Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que «da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído” (Evangelii Gaudium).
A alusão a estas palavras do Papa Francisco na sua recente exortação apostólica traduz naturalmente aquilo que gostaria de partilhar com o leitor, ou seja a história de uma vida de consagração num Instituto Secular que há 25 anos se deixou (deixa) encontrar por Cristo. Uma história comum a quantos e quantas se deixaram/deixam seduzir por Cristo. Uma história que começa com uma experiência profunda de encantamento/enamoramento por Jesus Cristo, deste “deixar-se encontrar por Cristo”, como refere o Papa. É a partir deste “clic”, desta descoberta pessoal da presença de Deus em nós que tudo muda! É o Espírito Santo que, no nosso íntimo, nos faz acolher a Revelação de Deus no Evangelho de Jesus e nos faz intuir que a nossa vida sairá a ganhar se nos deixarmos conquistar por Ele. Quando descobrimos que Ele faz toda a diferença e nos deixamos cativar por Ele, a nossa vida não para mais.
Falar da vocação é falar desta história de amizade com Jesus. Ele, através do Seu Espírito, vai colocando no nosso íntimo o desejo de O seguir, de Lhe perguntar: “Onde moras?” (Jo 2,38). À medida que a gente “cresce,” na procura deste Deus que nos habita, Ele vai-se revelando e como o fermento que faz crescer toda a farinha. Assim acontece na nossa vida. É através dessa transformação silenciosa e escondida que se vai operando, que nos leva a falar com alegria e a partilhar com intensidade, a riqueza da nossa vida, da nossa vocação.
Quando nos encantamos, tudo muda! Sim, é a partir deste momento, quando nos sentimos verdadeiramente tocadas por Cristo, quando temos o privilégio de encontrar mediações do Amor Inesperado e Imerecido de Deus por nós, que desabrocha no nosso íntimo, ao mesmo tempo, uma paz inexplicável e uma vontade enorme de continuar a desvelar segredos… ao sentir este amor de Deus, naturalmente que cresce em nós o desejo de o transmitir, de o comunicar aos irmãos, de partilhar este dom. A resposta a este amor concretizou-se através do Instituto Secular Caritas Christi.
O Instituto Secular Caritas Christi surgiu nos finais da década de 30. Os seus fundadores foram uma jovem francesa Juliette Molland e o padre dominicano José Maria Perrin. A 19 de março de 1955 é declarado Instituto Secular de Direito Pontifício pelo Papa Pio XII.
Como refere D. João Alves (1998), “os Institutos Seculares apareceram para garantir um caminho seguro de santificação aos leigos que o queiram seguir e são um modo privilegiado para a renovação da missão da Igreja na evangelização da sociedade e das culturas”. É esta perceção que Juliette tem desde o primeiro momento: “Deus precisa de santos no meio do mundo”.
É esta a missão dos consagrados: tornar presente o rosto de Cristo. A experiência do amor de Deus levar-nos-á a retribuir, a irradiar Cristo, a ter um coração disponível para os irmãos. É esse o apelo que Ele nos faz constantemente. Estarmos atentas e abertas no nosso meio, nas mais variadas situações, ou como Juliette gostava de dizer, “florescer onde Deus nos colocou”.
O padre Perrin escreve em “Lei de Vida”: “A vossa vocação e a vossa razão de ser consistem em consagrar, no meio do mundo, toda a vossa vida de leigas, em busca deste ideal: crer no amor e a ele corresponder, ser em tudo coerente com a fé que está toda na caridade de Deus para connosco. Isto implica não só ser filhos de Deus e viver dele, mas também ter para com o próximo o coração, as palavras e os gestos de Cristo, perder-se na Sua Igreja e pelo Seu Reino. Tal é a vossa razão de ser e o testemunho que deveis dar no meio do mundo”. (J. M. Perrin, 1944). E ainda no 1.º art. de “Lei de Vida”: “Toda nossa razão de viver é, pois, permanecer no amor de Deus para o amar e fazer amar no lugar onde ele nos colocou, sob o olhar do Pai que vê no segredo”(1979).
Atualmente, o Instituto conta com cerca de 1.400 membros espalhados por 45 países nos cinco continentes. Em Portugal está implantado desde 1956 e são cerca de 170 os seus membros, presentes em várias dioceses do país.
A nossa consagração é cheia de riscos e de exigências mas portadora de um carisma rico e original. A nossa presença no mundo, a nossa secularidade, é um meio excelente para chegarmos aos mais variados pontos da sociedade a fim de aí tornar presente o rosto misericordioso de Deus. Somos mulheres que não deixam o mundo e as suas realidades, mas são chamadas a transparecer pela vida o amor de Deus.
Em suma, falar de vocação significa falar de busca e de procura, de tentar seguir e encontrar-se nos caminhos que levam a uma vida maior. No ser humano, a vida plena coincide, por paradoxal que pareça, com a vida plena das outras pessoas à nossa volta. “O segredo da felicidade”, dizia a fada num famoso conto infantil, “é fazeres felizes as pessoas à tua volta!”. Esta é no fundo a experiência que todos temos, do quanto mais te dás, mais rico ficas, ou como refere D. Anacleto Oliveira (2013) na sua Nota Pastoral “Há mais felicidade em dar (se)”.
Quem foi Juliette Molland?
Juliette Molland nasceu a 27 de junho de 1902. Terminado o seu percurso académico, na área de contabilidade, vai exercer a sua atividade profissional numa fábrica de produtos químicos. Apesar das responsabilidades profissionais manteve sempre uma disponibilidade total para o serviço da sociedade e da Igreja. Queria ser leiga e viver a consagração do seu batismo até ao fim, dando-se total e definitivamente ao Senhor, amando-O e fazendo-O amar.
Juliette foi uma mulher que cativou a infância de várias gerações na sua terra natal pela organização de festas e peças de teatro. Durante a Segunda Guerra Mundial foi conselheira municipal, delegada das ações sociais e, apesar dos meios precários de que dispunha, procurou ainda dar resposta a situações dramáticas em consequência da ocupação nazi. Como ela gostava de mencionar: “Não há sacrifícios, quando se ama; só há atos de amor.”
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Bibliografia:
D. João Alves, in “Os Institutos Seculares/sua presença na sociedade”, Edições Paulinas, Lisboa 1998, 3.
Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, Paulus Editora, 2013, 3.
Marques, Dr. Joseph A. “Caritas Christi Vida e Espírito”, 1979.
Instituto Secular Caritas Christi