Ditadura não!

Querubim Silva Padre. Diretor

Querubim Silva
Padre. Diretor

“O Governo não se rende perante o argumentário tradicional com que a Comissão Europeia tem tratado os problemas do défice, da dívida e da consolidação orçamental” – são palavras de Carlos César, que bem retratam a sobranceria arrogante da governação, traduzida cá para dentro em total desrespeito pela democracia. Ou seja: tudo o que não alinhar na ideologia tutelada pelo radicalismo de esquerda é “tradicional”, que é como quem diz, está fora do que seja um Estado moderno.
Começou pela área da Educação – a ponta do iceberg – já vai na área da Saúde, também confusamente já se estica a manta da Justiça para tentar justificar o injustificável (esperamos que esta não ceda!)… O caminho de um novo prec está traçado e mostra, a pouco e pouco, os seus tentáculos insaciáveis.
A resistência pacífica tem sido a arma que derruba os “gigantes com pés de barro”. Às vezes, a luta é muito longa, feita de avanços e recuos, exigindo paciência e persistência. Quem ama a liberdade não dobra nem quebra. A verdade liberta! E, assim diz o povo, “como o azeite, vem sempre à tona da água”.
A “onda amarela” invadiu Lisboa no passado domingo. Foi uma multidão airosa, mesmo alegre, civilizada, coesa, a proclamar bem alto que a Educação não é monopólio do Estado. E não manipulem a Constituição! Apesar de eivada ainda de alguns ares coletivistas, os direitos, liberdades e garantias aí consignados não se coadunam com esta fúria de formatar a sociedade, muito menos submetendo-a a vampíricos interesses corporativistas, que desejam ressuscitar o passado.
Insistir! Resistir! Nunca desistir da liberdade! Essa é a única atitude patriótica, face a todos os malabarismos de maiorias de gabinete.
Não sei se alguém ainda se lembra da tremenda guerra entre a unidade sindical e a unicidade sindical. Eu lembro. E foram proeminentes figuras do PS de então que resolveram o diferendo, consagrando o princípio de que a unidade não exclui a diversidade. Verificamos diariamente que a esquerda radical prende a liderança da governação com estas tentativas de unicidade, para dividir os portugueses – e dividir perpetua o reinado e a dominação. É a estratégia das ditaduras!
No verão quente de 1975, era a divisão norte sul, progressismo a sul, reacionários a norte. E estava montada toda a “nomenclatura”, escolas incluídas, para assentar arraiais, mal surgisse a nesga de acesso ao poder. Também aí, o PS teve um papel preponderante no regresso a um desenho político plural do País. Nós sabemos o que são as ditaduras: de direita, por experiência própria; de esquerda por irrefutáveis e repetidos fracassos históricos, com um estendal incomensurável de vítimas inocentes. É isso o que queremos?