Em jogo

M. Oliveira de Sousa Professor

M. Oliveira de Sousa
Professor

Ninguém quer ficar de fora!
Estão aí os jogos, os jogos todos. Daqui até ao outono oscilaremos entre a praia, a televisão, a “fan zone” e outros recursos para acompanhar o olhar do mundo. A Europa vive o futebol, a América vibra com o futebol, o mundo sonha com o Rio de Janeiro (Jogos Olímpicos). Será um verão cheio.
Como sabemos, o substantivo deriva de “gracejo, graça, zombaria”, que derivou, no latim comum, ou vulgar, em “ludus” (lúdico, jogo, divertimento, recreação. E também reconhecemos que as coisas lúdicas enchem a alma, apenas desejamos que não se esgote aí.
Aceitando que essa parte da história (a origem, a originalidade das coisas) está remetida para os antípodas, com a vertente economicista a prevalecer ao transformar o jogo (seja qual for) em indústria – o que não é totalmente censurável – gostaríamos de notar outra preocupação que emerge: com tanto jogo, não falta quem se esforce para colocar as nossas vidas em jogo!
Curiosamente – e é este aspeto que focamos – as raízes de tudo isto estão na cultura grega de encontro pelas trégua, pela paz! Para os gregos cada idade tinha a sua própria beleza e a juventude tinha a posse de um corpo capaz de resistir a todas as formas de competição, seja na pista de corridas ou na força física. A estética, o físico e o intelecto faziam parte da busca para a perfeição, um belo corpo era tão importante quanto uma mente brilhante – e Juvenal (60-127, sensivelmente), em Roma, imortaliza de alguma foram esta interpretação na Sátira X: “mente sã em corpo são”.
Apesar de falarem a mesma língua e de terem unidade cultural, os gregos antigos não tinham unidade política, estavam divididos nas 160 Cidades-Estado, ou seja, cidades com governos soberanos, que a cada quatro anos, nos Jogos, promoviam a paz em detrimento das divergências.
Como o mundo muda?!
Agora, em cada jogo (dos jogos, sejam quais forem – ainda lembramos entre outros Munique 72!) releva-se, algumas vezes, a glória dos vencedores; porém, é mais comum os vencidos sentirem-se vítimas do sistema, saem sem honra, e o resto é uma batalha, uma guerra sem trégua!
Alimentamos a esperança de um dia a estética (da evolução do jogo) não fique resumida à força “musculada”… das Forças de Segurança, isto é, armadas!
É uma triste realidade: cada vez que o ser humano se reúne, neste particular para se divertir, passa a ser uma “multidão” sitiada, revistada, despida de bens e liberdades… em nome do jogo da vida!