À Luz da Palavra DOMINGO DE RAMOS (ciclo B – 2009)
Leituras: Is. 50, 4-7; Sal. 21 (22); Filip. 2, 6-11; Mc 14, 1 – 15, 47
Chamamos semana Santa à semana que começa com o Domingo de Ramos, e, efectivamente, a liturgia do próximo Domingo abre-nos as portas a um tempo “santo”.
É um tempo “Santo”, em primeiro lugar, porque aprofundamos os mistérios mais santos de Jesus Cristo. Os sinais da santidade do Senhor Jesus são as suas obras, os seus milagres e os seus ensinamentos, mas sobretudo, o facto de que, quando chega a hora, se humilha obedecendo até à morte e morte de cruz (cf. Fl 2,8). “Por isso, o Pai ressuscitou-O e deu-Lhe um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor” (Fl 2,9-11). Jesus é Santo porque nele habita a plenitude da divindade (Cf. Cl 2,9). Assim, quem é interpelado pela sua maneira de viver e morrer, e se põe a caminho para entrar na profundidade do mistério da Sua vida, vê-se a entrar no mistério de Deus, vê-se situado ante o próprio Deus, ante Aquele que é três vezes Santo.
Em segundo lugar, este tempo é “santo” porque nos aproximamos da fonte da santidade para ficarmos também nós santificados. A santidade irá brotando com naturalidade na nossa vida na medida em que contemplamos Jesus de perto nos seus últimos dias, na medida em que, seduzidos e atraídos pela sua entrega e pelo seu amor, deixamos que em cada celebração o nosso coração fique profundamente cativado por Ele. Só o coração enamorado tem força para nos arrancar da nossa superficialidade e mediocridade e faz nascer em nós o desejo de nos identificarmos em tudo com quem amamos.
Todos nós, cristãos, estamos chamados a dar testemunho de santidade, isto é, a viver de tal maneira que a nossa vida evoque e recorde a Cristo, de tal maneira que todos os que nos vêem possam dizer como o centurião que viu morrer Jesus: “Na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,47). Mas, para isso, têm que nos ver viver e morrer com Cristo; têm que ver que, como o servo, de que nos fala a leitura do profeta Isaías, não desviamos o nosso rosto dos que nos insultam e cospem (cf Is 50,6). Dito de outra maneira, quem nos vê tem que ver que assumimos a realidade da vida como ela é, que enfrentamos o que nos provoca dor e sofrimento, que estamos dispostos a dar tudo por amor. Também tem que se ver que nos aproximamos aos acontecimentos da vida vestidos de humildade, mansidão, paz e confiança, tal como Jesus, que entra na cidade num humilde jumentinho (Cf. Mc 11,7). Tem que se poder comprovar que o nosso triunfo ou fracasso não estão ancorados em algo tão efémero como as aclamações que nos fazem hoje e as críticas e condenações de amanhã, mas em caminhar decididamente pelas ruas da nossa cidade fazendo a vontade do Pai, vivendo na confiança de que o Senhor Deus vem em nosso auxílio (Cf. Is 50,7).
Estrella Rodríguez, FMVD