Refugiado da Segunda Guerra homenageado em Vagos

Regalado, Gunter Wacek  e a vereadora Dulcínia Sereno

(Da esquerda) Steffanie, Silvério Regalado, Gunter Wacek  e a vereadora Dulcínia Sereno

 

Gunter Wacek, austríaco, viveu a infância em Vagos. Para lembrar a “avó” vaguense, chamou à sua filha Steffanie.

 

Gunter Wacek, um antigo refugiado austríaco que viveu em Vagos, de 1948 a 1953, foi alvo de uma homenagem promovida pela Câmara Municipal de Vagos, realizada na Biblioteca Municipal, no passado sábado, integrada na programação das Festas de Vagos.
Nascido em Viena, no ano de 1941, em plena guerra mundial, Gunter Wacek perdeu o pai durante esse conflito e viu a casa onde vivia ser parcialmente destruída. Em 1948, aproveitando um programa humanitário desenvolvido pela Cáritas, a mãe de Gunter Wacek enviou o filho para Portugal, devendo permanecer meio ano em território nacional.
A primeira estadia em território português foi em Lisboa, de onde seguiu para Lombomeão, no concelho de Vagos, onde foi acolhido pela família Simões Neves. Pouco depois, passou para Vagos, ficando em casa de Aida Pinto Camelo e Duarte Gravato, que foi a sua segunda família. No entanto, os seis meses iniciais prolongaram-se por cerca de cinco anos. Em Vagos, o menino austríaco, loiro e de olhos azuis, que não percebia uma palavra de português, depressa arranjou amigos e foi nas brincadeiras de criança, jogando ao berlinde e ao pião com as crianças vaguenses que aprendeu rapidamente o português, o que lhe permitiu frequentar a escola primária, que então funcionava no edifício onde atualmente está a Biblioteca Municipal.
Depois de regressado à Áustria, Gunter Wacek nunca mais esqueceu Vagos nem a família que o acolheu. Formou-se em Turismo, no seu país, e voltou a Portugal no ano de 1964, para frequentar um curso na Universidade de Coimbra, aproveitando para rever a terra onde vivera anos antes. No ano de 2004, após se reformar, fixou residência no Algarve, sendo atualmente cônsul honorário da Áustria no Algarve. Desde então, tem mantido contactos regulares com amigos vaguenses, tendo visitado Vagos por diversas vezes.
A sessão contou com a participação da filha do homenageado, Steffanie, nome que é uma homenagem a Estefânia (Fana), a mãe de Aida Pinto Coelho, que foi a sua “avó” portuguesa, que apresentou um documentário sobre o pai.
Entre os muitos amigos presentes na sessão, houve alguns que recordaram os tempos passados e os laços de amizade que continuam a perdurar.
Cardoso Ferreira

 

 

Vagos espera acolher duas famílias de refugiados

A Câmara Municipal de Vagos e a Santa Casa da Misericórdia de Vagos estão prontas para acolher duas famílias de refugiados, as quais deverão ficar alojadas numa antiga de Lombomeão, realçou o presidente do executivo municipal, Silvério Regalado, na sessão de homenagem a Gunter Wacek.
O autarca afirmou que se a história de Gunter Wacek teve um final feliz, o que hoje se assiste diariamente é à morte de dezenas de refugiados nas águas do Mediterrâneo, e à vinda de muitos outros que “procuram um lugar seguro na Europa, mas que depois de aqui chegados, ela lhes vira as costas”, recordando que há sessenta anos esse drama de refugiados em fuga viva-se na Europa.