“Nenhum destes extremos é uma opção”, disse o padre Thomas Rosica aos jornalistas. D. Antonino Dias fala de “diversidade de línguas, culturas e experiências”.
O Vaticano promoveu uma conferência de imprensa para apresentar os recentes debates no Sínodo dos Bispos sobre a família, que procuram abordar questões tidas como fraturantes, sem “mudar tudo” nem “não fazer nada”. “Nenhum destes extremos é uma opção”, disse o padre Thomas Rosica, um dos cinco porta-vozes que apresentou aos jornalistas os trabalhos das reuniões gerais de sábado e dos grupos linguísticos, na segunda-feira (ver também pág. 24).
Em cima da mesa está a definição de “caminhos pastorais” para “possíveis soluções”, tendo em vista situações como a do possível acesso aos Sacramentos dos divorciados que voltaram a casar civilmente.
D. Antonino Dias, presidente da Comissão Episcopal Laicado e Família (CELF) e um dos dois delegados do episcopado português, sublinha que o Sínodo “continua, numa diversidade de línguas, culturas e experiências diferentes, mas sempre em busca da verdade sem fugir aos problemas e tensões que fazem parte do caminho que conduz à luz”.
Num texto divulgado através da página da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, o bispo faz questão de sublinhar que “não é a doutrina que está em causa, mas a forma de a dar a conhecer e como agir pastoralmente nas circunstâncias mais problemáticas, em que pessoas estão envolvidas e sofrem com isso”.
O padre Federico Lombardi, diretor da sala de imprensa da Santa Sé, sublinhou que durante a assembleia sinodal, um organismo consultivo convocado pelo Papa, tem surgido a “consciência história das mudanças que houve no decorrer nos séculos em temas de caráter doutrinal e disciplinar” no ensinamento da Igreja a propósito do Matrimónio.
O responsável adiantou que alguns dos participantes foram “muito precisos sobre uma posição negativa” quanto a um possível acesso dos divorciados recasados à Comunhão, sem que com isso se queira diminuir a “atenção da Igreja por todas as pessoas que se encontram em situações difíceis”.
Antecipando o que estava previsto, 43 intervenções foram já dedicadas à terceira parte do documento de trabalho do Sínodo 2015.
Os segundos relatórios dos 13 grupos de trabalhos vão ser publicados hoje (quarta-feira), preparando o relatório final que vai ser entregue ao Papa, a quem “competem as decisões” sobre o mesmo, incluindo a sua publicação imediata ou não, recordou o porta-voz do Vaticano.
O padre Lombardi disse ainda que a alegada carta escrita por 13 cardeais ao Papa, questionando a metodologia da 14.ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, não deve ser considerada como um documento oficial, lembrando que pelo menos dois dos supostos subscritores já negaram terem assinado a missiva.
Dos trabalhos do Sínodo saíram apelos a uma nova valorização do tempo do noivado e da preparação para o matrimónio, bem como a “estratégias pastorais” que vão ao encontro de muitas famílias que “são deixadas de fora”.
Com os jornalistas estiveram na conferência de imprensa de segunda-feira dois dos casais que participam nos trabalhos do Sínodo, Ketty Abaroa de Rezende e Pedro Jussieu de Rezende, do Brasil, e Penelope e Ishwarlal Bajaj, da Índia.
Este último, que nasceu numa família hindu, falou do seu casamento de quase 39 anos com uma católica e da sua decisão, há uma década, de se converter ao catolicismo, o que levou os seus filhos serem batizados também.
Já Pedro Jussieu de Rezende mostrou-se “surpreendido” com algumas notícias relativas ao Sínodo dos Bispos e disse que não houve nenhuma “discussão significativa” sobre temas doutrinais, valorizando, do seu ponto de vista, propostas sobre a preparação para o matrimónio ou uma maior “abertura à vida”.
Ag. Ecclesia