Acácio F. Catarino
Sociólogo, Consultor Social

No momento de indefinição e incerteza em que nos encontramos, impõe-se-nos, como imperativo político fundamental, a melhoria das condições de vida no nosso país. De entre as incertezas, talvez se realcem quatro: a governação nos últimos quatro anos; a governação futura; a consistência da «maioria de esquerda»; e a sustentabilidade económica do Estado social.
Relativamente à governação nos últimos quatro anos, desconhecemos se teria sido muito diferente se tivesse sido o PS a governar. Relativamente à eventual governação futura do PS, não sabemos se ela será muito diferente da que seria a do PSD/CDS. Relativamente à consistência da «maioria de esquerda», ainda não sabemos se esta existe de facto, nem se é mesmo de esquerda. Relativamente à sustentabilidade do Estado social, desconhecemos se o crescimento económico poderá assegurá-la; e, sobretudo, nada sabemos como é que a o PS e toda a «esquerda» estão preparados, e ajudaram a preparar o povo em geral, para situações de emergência económico-financeira. Ninguém está contente com a chamada «austeridade»; mas ninguém demonstrou, até agora, como é que a poderíamos ter evitado, nos últimos quatro anos, nem como a poderemos evitar no futuro.
Recomenda-se que acompanhemos a evolução dos acontecimentos e que tomemos as posições que tivermos por adequadas. Bom seria que os cristãos, pessoalmente e em grupo, refletissem e dialogassem sobre os graves problemas do momento, respeitando posicionamentos diferentes, entre eles, e visando três objetivos fundamentais: a comunhão fraterna na prossecução do bem comum; a preparação de cada um para o seu compromisso político-social; e a procura dos entendimentos possíveis, não forçados nem artificiais. Há que respeitar, evidentemente, eventuais manifestações públicas de cristãos, mas torna-se imperioso evitar que uma parte deles fale em nome do todo e que a comunhão de diferenças fique prejudicada.