O incêndio florestal ocorrido no passado verão, na zona do Cristelo da Branca (nos limites dos concelhos de Albergaria-a-Velha e de Estarreja), pôs em relevo parte do talude que envolve aquele sítio arqueológico, localizado no final do povoado, local onde existe uma rua com o sugestivo nome de “Talábriga”, a desaparecida cidade romana que os historiadores dizem ter existido algures na região de Aveiro, entre o Cabeço do Marnel (Águeda), a sul, o Monte de S. Julião (Branca), a norte, o Lugar da Torre (Cacia), a oeste, e Cabeço dos Mouros (Ribeira de Fráguas), a nascente.
“Muros muito antigos”
Numa visita ao local, realizada poucos dias após o incêndio, era bem visível o talude defensivo desse enorme sítio arqueológico. Em conversa com alguns populares dessa “Rua de Talábriga”, onde se erguem casas multisseculares, ainda com alterações e outras em degradação, fomos informados que no incêndio ocorrido há cerca de seis anos, foram postos a descoberto “muros” de pedra, muito antigos, situados mais para norte, em zona atualmente coberta por matos e de acesso praticamente impossível.
No entanto, os investigadores que estudaram esse sítio arqueológico são da opinião que o ancestral povoado, possivelmente de origem anterior ao período romano, estivesse localizado precisamente sob essa “Rua de Talábriga”, e área limítrofe. A localização de Talábriga é um mistério antigo que começou a ser estudada no século XVI. Primeiro pensou-se que ficaria em Cacia ou Aveiro, depois começou a pensar-se que ficaria na freguesia da Branca (no Cristelo ou, mais a nascente, no Monte de S. Julião). No entanto, atualmente, parece demonstrado que Talábriga se situe no Marnel (Águeda).
C.F.