A casa comum

M. Oliveira de Sousa Professor

M. Oliveira de Sousa
Professor

A latitude da casa é muito variável.
Esta semana, chegou mesmo a ser afirmado que o ano de 2015, ficará marcado pela casa comum que o Papa Francisco apela à urgência no seu cuidado, na Encíclica “Laudato Si” (Louvado Sejas) – título inspirado no Cântico das Criaturas do Pobre de Assis, S. Francisco.
O mundo ficou rendido à beleza e oportunidade do documento. É enaltecida a importância poética, teológico-pastoral (sobretudo a questão da consciência e a dimensão de pecado, mencionado uma dezena de vezes – Francisco cita o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla, São Boaventura, João Paulo II, Bento XVI) e, sobretudo para quem quer ver a Encíclica na prateleira laicizante do compromisso individual, o compromisso da consciência de cada um.
Mas o grande parte do mundo, curiosamente passada cerca de uma semana do 124.º aniversário da Rerum Novarum de Leão XIII (15 de maio de 1891), aprofunda a matéria com uma unanimidade que a precursora da Doutrina Social da Igreja não teve no seu tempo e que agora são contestados à escala global o que não altura o Papa de Carpineto Romano pre-anunciava em grande medida: exploração desenfreada dos recursos e das pessoas sem considerar a justiça social de uns e de outros.
A Comissão Justiça e Paz promove a apresentação da Encíclica no próximo dia 29. Surgirão interpelações de leitura que resguardamos por agora.
A administração da casa comum também não pode deixar de evocar a memória para que não caíamos nos mesmos erros. A título de ilustração apontamos dois exemplos para a identificação na Memória. O Prémio Nélson Mandela, criado em 2014 e pela primeira vez atribuído, e logo a um português (Jorge Sampaio). Também uma curiosidade com a mesma matriz temática (casa comum) o projeto Casa Comum, da Fundação Mário Soares, que disponibiliza na Internet, de modo simples e rápido, documentação histórica de diferentes países da CPLP, criando um espaço de diálogo e de memória das nossas Culturas e da História.
E não podemos deixar de evocar uma reportagem sensibilizante e altamente ilustrativa do que se pode fazer com tão pouco para o mesmo cuidado (tantas vezes mencionado pelo Papa). Pensando nas palavras de Francisco “A conversão ecológica, que se requer para criar um dinamismo de mudança duradoura, é também uma conversão comunitária. Esta conversão comporta várias atitudes que se conjugam para ativar um cuidado generoso e cheio de ternura. Em primeiro lugar, implica gratidão e gratuidade, ou seja, um reconhecimento do mundo como dom recebido do amor do Pai, que consequentemente provoca disposições gratuitas de renúncia e gestos generosos, mesmo que ninguém os veja nem agradeça” – pensamos claro no Dr João Almiro e na reportagem sobre o cuidado da sua casa: “A Casa das Andorinhas”. Uma reportagem que passou esta semana na TVI.
A casa comum tem muitas divisões. Isso não é um problema, é uma oportunidade no saber cuidar!