Emprego, sem futuro?

Acácio F. Catarino Sociólogo, Consultor Social

Acácio F. Catarino
Sociólogo, Consultor Social

O futuro do emprego e do trabalho humano em geral é uma questão fundamental nas sociedades atuais. De vez em quando ela vem ao de cima, embora não suscite grande visibilidade. Ainda recentemente, foi afirmada a tendência de longo prazo para que os rendimentos de uma elevada percentagem da população sejam provenientes de transferências públicas (vulgo subsídios); para isso concorrem decisivamente o aumento imparável da automação e outros fatores conexos – globalização, competitividade, inovação permanente… Mesmo que se registem elevadas taxas de crescimento económico, é muito provável que a produtividade cresça a ritmo superior; assim, pode aumentar o desemprego, mesmo com elevadas taxas de crescimento económico.
Há três dinamismos que são determinantes na configuração do futuro: o da inércia; o da contestação sistemática; e o da transformação a favor do bem comum, em cada pessoa. O dinamismo da inércia detém um poder imenso, interno e internacional, que parece invencível por ora; ele tende para o aumento do desemprego e das desigualdades sociais, devido ao aumento crescente da produtividade, do poder e da remuneração do capital . O dinamismo da contestação sistemática situa-se à margem da solução efetiva dos problemas do país, refugiando-se em slogans populares supostamente defensores de valores e princípios inalienáveis; não se sabe o que faria da democracia e do país se conseguisse a maioria absoluta no Parlamento. O dinamismo transformador caracteriza-se pela tentativa de otimização de todos os recursos e das capacidades humanas a favor do bem comum, sem exclusões; pode ser reformista, procurando as melhorias possíveis em cada momento, ou radical, visando, pela via democrática e dialogal, um sistema social e económico verdadeiramente humano. Este dinamismo poderá vir a prevalecer no futuro? E, através dele, haverá futuro para o emprego? (Continua)