A visita do bispo aos doentes é a Igreja que vai ao encontro dos seus filhos mais frágeis

D. António Moiteiro crismou sete jovens

Bispo de Aveiro partilhou sobre os principais momentos da visita pastoral, que inclui sempre a visita aos doentes, e crismou sete jovens. À Gafanha do Carmo pediu mais formação e comunhão.

D. António Moiteiro encerrou a visita pastoral à Gafanha do Carmo no domingo, 29 de janeiro, depois de uma “semana muito rica” em que acompanhou as pessoas, grupos e instituições e pôde notar “alguns desafios principais que Deus coloca à nossa frente para construir a Igreja” nesta terra do concelho de Ílhavo.
Na homilia, o Bispo de Aveiro explicou o porquê de algumas ações da visita pastoral, antes de apontar desafios à comunidade. Disse que visitou cerca de 25 doentes porque eles são “filhos da Igreja” e a Igreja, na sua pessoa, como mãe, tem de ir ao encontro dos filhos, se os filhos não podem ir ter com ela. Considerou ter sido “muito útil” o encontro com as diversas associações, do rancho à associação de pais, passando pela associação desportiva, porque “todos estão ao serviço do bem comum”. “O que se puder fazer para uns colaborarem com os outros é o caminho para uma sociedade mais justa e fraterna”, realçou. Referiu ainda que dedicou algum tempo ao centro social, saudando todos os utentes e visitando os acamados. No que diz respeito ao diálogo com a sociedade civil, salientou, por outro lado, o contacto com a Junta de Freguesia como “instituição que está ao serviço da mesma comunidade” [que a Igreja]. A construção da capela mortuária, estrutura da junta que será frequentemente usada para serviços religiosos (e não religiosos), é um exemplo de “colaboração e interajuda”. Referiu, por último, os encontros com as catequeses e os escuteiros, bem como com os paroquianos em geral na assembleia paroquial.
Quanto aos desafios, D. António Moiteiro insistiu na formação, como tem feito na visita às outras paróquias, e na comunhão. “Nunca estamos completos. Há sempre algo para aprender. Algo a desenvolver na relação com Deus. O discípulo procura crescer para atingir a meta do encontro com Cristo”, disse, salientando a formação de adultos em grupo. Pediu também para que a comunidade viva a comunhão participando mais na Eucaristia – a “Páscoa semanal” – e promovendo hábitos de oração – desafios o P.e Pedro José, pároco, sintetizou no final da Eucaristia.

Jovens fermento
Num dia em que cinco jovens da Gafanha do Carmo e dois da Gafanha da Encarnação receberam o sacramento do Crisma, D. António Moiteiro sublinhou que o sacramento significa que os jovens querem continuar a fazer parte da comunidade e convidou-os a serem fermento na construção comunitária. “Eu não sei fazer um bolo, digo desde já, mas sei que leva fermento”, disse-lhes, para os convidar a serem princípio ativo na Gafanha do Carmo.
No caminho de felicidade que é a proposta cristã, destacam-se as Bem-Aventuranças, proclamadas na leitura do Evangelho daquele domingo. São uma “série de sinais e atitudes” que cada um deve seguir no caminho que leva a Jesus, esclareceu o Bispo de Aveiro.

J.P.F.

 

Luísa Diamantino

Da Gafanha do Carmo, com amor

No final da celebração, abençoando os jovens crismados, D. António Moiteiro abençoou também Luísa Diamantino, que vai viver os meses de fevereiro e março em voluntariado no Quénia. A jovem, na casa dos 30 anos, não vai em nome de nenhuma instituição ou organização religiosa, mas conta com o apoio da paróquia, onde era catequista, e sente que assume a missão “também como catequista”, numa perspetiva de fé, como contou ao Correio do Vouga.
Luísa Diamantino, que era secretária administrativa de profissão, há muito queria ser voluntária num país africano. Quando viu uma reportagem sobre o projeto “From Kibera with Love” (“De Kibera com amor”), desenvolvido pela portuguesa Marta Baeta, entrou em contacto com a mentora e logo se juntou ao projeto, que vai no quarto ano. Agora, esperam-na cerca de sessenta crianças, numa escola na favela de Kibera, provavelmente a maior de África, nos arredores de Nairóbi, capital do Quénia. Luísa Diamantino vai dar apoio nas aulas de Francês e Inglês.

 

O gato atento

Na semana passada, escrevia o P.e Vitor Espadilha (Poço de Jacob, “A Basilinha”) que o bispo norte-americano Fulton Sheen aprendeu com um gato ou um cão que, por vezes, para rezar, interessava apenas “estar ali” diante do Senhor, como só os animais sabem estar, “gratuitamente”, em “presença silenciosa”. Ora no domingo, na Gafanha do Carmo, um gato (ou gata) passeou silenciosamente pela assembleia, sem perturbar quem quer que fosse. Recebeu uma ou outra festinha, mas sem causar grandes distrações. Talvez a assembleia estivesse habituada. Talvez o gato estivesse habituado. Certo é que passou a homilia sentado ao lado do repórter do Correio do Vouga.