Ação assistencial e estrutural

Acácio F. Catarino Sociólogo, Consultor Social

Acácio F. Catarino
Sociólogo, Consultor Social

Como foi recordado no último artigo, o Papa Bento XVI convidou-nos à articulação entre a ação assistencial e a estrutural (cf. Deus Caritas Est, nºs. 25-b), 29 e 31-b). O mesmo Papa voltou ao assunto, especialmente, na encíclica Caritas in Veritate, nºs. 2 e 7, e o Papa Francisco reforçou-o na Exortação Apostolicam Evangelii Gaudium, nºs. 201-202. Na verdade, a ação assistencial, sem a estrutural, menospreza as causas dos problemas; e a estrutural, sem a assistencial, menospreza as pessoas que os vivem.
A ação assistencial pode efetivar-se, nomeadamente, pelas três vias referidas no mesmo artigo: (a) O funcionamento de um grupo de ação social em cada paróquia; (b) A reflexão, em grupo, sobre o conjunto de casos e problemas sociais, visando as soluções de carácter geral e de fundo; (c) O cumprimento dos compromissos assumidos nas reuniões, até à obtenção de soluções adequadas.
A ação estrutural – nas diferentes estruturas sociais, económicas e políticas – também se pode concretizar em três vias complementares: (a) A ação coerente de cristãos leigos nas diferentes estruturas em que se encontrem, desde a família até às mais amplas e poderosas; (a) O diálogo, no interior de grupos, movimentos e instituições da Igreja, sobre os problemas sociopolíticos, em ordem às respetivas soluções; é indispensável que este diálogo se baseie no respeito do pluralismo; (b) A intervenção nos centros de decisão política, ou de outra natureza, mediante o diálogo, propostas, insistências, pressões, denúncia pública e outras iniciativas legítimas.
A primeira linha de ação acha-se assumida, em maior ou menor grau, pela maioria dos leigos, mas não acontece o mesmo com as outros: o diálogo plural é pouco frequente; e, não raro, os leigos apresentam a sua opção sociopolítica, pessoal ou de grupo, como se fosse a própria doutrina da Igreja (cf. nº. 43 da Gaudium et Spes).