Faleceu Gaspar Albino

Gaspar Albino
(1938-2017)

Faleceu no dia 16 de julho, em Coimbra, onde estava hospitalizado, o artista Gaspar Albino, quase a completar 79 anos, pois nasceu a 31 de agosto de 1938, na então freguesia da Glória. Era viúvo de Maria Claudette e pai de dois filhos. O seu funeral realiza-se hoje, às 12h, na Igreja de Santo António (junto ao parque municipal), seguindo o cortejo fúnebre para o Cemitério Sul.
Gaspar Albino fez o Curso Geral de Comércio, na Escola Industrial e Comercial de Aveiro, na década de 1950, e começou a trabalhar como contabilista em empresas do ramo das pescas, chegando a ter participações em várias empresas do setor. Na década de 1980, vendeu as participações e tornou-se empresário gráfico.
Durante toda a vida foi um apaixonado pelas artes, não só pelas artes visuais, mas também pela escrita, e pessoa de grande intervenção cívica. Foi vereador da Câmara Municipal de Aveiro, presidente-fundador do Lions Clube de Aveiro e do Lions Clube de Santa Joana Princesa, presidente dos Bombeiros Novos, sócio-fundador do AveiroArte (círculo de artistas) e da AMUSA (Associação dos Amigos do Museu de Aveiro), entre muitos outros cargos associativos.
Como artista plástico, cultivou várias modalidades, do desenho a carvão à pintura a óleo.

Colaborador
do Correio do Vouga
Durante vários anos, no início da década de 1960, Gaspar Albino assumiu a direção gráfica do “Correio do Vouga”, contribuindo para que o jornal fosse galardoado com um Primeiro Prémio Nacional em Grafismo, atribuído pelo SNI (Secretariado Nacional da Informação). Ao longo dos anos, foi colaborador e amigo deste jornal, assumindo crónicas periódicas na década de 1990 e, mais recentemente, o espaço “Bolores”, onde relatava as suas memórias do Aveiro antigo. O último dos “Bolores” foi publicado neste jornal no dia 31 de maio de 2017.

 

LEGADO ENORME
O seu amor a Aveiro é inconfundível e fica gravado de forma brilhante em textos e obras de arte. A sua dedicação à causa pública é notória e apaixonada e consta de tantos serviços de responsabilidade assumida. O seu envolvimento cristão pelo bem comum e pela liberdade de expressão, entre outros, leva-o a ser signatário da carta dirigida aos candidatos a deputados nas eleições de 1961, (ainda estudante universitário) logo a seguir à publicação da encíclica “Mater et Magistra”, de João XXIII, a tomar parte na “manifestação dos cristãos” na cidade em 13 de Julho de 1975 e em tantos outros acontecimentos da Igreja diocesana. O seu gosto/culto pela arte diversifica-se por várias modalidades e adquire o estatuto de referência e de “ponte” entre artistas aveirenses e, a partir de certa altura, com a Comissão Diocesana da Cultura. “O meu desejo será, confessa numa recente entrevista, agora que estou reformado, o de poder continuar a fazer o que mais gosto: escrever, desenhar e pintar de forma consequente. Gostaria que me recordassem como um pintor que entreabriu algumas portas, apesar de não ter tido tempo para as abrir como gostaria”. Belo propósito, que certamente deixa sementes a germinar. O seu legado é enorme.
P.e Georgino Rocha, da Comissão Diocesana de Cultura

REFERÊNCIA CULTURAL
Gaspar Albino foi uma referência cultural da nossa cidade. Artista plástico de excelência, exímio retratista, homem sempre pronto a colaborar, nunca negando o seu empenho a ninguém. A sua morte provocou uma profunda e alargada onda de pesar, já que Gaspar Albino era um aveirense que sempre defendeu a terra que o viu nascer. Há cerca de oito anos, tinha partido sua mulher, Claudette, companheira de sempre. Apesar de bastante doente soube resistir, lutando sempre até ao fim. Os quadros que pintou, os seus escritos, a generosidade, solidariedade e amizade ficam para sempre na memória coletiva de todos nós, os amigos, e de Aveiro. Que repouse em paz. AveiroArte – Círculo Experimental dos Artistas Plásticos de Aveiro, de que era presidente da assembleia geral e sócio fundador, associa-se à dor dos seus familiares e amigos.
Carlos Campos, secretário do AveiroArte