Ligados ao Caminho Neocatucumenal, Nuno, Ana Paula, Ana Beatriz e João Emanuel vão viver por tempo indeterminado numa região fortemente islamizada.
A família Seco, de Sangalhos, parte no final do mês de agosto para a cidade de Orange, no sul de França, numa missão de evangelização. “Partimos nesta missão porque sentimos o apelo do Senhor para a evangelização e mostramo-nos disponíveis perante a Igreja, que achou que estávamos preparados para ser sinal do amor de Deus na família”, adianta Nuno Seco ao Correio do Vouga.
A família, constituída por quatro pessoas, integra o movimento do Caminho Neocatecumenal, que realça o significado do batismo na vida do cristão. Nuno Seco tem 40 anos e é serralheiro. É casado com Ana Paula Oliveira, 38 anos, auxiliar educativa. O casal tem dois filhos, Ana Beatriz, 16 anos, e João Emanuel, 11 anos.
“Estamos ligados ao Caminho Neocatecumenal desde a nossa adolescência, há aproximadamente 25 anos. Após a profissão de fé, o P.e Miguel Tomás Ferreira [falecido em 2013] convidou os jovens a assistir às catequeses do Caminho como continuação de vida cristã. A partir daí fizemos o nosso percurso cristão nas comunidades neocatecomunais na paróquia de S. Vicente de Sangalhos. Conhecemo-nos, namorámos e casámos”, conta Nuno Seco.
A família foi enviada numa celebração presidida pelo Bispo de Aveiro, em Sangalhos, no dia 7 de julho, depois de há cerca cinco meses ter sido sorteada para fazer evangelização, na sequência da oferta voluntária. Nuno Seco relata o processo: “Fomos convidados a estar com outras famílias [necocatecumenais] de todo o mundo num convívio em Itália, em Porto San Giorgio. Estavam presentes os iniciadores do Caminho Neocatecumunal, os leigos Kiko Arguello e Carmen Hernéndez [falecida no dia 19 de julho de 2016] e o padre Mário. Durante três dias fomos sujeitos a escrutínios e ao sorteio das terras para onde foram pedidas estas missões pelos bispos locais. A nós, ao segundo dia, coube-nos em sorte a cidade de Orange. Depois viajámos para Roma e formos recebidos pelo Papa no dia 18 de março. O Papa Francisco, na audiência, fez o envio de 270 famílias para 52 locais espalhados por todo o mundo”.
Na França islâmica
Em França, a família Seco vai viver numa região descristianizada, onde o islamismo é predominante. Vai por tempo indeterminado, “sempre na nossa liberdade”, como refere Nuno Seco, mas não vai sozinha. Três casais italianos e um padre polaco integram o grupo que, com o seu testemunho, quer fazer renascer comunidades cristãs na cidade de cerca de 40 mil habitantes, perto de Avinhão.
Há semanas, com o seu filho, Nuno Seco foi a Orange para alugar casa, escolher escolas, ver possibilidades de trabalho. “Obviamente os nossos filhos estão de acordo com a missão. Cresceram com este espírito evangelizador, também incutido por nós na oração, em especial nas laudes de domingo, em família”, afirma.
A família parte com naturais receios, mas acima de tudo com confiança. “Vamos sem expetativas. Viveremos o dia a dia como o Senhor nos permitir. Obviamente temos receios que nos perseguem, em especial pelos nossos filhos e o seu bem estar, mas estamos convictos de que o Senhor nos precede e nos sustenta na fé. Renunciamos às nossas seguranças materiais. Ambos deixámos os nossos trabalhos, a casa, a família, os amigos. Vamos sem seguranças, apoiados na palavra de Deus e no seu Amor de Pai que ama os seus filhos”, afirma.
Nuno Seco afirma que se sente reconfortado com as palavras de envio na celebração presidida por D. António Moiteiro e concelebrada pelo pároco, P.e Manuel Melo: “O nosso bispo disse-nos: «Dai de graça o que de graça recebeste” e que não iremos sozinhos, mas com Diocese de Aveiro”.
Adianta ainda que a sua família não é a primeira a ser enviada em missão. Há dois anos o casal Nelson e Maria foi enviado para Angola e José António foi como itinerante para a Suíça, “há já cinco anos”. Todos são de Sangalhos.
J.P.F.