Férias

Querubim Silva Padre. Diretor

Querubim Silva
Padre. Diretor

 

A palavra encanta: férias! Desperta sonhos e desejos, devolve memórias e sensações, encontros e alegrias, crescimento e descontração, elevação cultural e crescimento espiritual… Carrega também tristezas e desilusões, carências e frustrações, dor e separação… Porque há quem as tenha e delas usufrua, há quem esbulhe oportunidades únicas e fique de mãos vazias, há quem não tenha nenhuma possibilidade de as gozar e há quem sofra as surpresas, muitas vezes dramáticas, que as circunstâncias nos trazem.
Tudo poderia ser bem diferente, se, como fermento, sal e luz, os cristãos assumissem a sua missão de viver e proclamar a alegria do Evangelho, lutando incansavelmente por uma justa distribuição dos bens, concedidos por Deus para benefício de todos.
Não resisto, uma vez mais, a fazer eco das palavras do papa Francisco aos fiéis reunidos na Praça de S. Pedro, no Angelus do passado dia 26, comentando o texto do evangelho do dia – a multiplicação dos pães, em João 6,1-15:
“Jesus não é apenas quem cura, ele também é mestre: ele sobe a montanha e senta-se, na atitude típica do professor quando ensina: na “cátedra” natural criada por seu Pai Celestial. Neste momento, Jesus, que sabe bem o que deve fazer, testa seus discípulos. O que fazer para alimentar todas estas pessoas? Filipe, um dos Doze, faz um cálculo rápido: organizando uma coleta, poder-se-á obter o máximo de duzentos denários para comprar pão, que, todavia, não seriam suficientes para alimentar cinco mil pessoas.
Os discípulos raciocinam em termos de “mercado”, mas Jesus substitui a lógica do comprar pela do dar. Em seguida, André, outro dos Apóstolos, irmão de Simão Pedro, apresenta um menino que coloca à disposição tudo o que tem: cinco pães e dois peixes; mas – diz André – não são nada para aquela multidão (cf. v. 9). Jesus esperava justamente isso: Ordena aos discípulos que acomodem as pessoas, depois toma aqueles pães e aqueles peixes, dá graças ao Pai e manda distribui-los (cf. 11 v.). Esses gestos antecipam os da Última Ceia, que dão ao pão de Jesus o seu significado verdadeiro. O pão de Deus é o próprio Jesus. Fazendo a comunhão com Ele, recebemos a sua vida em nós e tornamo-nos filhos do Pai Celeste e irmãos entre nós.
Fazendo a comunhão encontramo-nos com Jesus realmente vivo e ressuscitado! Participar da Eucaristia significa entrar na lógica de Jesus, a lógica da gratuidade, da partilha. E por mais que sejamos pobres, todos nós podemos dar algo. “Fazer Comunhão” significa também obter de Cristo a graça que nos torna capazes de partilhar com os outros o que somos e o que temos. (…) Quem de nós não tem seus “cinco pães e dois peixes”? Todos nós temos! Se estamos dispostos a coloca-los nas mãos do Senhor, bastará para que no mundo haja um pouco mais amor, de paz, de justiça e, sobretudo, de alegria.”
Quem de nós não tem, de verdade, um pouco de tempo, carinho, alguns bens, ouvidos para ouvir, senso para indicar um caminho?… Quem de nós não tem, de verdade, algo seu ou de si, que possa dar alívio e alento, dar pausa no sofrimento, a quem vive esmagado pela vida? Que boas férias seriam, para quem dá e quem recebe!