Nós, os leigos, temos voz! Escutem-nos!

FLAUSINO SILVA Empresário

FLAUSINO SILVA
Empresário

O Concílio Vaticano II e a Doutrina Conciliar publicada por Paulo VI são bem elucidativas sobre o papel dos Leigos na Igreja e no Mundo.

O Decreto “Apostolicam Actuositatem”, sobre o Apostolado dos Leigos refere, no Capítulo I, n.º2, expressamente:
“Existe na Igreja diversidade de funções, mas unidade de missão. Aos Apóstolos e seus sucessores, confiou Cristo a missão de ensinar, santificar e governar em seu nome e com o seu poder. Mas os leigos, dado que são participantes do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, têm um papel próprio a desempenhar na missão do inteiro Povo de Deus, na Igreja e no mundo (2). Exercem, com efeito, apostolado com a sua acção para evangelizar e santificar os homens e para impregnar e aperfeiçoar a ordem temporal com o espírito do Evangelho; deste modo, a sua actividade nesta ordem dá claro testemunho de Cristo e contribui para a salvação dos homens. E sendo próprio do estado dos leigos viver no meio do mundo e das ocupações seculares, eles são chamados por Deus para, cheios de fervor cristão, exercerem como fermento o seu apostolado no meio do mundo”.
E no n.º 3:
“…O dever e o direito ao apostolado advêm aos leigos da sua mesma união com Cristo cabeça. Com efeito, inseridos pelo Baptismo no Corpo místico de Cristo, e robustecidos pela Confirmação com a força do Espírito Santo, é pelo Senhor mesmo que são destinados ao apostolado. São consagrados em ordem a um sacerdócio real e um povo santo (cfr. 1 Ped. 2, 4-10) para que todas as suas actividades sejam oblações espirituais e por toda a terra dêem testemunho de Cristo. E os sacramentos, sobretudo a sagrada Eucaristia, comunicam e alimentam neles aquele amor que é a alma de todo o apostolado (3).”
Vem o título e estas citações a propósito do facto de, ainda hoje, ser cultura e prática em muitas das nossas paróquias, a redução dos leigos e dos movimentos que animam, a simples instrumentos da organização e acção pastoral, sem voz e sem vez, na orgânica de estruturas centralizadas e, muitas vezes, autocráticas.
Quando subimos ao plano da organização arciprestal o panorama não muda muito. Lembrando as jornadas de formação permanente para padres e diáconos, que decorreram na Casa Diocesana, em Albergaria-a-Velha, de 28 a 31 de janeiro de 2013, estiveram em reflexão três grandes assuntos, um dos quais, sobre a organização, coordenação e relação com as realidades territoriais, tendo os padres de Aveiro apontado as seguintes propostas “rumo ao futuro”: “dinamizar a realidade dos arciprestados como unidade de ação pastoral coordenada a nível territorial; … Apostar no arciprestado e envolver leigos.
Vemos, contudo, pelo menos no arciprestado a que pertenço e creio o mesmo se passará em outros, a inexistência de organização estruturada e activa, sem coordenação entre os párocos, enfraquecendo decisivamente esta unidade de acção pastoral que se pretende dinâmica.
No plano diocesano, a voz dos leigos far-se-ia ouvir, através dos Movimentos e Obras, entre outros mas, também por meio do Conselho Diocesano de Pastoral.
Independentemente deste órgão estar, ou não, activo, há uma situação que a Diocese está a viver e que diz respeito a todo o Povo de Deus, de que nós os leigos somos a maior porção, e que é escolha do novo Bispo.
Será bom para o futuro da Igreja Diocesana que os Leigos não tenham a mínima voz activa, que continuem a ser uma maioria silenciosa e silenciada, neste tão determinante processo de escolha do novo Bispo?
Nós queremos ter voz e vez e que o nosso futuro Pastor não saia apena das cogitações de meia dúzia de iluminados e da proposta de quem não terá resolvido bem as últimas escolhas.
Nós queremos voz e vez na Igreja a que pertencemos!