Papa enviou mensagem à família do jornalista norte-americano assassinado no Iraque

James Foley foi decapitado por extremistas islâmicos

James Foley foi decapitado por extremistas islâmicos

Texto foi lido em Missa de sufrágio por James Foley. “Rezemos pelo fim da violência sem sentido”, apelou o Papa.

 

O Papa Francisco enviou uma nova mensagem à família de James Foley, jornalista executado por jihadistas do Estado Islâmico (EI) no Iraque, pedindo o fim da violência “sem sentido”.

“Rezemos pelo fim da violência sem sentido e por uma aurora de paz e reconciliação entre todos os membros da família humana”, refere o texto, lido este domingo na Missa em sufrágio por Foley, celebrada na localidade norte-americana de New Hampshire.
A mensagem, divulgada pela Rádio Vaticano, manifesta a oração e proximidade espiritual do Papa aos familiares, amigos e colegas do falecido jornalista.
A Missa foi presidida pelo bispo da Diocese de Manchester, D. Peter Libasci, que rezou pelo jornalista Steven Sotloff e pelos outros reféns que estão nas mãos dos jihadistas.
Segundo o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, padre Frederico Lombardi, Francisco telefonou na quinta-feira aos pais de James Foley para lhes manifestar a sua “consternação e proximidade”.
O jornalista de 40 anos, que terá sido decapitado pelos militantes do Estado Islâmico na última terça-feira, estava dado como desaparecido desde 22 de novembro de 2012, quando estava a fazer a cobertura do conflito na Síria.
A Rádio Vaticano realça a ligação de James Foley à religião católica, com estudos feitos na universidade jesuíta do Estado de Wisconsin, com quem continuava a partilhar informações sobre as zonas de guerra para onde ia trabalhar, das missões humanitárias em que participava e a quem “pedia para ser acompanhado pela oração”.
Através das redes sociais, com “autorização do Vaticano”, o padre jesuíta James Martin adiantou que os pais do jornalista ficaram “comovidos e agradecidos” pelo telefonema do Papa argentino.
Para ontem, 26 de agosto, estava prevista na Universidade dos Jesuítas no Wisconsin uma cerimónia religiosa em memória de James Foley.

 

“Rezo para que se mantenham fortes e crentes”
No domingo à noite, a família de James Foley divulgou uma carta que ele ditou a outro refém quando estava cativo. “Rezo para que se mantenham fortes e crentes. Quando rezo, nesta escuridão, sinto que estou perto de vocês”, ditou Foley.
A carta lembra momentos de infância, tem memórias de Foley com os irmãos e a irmã, pede à avó para se lembrar de tomar os medicamentos e descreve a sua vida no cativeiro. Os raptores do EI não autorizaram que fosse ele a escrever a carta à família, por isso um outro refém decorou-a pouco antes de ser libertado e fê-la chegar aos destinatários.
“Quando sonho com a minha família e com os meus amigos liberto-me deste lugar e o meu coração enche-se de felicidade”, lê-se na missiva, que também descreve a vida em cativeiro. “Temo-nos uns aos outros e temos conversas intermináveis sobre filmes, desportos, trivialidades. Jogamos jogos que construímos com coisas que encontrámos na nossa cela… encontrámos uma forma de jogarmos xadrez, damas e Risk… e fazemos campeonatos, passando alguns dias a traçar estratégias para os jogos dos dia seguinte ou em leituras”. “Os jogos ajudam-nos a passar o tempo. Têm sido grandes ajudas. Repetimos histórias e rimo-nos para aliviar a tensão”.
A carta foi publicada na página “Find James Foley” [“Encontrem James Foley”] do Facebook, originalmente criada pela família para ser um alerta sobre o desaparecimento do jornalista e entretanto transformada num tributo à sua memória.