“Taizé mostra aos jovens que se pode viver a fé com alegria”

D. António Moiteiro esteve em Taizé, França, com mais cerca de quatrocentos jovens de Aveiro. Nesta breve entrevista por correio eletrónico, o Bispo de Aveiro considera que “é prioritário” enviar mais padres para atender os jovens na comunidade ecuménica, na semana de carnaval, e que as paróquias devem oferecer mais espaços de reflexão juvenil.

 

CORREIO DO VOUGA – Foi a primeira vez que D. António Moiteiro esteve em Taizé?
D. ANTÓNIO MOITEIRO – Não, esta foi a quarta vez que estive em Taizé. Tinha estado com um grupo de jovens e com os seminaristas do Seminário Maior da Guarda, quando era diretor espiritual do Seminário da Guarda, e mais duas vezes com alguns amigos. Esta estadia em Taizé teve outro sabor porque ia encontrar-me com um grupo numeroso de jovens da nossa Diocese de Aveiro.
Da vivência destes quatro dias, o que realça?
O número muito grande de portugueses que estavam presentes. Lembro que de Aveiro éramos cerca de 430 pessoas; de Santarém e Viseu, 600 de cada diocese; e vários outros jovens e colégios do Porto, Coimbra, Fátima e Lisboa. No contacto com os jovens, nota-se a experiência religiosa que eles fazem da presença de Deus nas suas vidas e a experiência de que se pode viver a fé com alegria.
O que traz um jovem de Taizé? Em que é que a comunidade ecuménica o ajuda?
A primeira experiência de Taizé é o encontro com Deus que se experimenta ao longo da semana. Tudo está organizado para os jovens fazerem essa experiência de Deus através dos vários momentos de oração distribuídos ao longo do dia, da meditação da Palavra de Deus de manhã e de tarde, as reuniões de partilha e estudo de algumas passagens da Sagrada Escritura e também do clima juvenil que se constrói nesses dias. Taizé é como que um laboratório onde se torna possível um mundo novo.
Taizé tem muita popularidade entre os jovens de Aveiro, se tivermos em conta que todos os anos centenas de jovens da sua diocese de dirigem a Taizé, mas não representará também um desafio à Igreja católica, para mais sendo uma comunidade ecuménica?
O primeiro desafio que senti é a obrigação de a nossa diocese estar mais presente nesses dias em Taizé. Depois da oração da noite havia sempre um momento de reconciliação individual e notava-se que éramos poucos sacerdotes para atendermos tantos jovens. Esta tem de ser uma atividade que deve ser mais assumida pelas dioceses que enviam a Taizé um número tão grande de jovens na semana do carnaval. Sei que temos o início da Quaresma e os trabalhos nas paróquias, mas o atendimento aos jovens nesta semana é prioritário. Há que fazer opções pastorais.
O outro desafio é a necessidade de oferecermos nas nossas paróquias espaços de reflexão para jovens e deixarmos que eles ocupem o lugar que lhes pertence nas nossas comunidades cristãs.
Como vê as atividades crescentes sob o “chapéu de Taizé” na nossa diocese, principalmente momentos de oração?
A ida a Taizé tem sentido se houver depois alguma continuidade na oração, na reflexão da Palavra de Deus e no fazermos juntos a experiência de construirmos comunhão. As orações ao estilo de Taizé que se multiplicam na diocese podem ser um momento importante na nossa pastoral juvenil e do compromisso dos jovens nas nossas paróquias.