A paróquia deve estar mais atenta à pessoa em todas as suas dimensões do que aos serviços”

No final, cantaram-se os parabéns e partilhou-se o bolo dos 25 anos de padre

Apresentação do livro “A paróquia tem futuro?”, do P.e Francisco Melo, em Oliveira do Bairro.
A sessão foi também de comemoração dos seus 25 anos de ordenação presbiteral.

 

Havia lugares para cem pessoas, mas apareceram cerca de quatrocentas para o lançamento do livro do P.e Francisco Melo, “A paróquia tem futuro?” (ed. Tempo Novo). O lançamento estava previsto para o hall do Quartel das Artes, em Oliveira do Bairro, na noite de 22 de fevereiro, mas teve de ser mudado para o auditório principal, por decisão de Duarte Novo, presidente da Câmara Municipal, e graças às diligências do programador cultural Tiago Matias.
O P.e Francisco Melo falou do seu livro respondendo às perguntas do jornalista Jorge Pires Ferreira e salientou que o que está no cerne da sua obra não é tanto a questão da paróquia enquanto estrutura, mas o modo de a Igreja se relacionar com o mundo. Realçou, nesta linha, em ligação com os últimos papas, que a missão da Igreja “é o ser humano”. E por esta mesma razão, a organização paroquial deve estar mais preocupada com a atenção à pessoa em todas as suas dimensões do que com a manutenção de serviços. Assim, um concelho paroquial não deve ter como elementos os representantes dos serviços paroquiais (as catequeses, a liturgia, as comissões…), mas sim os representantes dos vários âmbitos da vida humana (a educação, o trabalho, os tempos livres…).
Pároco de Oliveira do Bairro e da Palhaça (e vigário em Mamarrosa e Bustos), depois de dois anos de estudos pastorais em Roma, de que resultou o livro (antes, recuando no tempo, trabalhou nas paróquias das Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo; em Vale Maior e Ribeira de Fráguas; e em Ílhavo), Francisco Melo confessou-se um acérrimo defensor das paróquias, quando se fala cada vez mais, por haver menos padres, de unidades pastorais. Apesar da fácil mobilidade e do tempo cada vez mais espartilhado, a paróquia em “comunhão orgânica” e “organização sinodal” (ou seja, colaborativa), correspondendo a determinada comunidade humana, tem todas as potencialidades para continuar a missão da Igreja, que é a de levar Jesus às pessoas.
Saindo do livro, o P.e Francisco Melo foi convidado a partilhar sobre os seus tempos em Roma, “cidade com muitos pecadores e muita gente santa”, “com mais de oitocentas igrejas belíssimas”. No Colégio Português, conviveu com padres de muitas proveniências, incluindo da Coreia do Sul – o que dá outra visão da igreja universal. Aos fins de semana, principalmente no primeiro ano, fez voluntariado na Comunidade Santo Egídio. Serviu refeições a migrantes.
Ainda antes da entrevista-apresentação, o P.e Manuel Joaquim Rocha (vigário geral da Diocese de Aveiro) leu uma mensagem do Bispo de Aveiro, que estava em retiro espiritual com os outros bispos portugueses mas quis associar-se ao evento e sugeriu aos presentes o compromisso de ler e meditar o livro, e o P.e João Alves, pároco da Vera Cruz, apresentou as linhas principais da obra.
À sessão no auditório, que teve como apresentador o P.e Pedro José, seguiu-se no espaço do bar o cantar de parabéns e a partilha do bolo dos 25 anos de ordenação presbiteral do P.e Francisco Melo, completados no dia 10 de janeiro de 2018.