A polpa do medronho pode ser incorporada em vários alimentos comuns. O fruto ajuda a combater o colesterol.
Uma equipa de investigação do Departamento de Química (DQ) da Universidade de Aveiro (UA) aceitou o repto lançado pela Cooperativa Portuguesa de Medronho para estudar as potencialidades do consumo de medronho fresco ou incluído em outros alimentos, para que entre na roda dos alimentos dos portugueses. O fruto atualmente é aproveitado exclusivamente para a produção de aguardentes e licores.
Os investigadores da universidade aveirense descobriram diversas propriedades no medronho. Este fruto ajuda a evitar os radicais livres responsáveis por doenças como o cancro, controla os níveis de colesterol e melhora a saúde da pele e dos ossos.
Há cerca de um ano, a UA foi desafiada a estudar o desenvolvimento de produtos naturais, saudáveis, de produção local e práticos, em conformidade com as atuais tendências do mercado alimentar e que contenha medronho, um fruto que abunda em todo o país. A ideia era levar a que os milhares de toneladas de medronho produzidos anualmente em Portugal tenham outros destinos para além das destilarias, dando ao fruto uma imagem de marca de alimentação saudável.
O trabalho desenvolvido em colaboração entre as unidades de investigação Química Orgânica, Produtos Naturais e Agroalimentares (QOPNA) do DQ e o Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) da UA, já resultou na incorporação da polpa do medronho em vários alimentos comuns, como biscoitos, iogurtes, barras energéticas e bombons.
A caracterização química detalhada do medronho realizada pelos investigadores da UA destaca a presença de ácidos gordos insaturados, nomeadamente ómega 3 e 6, fitoesteróis e triterpenóides, compostos com importante atividade biológica.
Uma das dificuldades que o fruto apresenta prende-se com conotação popular negativa, sendi difícil encontrar medronhos frescos nos mercados. O medronho “é muito perecível e, quando colhido maduro da planta, apresenta um teor alcoólico que tem uma conotação negativa junto da população”, realça a investigadora Sílvia Rocha. Por isso, os investigadores da UA já definiram as condições para recolha e armazenamento do fruto no sentido de incrementar respetivo consumo ao natural.
“Agora é preciso arranjar parceiros e financiamento. São esses são os dois elementos chave que estamos a procurar neste momento para se avançar com a introdução do medronho na indústria alimentar”, saliente a investigadora.