25% dos jovens abandonam escola antes de concluir ensino secundário

Escolas católicas desafiadas a contrariar percentagem, rejeitando projetos “elitistas” e “comerciais”.

 
O secretário-geral do Comité Europeu do Ensino Católico, Guy Selderslagh, afirmou que as escolas católicas têm de contrariar o abandono escolar, que em Portugal chega aos 25%, estando abertas “às crianças mais pobres”. “Há 25% de crianças, em Portugal, que abandonam a escola antes de terminar a escolaridade obrigatória. 25% é uma percentagem relevante”, referiu o secretário-geral do Comité Europeu do Ensino Católico, que realizou no Porto a sua assembleia, no dia 7 de março.
Guy Selderslagh disse á Agência Ecclesia que as escolas católicas têm de “fazer face” a esta realidade e procurar respostas a partir dos seus “valores” fundantes, que “visam estar abertos às crianças mais pobres”.
A assembleia do Comité Europeu do Ensino Católico reuniu representantes de 26 países da Europa que têm escolas católicas para analisar o tema do diálogo intercultural em ambiente escolar e para procurar formas de sustentabilidade “sem as transformar em escolas comerciais, elitistas, mas permanecendo escolas fortes na sua identidade, nos seus valores e aberta também aos mais pobres”, adiantou o secretário-geral do Comité.
Para Joaquim Azevedo, convidado a analisar o tema na assembleia, a escola católica tem de ajudar a contrariar a “secura antropológica” que marca a educação que, no aspeto familiar, escolar e social “anda à deriva”.
“A escola católica pode ter um papel não propriamente miraculoso, mas de ajudar o conjunto das escolas a pensar qual é o seu coração, o que é que bate lá dentro e o que elas querem fazer do ponto de vista da formação humana das crianças e dos jovens”, afirmou
Joaquim Azevedo sustenta que a Igreja “deve ter uma palavra” em relação ao abandono escolar, uma vez que muitas escolas católicas “foram fundadas num carisma de atendimento aos mais pobres” e “deslizaram para um certo modelo elitista”.
“Uma vez que muitas das escolas têm muita qualidade, começaram a ser procuradas por uma população com mais poder económico e isso fê-las evoluir para modelos de escolas bastante elitistas e seletivas. E tudo isto tem de ser repensado, na perspetiva da própria atuação da Igreja”, afirmou o professor universitário.

 

Qualidade sem elitismo
Para D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto, a escola católica “não pode ser uma marca de elitismo”, mesmo tendo de trabalhar “a qualidade e a excelência com muito rigor”.
“Este olhar para os mais pobres, para os mais desfavorecidos e para aqueles que têm um caminho e um percurso de aprendizagem mais difícil é também importante e é também uma missão da escola católica”, disse D. António Francisco dos Santos, membro da Comissão Episcopal que coordena o setor da educação na Conferência Episcopal Portuguesa.
O Comité Europeu do Ensino Católico representa 34638 escolas católicas na Europa, onde estudam mais de oito milhões de alunos; em Portugal há 158, tendo fechado 13 em 2014, o que leva os responsáveis da Igreja em Portugal a “refletir e aprofundar” o trabalho que realizam “no campo da escola católica”, afirmou D. António Francisco dos Santos.

Ag. Ecclesia