Imóvel datado de 1616 vai ser completamente remodelado

Data visível na fachada da Rua Direita

Data visível na fachada da Rua Direita

Imóvel secular receberá mais um piso, dando origem a 29 apartamentos e quatro espaços comerciais.

Um imóvel datado de 1616, situado na esquina da Rua Combatentes da Grande Guerra (Rua Direita) com e Rua Luís Cipriano, junto aos Paços do Concelho de Aveiro e inserido na “zona de proteção” (ZP) da Igreja da Misericórdia, classificada como Imóvel de Interesse Público, juntamente com o edifício anexo e os imóveis situados nas traseiras e com frente para a Rua Batalhão de Caçadores 10 (Fórum), irá ser totalmente remodelado, de acordo com um projeto, já aprovado pela Câmara Municipal de Aveiro (CMA), que prevê a construção de mais um piso e o surgimento de 29 apartamentos (T1 e T0) e quatro espaços comerciais.
Depois das fortes críticas ao projeto, formuladas por membros do Partido Socialista, com destaque para Filipe Neto Brandão e Eduardo Feio, em que o primeiro realçava que “em qualquer outra cidade europeia o responsável máximo da autarquia estaria completamente empenhado na preservação de um imóvel que para o ano irá completar 400 anos”, e o segundo alertava para os impactos do projeto devido à “sua arquitetura, densidade, impacto volumétrico, aumento da cércea e adulteração das caraterísticas das fachadas”, a autarquia aveirense emitiu um esclarecimento, em que afirma que a proposta de investimento em causa “foi e vai continuar a ser devidamente acompanhada pela CMA e pela Direção Regional de Cultura do Centro (IGESPAR), garantindo a salvaguarda e a preservação dos valores culturais e a adequação do projeto às condicionantes legais e patrimoniais, numa lógica de valorização da cidade e do município de Aveiro”.

 

Frente para a Rua Direita

Frente para a Rua Direita

 

ADERAV alerta para a importância do imóvel
A Associação de Defesa e Estudo do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro (ADERAV) tornou público, no dia 13 de agosto, um comunicado que começa por fazer o enquadramento histórico e patrimonial daquele edifício datado de 1616, data que poderá ser já de uma remodelação, informando que já reuniu com o vereador do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Aveiro.
A ADERAV considera que “este edifício, além da data inscrita, possui caraterísticas arquitetónicas e construtivas muito interessantes, peculiares e reveladoras de uma época e modo de construir na região. Alguns dos muros antigos e que estão ‘visíveis’ apresentam ainda na sua constituição muitos elementos pétreos, entre eles algumas ‘pedras de lastro’ de natureza vulcânica, utilizadas como lastro nas embarcações da época da expansão marítima, assim como muitos fragmentos de cerâmica datáveis também dessa época, de onde se destaca a cerâmica do açúcar”.
“Atendendo à importância que o estudo desta parcela terá para a história de Aveiro”, a ADERAV gostaria de saber, “que tipo de condicionantes foram emanadas ao projeto, pela CMA e ou pela necessária consulta a entidades externas como a DRCC/DGPC, nomeadamente no que respeita aos estudos arqueológicos e patrimoniais e se foi equacionada a integração no projeto de arquitetura algum elemento que se venha a identificar durante a intervenção e que tenha significativa valia histórica ou construtiva”.
Pelo facto de este imóvel se localizar bem próximo das antigas muralhas de Aveiro e das Portas da Ribeira, na zona mais nobre da então vila de Aveiro, algumas pessoas ligadas à defesa do património alertam para a necessidade da demolição do interior dos imóveis em causa ser acompanhada por arqueólogos e historiadores. Após a demolição, todo o subsolo deverá ser alvo de rigorosa pesquisa arqueológica.

 

Frente para o Fórum

Frente para o Fórum