A Visita ad Limina dos bispos portugueses

A última Visita ad Limina dos bispos portugueses foi em novembro de 2007, com Bento XVI.  D. António Marcelino, bispo emérito, acompanhou D. António Francisco, então bispo de Aveiro

A última Visita ad Limina dos bispos portugueses foi em novembro de 2007, com Bento XVI.
D. António Marcelino, bispo emérito, acompanhou D. António Francisco, então bispo de Aveiro

Na próxima semana, mais concretamente entre os dias 3 e 12 de setembro, terá lugar a Visita ad Limina dos bispos portugueses. A sua origem remonta ao século IV e está prescrita pelo Código de Direito Canónico (cânones 399-400): «Cada cinco anos, o bispo diocesano deve apresentar ao Santo Padre uma relação sobre a situação da sua diocese» e «venerar os sepulcros dos Apóstolos Pedro e Paulo».
A fundamentação desta Visita encontramo-la no primeiro e no segundo capítulos da carta de S. Paulo aos Gálatas, onde S. Paulo afirma: «Passados três anos [após a sua conversão], subi a Jerusalém para conhecer Pedro, e fiquei com ele durante quinze dias» (1,18) e «pus à apreciação dos apóstolos o Evangelho que prego entre os gentios, não esteja eu a correr ou tenha corrido em vão» (2,2).
Esta Visita é simultaneamente uma manifestação de comunhão entre os bispos de um país e o bispo de Roma, na qual se manifesta a confissão da fé apostólica, a celebração dos mesmos sacramentos, a experiência da oração pública da Igreja, e a prática da lei do amor como normativa dos discípulos de Jesus. Vale a pena referir o que em 2009, na Visita ad Limina dos bispos argentinos o que o atual Papa referiu na saudação a Bento XVI: «Obrigado por nos receber, escutar as nossas inquietações e problemas, partilhar os nossos projetos pastorais e, sobretudo, obrigado por nos confirmar na fé e no serviço pastoral. Queremos encontrar nesta Visita o alento necessário para que as nossas dioceses sejam casa e escola de comunhão, e promover comunhão entre nós, os bispos, e com os fiéis das nossas dioceses, e nos ajude a crescer no sentido de pertença à Igreja universal”.
A sua preparação pressupõe a elaboração de um Relatório no qual intervêm, para além do bispo diocesano, os vários serviços da pastoral geral e específica. Este Relatório foi elaborado entre novembro transato e abril do ano em curso, segundo critérios emanados dos serviços da Cúria Romana.
Dele consta a identificação do bispo diocesano, a condição religiosa e moral da própria Diocese, a confrontação de dados estatísticos entre a última e a atual Visita, o número de agentes de pastoral e a sua formação, concretamente os dados relativos ao presbitério diocesano, o número de católicos e de outras confissões religiosas, as estruturas e organismos promotores de comunhão na Diocese, entre outros dados de relevância para o conhecimento da Diocese na sua globalidade. Uma particularidade destes Relatórios é que engrandecem e fazem dos arquivos do Vaticano uma fonte de riqueza documental das mais importantes do mundo.
Na continuidade da importância que o Concílio Vaticano II deu à ‘Igreja particular’, esta Visita ad Limina reforça e fortalece o papel das dioceses na comunhão eclesial. Na manhã do dia 7, o encontro com o Papa Francisco é, sem dúvida, o momento mais significativo. Durante toda a manhã, Sua Santidade reunir-se-á com os bispos portugueses, em dois grupos. O primeiro grupo é constituído pelos bispos das províncias eclesiásticas de Lisboa e de Évora, e o segundo pelos bispos da província eclesiástica de Braga, à qual pertence a nossa diocese de Aveiro. Nos dias seguintes seguem-se os encontros com os diferentes organismos da Cúria Romana.
Esta é a minha primeira Visita ad Limina. Levo comigo as intenções e preocupações que estão no coração de todos os diocesanos. Junto dos túmulos dos apóstolos, terei presente a necessidade da revitalização da fé nas nossas comunidades cristãs e nos nossos movimentos apostólicos, uma vez que o discípulo de Jesus Cristo deve ser agente da misericórdia de Deus para com todos, com mais intensidade para com os pobres e os pecadores, tal como aparece no nosso Plano Pastoral.
A todos convido a fazer eco desta Visita nas vossas orações.
À Virgem Maria, Mãe da Misericórdia, e a Santa Joana Princesa, nossa padroeira, encomendo todas as intenções da nossa diocese de Aveiro; que cada pessoa encontre alegria para redescobrir e tornar fecunda a misericórdia de Deus, e que esta Visita ad Limina seja estímulo para todos e cada um de nós construirmos uma Igreja diocesana que seja casa e escola de comunhão.

Aveiro, 1 de setembro de 2015
António Manuel Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro