Foram difundidos recentemente novos dados estatísticos sobre a pobreza; como se esperava, verificou-se um agravamento significativo; e, também como era previsível, as forças político-sociais e mediáticas utilizaram esses dados para o reforço de suas lutas e posicionamentos; não esboçaram hipóteses de diálogo plural nem de procura efetiva de soluções.
Em contraste com isto, o Papa Bento XV recordou, em 2005, duas linhas de rumo complementares, fundamentais e simples neste domínio: a recuperação do ideal das primeiras comunidades cristãs; e a intervenção sociopolítica nas diferentes estruturas, dentro delas e a partir de fora. Recordou, em especial, que «(…) existe (…) uma exigência de que, na própria Igreja enquanto família, nenhum membro sofra por passar necessidade» (Deus Caritas Est – DCE, nº. 25-b). Esta exigência, embora centrada na família eclesial, abrange todas as outras pessoas, na «universalidade do amor» (ibidem).
Hoje em dia, a primeira linha de rumo poderia concretizar-se em três conjuntos de atividades relativamente simples: (a) O funcionamento de um grupo de acção social em cada paróquia, integrando representantes de cada uma das suas zonas. Cada membro do grupo agiria, no seu meio, como o «bom samaritano» (DCE, ibidem, e Lc. 10, 33-37), isto é: aproximar-se-ia de cada pessoa ou família necessitada, prestando as ajudas possíveis; faria mediação junto de outras entidades; e acompanharia essa pessoa ou família até à normalização da sua vida; (b) A quantificação sumária das pessoas e famílias necessitadas, a reflexão, em grupo, a partir desses dados, bem como a assunção de compromissos para as soluções de carácter geral e de fundo; (c) O cumprimento desses compromissos, a avaliação periódica da acção realizada e eventuais alterações, até à obtenção de soluções adequadas.
A segunda linha de rumo – intervenção sociopolítica – será abordada no próximo artigo.