Ministros anunciam 22,3 milhões de euros para o Dique do Baixo Vouga

Assunção Cristas sublinha que o conjunto de obras estava no topo das suas prioridades

Assunção Cristas sublinha que o conjunto de obras estava no topo das suas prioridades

 

Obras destinam-se a proteger 3.000 hectares de terrenos agrícolas de 2.800 proprietários.

 

Na passada segunda-feira, os ministros do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, e da Agricultura, Assunção Cristas, e o presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), Ribau Esteves, acompanhados por autarcas e técnicos, visitaram as obras do Baixo Vouga Lagunar, em Cacia, onde anunciaram um investimento de 22,3 milhões de euros para prosseguir com as obras iniciadas há duas décadas.
O autarca aveirense e presidente da CIRA explicou as obras que decorrem junto ao Rio Novo do Príncipe, nomeadamente a ponte dique que está a ser construída junto ao lado do que resta da antiga ponte de madeira que existia em Vilarinho, a que se junta um conjunto de obras em torno do Rio Velho e dos esteiros de Canelas e de Salreu, visam gerir a drenagem da água doce que chega à laguna trazida pelos diversos rios que aí desaguam, com destaque para o Rio Vouga e, em simultâneo, evitar a entrada de águas salgadas da ria naquela área agrícola.
“Há 20 anos que trabalhamos todos, autarcas e governantes, para que este objetivo se cumpra”, afirmou Ribau Esteves, que garantiu que “hoje ficam criadas todas as condições para passarmos à execução de todas estas operações, algumas delas que, relembro, já tiveram adjudicações no passado”, salientando que para a CIRA este “é um projeto chave que marca uma importância estratégica que a região, no seu conjunto, dá independentemente do impacto físico das obras ser sobre dois municípios, com uma incidência direta em mais três, mas com uma importância capital a vários níveis, nomeadamente em termos socioeconómicos em toda a região de Aveiro”.

 

Dique preserva 3.000 hectares e 2.800 explorações
Assunção Cristas realçou que “hoje é um dia muito importante para a região de Aveiro, hoje é um dia muito importante também para a Agricultura e para o Ambiente”, porque o projeto do Baixo Vouga Lagunar “casa, na perfeição, aquilo que são as necessidades da agricultura e aquilo que são as valências e as vantagens para o ambiente”.
A ministra da Agricultura recordou que desde 2012, quando efetuou a sua primeira visita ao Baixo Vouga Lagunar, este conjunto de obras estava no “topo das nossas prioridades”. Por isso, mostrou-se satisfeita por se ter chegado a um consenso entre todas as entidades envolvidas, “para conseguirmos ter uma boa repartição daquilo que a obra tem de ser feita em todas estas estruturas, repartição de acordo com as elegibilidades dos vários fundos comunitários”, revelando que a parte da agricultura do Plano de Desenvolvimento Rural 2020 vai “comparticipar com cerca de 15 milhões de euros para fechar o dique e também para a rede de drenagem que será necessária, para além dos estudos que ainda é preciso ultimar para se poder concluir esta obra”, mostrando-se convicta de que a demora na preparação do projeto será compensada na rapidez com que a obra será executada.
A obra irá permitir, no dizer de Assunção Cristas, prosseguir com a agricultura que já se fazia na região, mas que “com a garantia de a água salgada não lhes irá invadir os terrenos, os agricultores poderão fazer outros investimentos, terão outros ensejos de também eles recorrerem às verbas do PDR 2020, de modo a poderem reconverter, em alguns casos, a sua agricultura”, dizendo ainda que “vimos a produção animal, sabemos do milho, mas também sabemos da componente da horticultura que pode passar a ter uma importância ainda maior nesta região. Estamos a falar de 3.000 hectares que ficam salvaguardos da água salgada, estamos a falar de 2.800 proprietários agrícolas, cerca de 2.000 explorações, o que significa que é muita gente que vai poder passar a olhar para este seu território com potencialidades completamente distintas e com um ensejo totalmente renovado para fazerem investimentos e para continuarem a produzir”.

Cardoso Ferreira

 

 

Ria de Aveiro é um dos 22 sítios de risco com as alterações climáticas

Jorge Moreira da Silva realçou o entendimento entre o Ambiente, a Agricultura, o Desenvolvimento Regional e as autarquias, lideradas pela CIRA, para encontrar uma resposta estrutural para o Baixo Vouga Lagunar, considerando que foi a falta de cooperação entre essas áreas que motivou a demora na concretização do projeto que agora avança no terreno.
Para o ministro do Ambiente, a Ria de Aveiro e esta zona do Rio Vouga têm grande relevância nacional, destacando que estes dois sítios são considerados ímpares à escala nacional no que se refere à conservação da natureza, tanto em termos de fauna como de flora, facto que, não podia impedir a resolução de um problema agrícola. Por isso, este projeto resolve “um problema de produção agrícola e cria melhores condições para a conservação da natureza, porque a salinização produzia um prejuízo para a preservação das espécies na Ria de Aveiro e também no Rio Vouga”.
Jorge Moreira da Silva revelou que o apoio financeiro do Ambiente, na ordem dos quatro milhões de euros, para este projeto centraliza-se na gestão de riscos, designadamente motivados pelas alterações climáticas, tanto mais que “a Ria de Aveiro está identificada como uma das 22 áreas de maior risco no que diz respeito às alterações climáticas sobre os recursos hídricos”.