Pre-publicação: Sínodo de Aveiro: Orgânica e Itinerário

P.e Georgino Rocha apresenta no dia 2 de dezembro, no Centro Universitário Fé e Cultura, pelas 21h00, o seu novo livro “Igreja Sinodal. A alegria da missão na sociedade secularizada”, publicado pela editora Tempo Novo, da Diocese de Aveiro.
A sessão será presidida pelo Bispo de Aveiro e contará com testemunhos de Júlio Pedrosa (então Reitor da Universidade de Aveiro) e Cláudia Ventura (líder da JOC – Juventude Operária Católica) sobre a participação no Sínodo de Aveiro (1990-1995).
Apresentamos nesta página, em pré-publicação, o início do capítulo sétimo de “Igreja Sinodal”.

 

 

 

Alcance do Sínodo na Igreja diocesana: uma experiência feliz
O II Sínodo da diocese de Aveiro é solenemente proclamado por D. António Marcelino a 1 de janeiro de 1990 como acontecimento eclesial da maior importância e projeto pastoral de grande interesse, tendo-se iniciado imediatamente os trabalhos de preparação.
A fase conclusiva acontece nos meses de maio e de junho de 1995, em sessões a realizar a 1 e 4, respetivamente. É uma fase de aprovação oficial das disposições sinodais e de entrega solene a toda a Igreja diocesana para que robusteça continuamente a fé dos seus membros e das suas comunidades, instituições e movimentos, e esteja mais presente e ativa no mundo atual, sobretudo nos centros de maior influência e irradiação.

 

1. Fases e núcleos do Itinerário
Ao longo da sua realização, há um itinerário cheio de interesse pastoral percorrido por numerosa porção do Povo de Deus, organizado em grupos e assembleias e animado por muitos leigos e religiosos e pela maioria do presbitério e do corpo diaconal. É esse itinerário, sobretudo aquilo que tem de mais caraterístico nas suas fases e núcleos principais, que se apresenta a seguir.

 

1.1. Nascer e amadurecer da ideia
O Sínodo diocesano surge como proposta no esboço do projeto do Plano Pastoral de 1987-1988, visando dar sequência normal ao Congresso dos Leigos. Todavia, esta proposta é retirada do texto para evitar a previsível sobrecarga de iniciativas num ano apostólico intenso e dar tempo ao aprofundamento das razões que justificam tal realização.
De facto, assim acontece. O Conselho Presbiteral, o Secretriado de Pastoral (com funções de Conselho Pastoral) e os encontros mensais do clero dedicam-lhe parte de algumas sessões e os seus membros pronunciam-se favoravelmente.
Apesar disso, o primeiro anúncio público feito no encerramento do Congresso dos Leigos e das Festas Jubilares da restauração da Diocese, a 11 de dezembro de 1988, é acolhido com surpresa e provoca uma reação de expectativa inquietante.
Esta atitude vai progressivamente evoluindo, graças às iniciativas tomadas em 1989. Em janeiro, o Conselho Presbiteral interroga-se seriamente sobre a oportunidade do Sínodo diocesano e sobre as etapas prévias ainda necessárias para sensibilizar o presbitério, o laicado e as comunidades cristãs. Conclui a sua reflexão dando um parecer favorável e indicando algumas sugestões.
Em junho, o mesmo Conselho reconhece que o Sínodo valerá fundamentalmente pela sua preparação, que deve ser programada cuidadosamente e pressupõe a constituição funcional de uma Comissão responsável. A esta comissão será confiada a programação da correspondente preparação, a constituição de grupos de trabalho, designadamente o da sondagem sociológica, o da oração, o da elaboração de esquemas doutrinais para reflexão nas paróquias e nos movimentos, e o da consecução de fundos económicos.
Em dezembro, o tema do Sínodo diocesano volta ao Conselho Presbiteral sob a forma de uma proposta operativa que prevê um itinerário em que se destacam três fases: uma para constituir as equipas sinodais de base e fazer o levantamento das questões consideradas pertinentes; outra destinada a aprofundar a temática selecionada e a celebrar as sessões da Assembleia Sinodal; outra ainda para aplicar os decretos aprovados pelo Bispo diocesano e fazer viver a comunhão, entretanto experienciada, nos mais diversos âmbitos.
Também na Assembleia do clero, a 28 e 29 de dezembro, se debate a problemática do Sínodo, reservando-se o primeiro dia para os padres e tratando-se, de forma existencial, o tema “O presbitério no seu serviço à comunhão diocesana.” No segundo, participam também os diáconos permanentes e os representantes dos movimentos e obras apostólicas, das equipas arciprestais e das comunidades religiosas. São relatadas circunstanciadamente as experiências sinodais de oito dioceses (espanholas e francesas, sobretudo) e clarificados, mais uma vez, os objetivos e as razões justificativas, procurando assim abrir horizontes realistas e entusiasmantes à caminhada sinodal.

 

1.2. Sensibilização e organização
Enquanto as instâncias diocesanas debatem a problemática do Sínodo, procede-se na Diocese a uma informação esclarecedora que visa motivar o maior número de cristãos e organizar os correspondentes grupos para uma participação eficaz.
Nesse sentido, realizam-se ações de sensibilização, sobretudo no primeiro semestre de 1990, em todos os arciprestados e muitas paróquias, em várias associações e movimentos, nos institutos de vida consagrada e noutros espaços eclesiais que os encontros dos cristãos proporcionam e favorecem. Imprime-se e distribui-se profusamente a “Oração pelo Sínodo”, introduzindo a sua recitação nas reuniões apostólicas e nas celebrações litúrgicas.
Nestas ações de sensibilização, são utilizados diversos textos de apoio, designadamente os cadernos, a imprensa paroquial, as “notas” publicadas no Correio do Vouga, as folhas soltas e as cartas abertas. Recorre-se também aos programas de rádio e a outros meios de comunicação social.
Os dois primeiros cadernos estão dedicados à clarificação do que é e supõe o Sínodo diocesano, sobretudo no campo das atitudes pessoais e comunitárias, com particular realce para o presbitério e o corpo diaconal.
São especialmente sublinhadas a esperança confiante e generosa, a escuta do Espírito e do mundo, e a conversão autêntica. Além das atitudes, sempre indispensáveis, há necessidade de constituir grupos de reflexão-ação nos mais diversos âmbitos da vida eclesial (e, se possível, social), de os organizar funcionalmente e de estabelecer a sua articulação a nível paroquial e arciprestal por meio da realização periódica de assembleias. Pretende-se que nos seus encontros façam experiências consistentes de comunhão eclesial.