Primeiros cristãos – nova economia

Acácio F. Catarino Sociólogo, Consultor Social

Acácio F. Catarino
Sociólogo, Consultor Social

Os primeiros cristãos convidam-nos a viver em comunidade (cf. o artigo anterior) e a criar uma nova economia, num sistema social e económico diferente do atual (cf. Evangelii Gaudium, nºs. 53-59). Segundo os Atos dos Apóstolos, 2, 44 e 4, 34, os primeiros cristãos viviam em comunidade; e, para isso, punham os seus bens em comum. Este pôr tudo em comum encerra, em pequena escala, o que deve ser um sistema social e económico fiel ao Evangelho. Tal sistema nunca foi realizado, mas nada obsta a que caminhemos para ele, «até ao fim dos tempos»; nos termos da atual doutrina social da Igreja, ele implica, nomeadamente, o destino universal dos bens, a vinculação ao bem comum e, na base de tudo, o respeito pela igual dignidade de todas as pessoas.
Hoje em dia existe um quadro de referência doutrinário, neste domínio, que remonta pelo menos a João XXIII, e que inclui em especial: a socialização (João XXIII), o desenvolvimento integral (Paulo VI), a planificação e solicitude globais (João Paulo II), a hibridização (Bento XVI) e a superação dialogal dos conflitos (Francisco). Na ordem prática, são inúmeras as atividades que se podem realizar, a favor de uma nova economia. Realçam-se três conjuntos: inserção laical nas estruturas; reflexão pessoal e familiar; e diálogo social pluralista dentro da Igreja.
A inserção laical nas estruturas, desde a família até à ordem internacional, deveria contribuir para a respetiva justiça e humanismo. A reflexão pessoal e familiar, articulada com a leitura, o estudo e atividades afins, constitui um alimentador e reflexo permanente da intervenção nas estruturas e do diálogo social dentro da Igreja. Neste diálogo, partilham-se vivências e saberes, prepara-se e aprofunda-se a intervenção nas estruturas; dele podem resultar, ou não, entendimentos comuns e intervenções públicas.
Parece razoável que o arranque para uma nova economia, à luz do exemplo das primeiras comunidades cristãs, seja o diálogo social, no pluralismo de situações e posições.