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“Aquarius”: Cardeal Ravasi evoca Evangelho sobre acolhimento e desencadeia onda de reações

“Aquarius”: Cardeal Ravasi evoca Evangelho sobre acolhimento e desencadeia onda de reações

Uma evocação do Evangelho publicada esta segunda-feira no Twitter pelo presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, a propósito do drama vivido pelas pessoas a bordo do barco “Aquarius”, no Mediterrâneo, desencadeou uma onda de reações dirigidas ao prelado italiano e à Igreja.

«Era estrangeiro e não me acolhestes», foi a passagem mencionada, extraída do capítulo 25, versículo 43, do Evangelho segundo S. Mateus, que numa tradução em português europeu se lê: «Era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me».

Gianfranco Ravasi, biblista, aludia ao barco fretado pela organização não-governamental SOS Mediterrané, onde se encontram 629 migrantes recolhidos no mar, e que ontem a Itália e Malta recusaram receber, tendo mais tarde recebido ofertas de acolhimento por parte de Espanha e, mais recentemente, da Córsega.

«Eminência, não podemos acolher todos. Como diz a minha velha mamã: primeiro tu, depois os teus, depois os outros, se puder ser…» é o primeiro dos mais de 1600 comentários ao “tweet” do cardeal.

Entre as respostas menos vulgares incluem-se «Que cuide deles o cardeal no Vaticano», «Eram pedófilos e não os prendestes», «O dinheiro do IOR [entidade bancária da Santa Sé] investi-o todo em África», «Vim para traficar, para violar, para islamizar, para viver à borla e não me acolhestes», «Jesus disse que a verdade vos tornará livres. Basta de negros e árabes que comem de borla».

«Se ao espelho olhamos o nosso rosto, descobrimos nele os traços da humanidade, porque a ela todos pertencemos, para além das diferenças étnicas, culturais, religiosas»

«Abri as portas do Vaticano e colocai lá todos os clandestinos que quiserdes» e «Cardeal vós possuís riquezas imobiliárias superiores à dívida pública italiano, vendei alguns imóveis e ide para África e Médio Oriente para ajudar os pobres; devia estar na primeira linha para cessar o tráfico de escravos», são outros exemplos de comentários.

Há duas horas, o cardeal Ravasi voltou à Bíblia, citando desta vez a primeira carta de S. João (4, 16): «Deus é amor; quem está no amor permanece em Deus e Deus nele», depois de, ontem, ter evocado um autor cristão, Georges Bernanos: «Para encontrar a esperança é preciso ir para lá de todo o desespero. Quando se vai até ao fim da noite, encontra-se uma nova aurora».

«Tempo virá/ em que, exultante,/ te saudarás a ti mesmo chegado/ à tua porta, no teu próprio espelho/ e cada qual sorrirá ante a saudação do outro,/ e dirá: Senta-te aqui. Come./ Amarás de novo o estrangeiro que era o teu Eu./ Dá vinho. Dá pão. Devolve o coração/ a ele próprio, ao estrangeiro que te amou/ toda a tua vida, que ignoraste».

Na coluna que assinava diariamente no jornal italiano “Avvenire”, o P. Ravasi, ainda não criado cardal, citou versos da poesia “Amor após amor”, de Derek Walcott, «o cantor dos mestiços, nascido numa ilha das Caraíbas, Santa Lúcia, em 1939».

«Como se intui, unem-se e sobrepõem-se duas fisionomias diversas, a minha e a do outro, o estrangeiro. Se ao espelho olhamos o nosso rosto, descobrimos nele os traços da humanidade, porque a ela todos pertencemos, para além das diferenças étnicas, culturais, religiosas.

Depois de encorajar «a dar as boas-vindas aos refugiados» nas casas e comunidades, «de maneira que a sua primeira experiência da Europa não seja a traumática de dormir ao frio nas estradas, mas a de um acolhimento quente e humano», Francisco lembrou as palavras agora evocadas pelo cardeal Ravasi

“Amarás o estrangeiro que era o teu Eu”, diz o poeta. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, diz a Bíblia. Neste paralelo há dois amores que se fundem, o espontâneo por si próprio e aquele que o é para os outros, muitas vezes conquistado com algum esforço mas que deverá ser, da mesma maneira, intenso.

Devemos tentar reconduzir o nosso coração “a si mesmo”, isto é, à sua consciência profunda, e aí descobriremos que há o estrangeiro dentro de nós porque ele é semelhante a nós por causa do próprio Deus que o criou, do próprio Cristo que o redimiu, do próprio amor que foi deposto nele e em nós, e do próprio pecado que obscurece a nós e a ele», observou Ravasi.

Numa das múltiplas ocasiões em que se referiu aos migrantes, o papa Francisco lembrou que «tragicamente, no mundo há hoje mais de 65 milhões de pessoas que foram obrigadas a abandonar os seus locais de residência. Este número sem precedentes vai além de toda a imaginação».

«Se formos além da mera estatística, descobriremos que os refugiados são mulheres e homens, rapazes e raparigas que não são diferentes dos membros das nossas famílias e dos nossos amigos. Cada um deles tem um nome, um rosto e uma história, como o inalienável direito de viver em paz e de aspirar a um futuro melhor para os seus filhos», sublinhou em setembro de 2016.

Depois de encorajar «a dar as boas-vindas aos refugiados» nas casas e comunidades, «de maneira que a sua primeira experiência da Europa não seja a traumática de dormir ao frio nas estradas, mas a de um acolhimento quente e humano», Francisco lembrou as palavras evocadas agora pelo cardeal Ravasi, «tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era estrangeiro e acolhestes-me», e lançou um desafio: «Levai estas palavras e os gestos convosco, hoje. Que possam servir de encorajamento e de consolação».

Na segunda-feira, o arcebispo de Madrid, cardeal Carlos Osoro Sierra, também se exprimiu no Twitter: «O mandato é claro: “Fui forasteiro e hospedastes-me”. Para além de considerações políticas e legais, ao ler a vida desde o Evangelho, um vai em busca do outro. #Aquarius é um chamamento de Cristo à Europa».

SNPC
Imagem: D.R.
Publicado em 12.06.2018

http://www.snpcultura.org/aquarius_cardeal_ravasi_evoca_evangelho_sobre_acolhimento_e_desencadeia_reacoes_internet.html

 

Qual a melhor forma de responder às necessidades dos migrantes e refugiados

Qual a melhor forma de responder às necessidades dos migrantes e refugiados

Reunião Plenária do Conselho ICMC

Roma, 6-8 março 2018

As seguintes sessões serão transmitidas ao vivo (horários agendados no horário da Europa Central – CET) em:

Facebook: http://www.facebook.com/icmc.migration

Twitter: https://twitter.com/ICMC_news

Terça-feira, 6 Março

09:00–09:45 – Observações de abertura
• H.E. Pietro Cardinal Parolin, Secretário de Estado da Sua Santidade Papa Francisco
• H.E. Peter Cardinal Turkson,  Perfeito do Dicastério para Promover o Desenvolvimento Humano Integral

09:45–10:30 Discurso Principal
• Dr. Anna Rowlands (Professora Assistente, Departamento de Teologia e Religião, Universidade de Durham, Reino Unido) –

“Doutrina Social da Igreja Católica e o rosto humano das migrações”

11:15–12:30 Painel de Discussão

O Estado das Migrações e dos Refugiados
• Sra Carol Batchelor, Diretora da Divisão de Proteção Internacional, ACNUR, Agência das Nações Unidas para os Refugiados
• Sra Michele Klein Solomon, Diretora, Pacto Global para as Migrações, OIM, Agência de Migrações das Nações Unidas
• Sr. Walter Brill, Diretor de Operações, ICMC
• Sra Cindy Wooden, Catholic News Service (Moderadora)

12:30–13:00 Estado atual do ICMC
• Msgr. Robert J. Vitillo, Secretário-geral do Comissão Católica Internacional para as Migrações  (ICMC)

Quarta-feira, 7 março
17:30–19:00 Painel de Discussão
Pacto Global para Migrantes e Refugiados
• Rev. Fr. Michael Czerny, Co-Secretário, Secção Migrantes e Refugiados do Vaticano
• Rev. Fr. Fabio Baggio, Co-Secretário, Secção Migrantes e Refugiados do Vaticano
• Mr. Stephane Jaquemet,Director de Políticas, ICMC
• Ms. Philippa Hitchen, Dicastério para a Comunicação Social (Moderadora)

Quinta-feira, 8 março
15:15-17:00 Painel de Encerramento Discussão

Enfrentar novos desafios fortificados em um Espírito de Solidariedade Profética

• Bispo Vincent Long, Bispo de Paramatta, Austrália
• Bispo Gervas Rozario, Coordenador do ICMC para Bangladesh
• Mons. Francis Ndamira, Caritas Uganda, Diretor Executivo
• Sra. Julianne Hickey, Caritas Aotearoa Nova Zelândia e pessoa focal do ICMC
• Irmã Gabriella Bottani, Talitha Kum, Coordenadora
• Irmã Rosita Milesi, Conferência Episcopal do Brasil e pessoa focal do ICMC
• Mons. Robert J. Vitillo, Secretário Geral da ICMC (Moderador)

Migrantes e refugiados: novos desafios e respostas da Igreja

Migrantes e refugiados: novos desafios e respostas da Igreja

Encontro será aberto esta terça-feira (06/03) em Roma pelo secretário de Estado vaticano, cardeal Pietro Parolin, e pelo prefeito do Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral, cardeal Peter Turkson.

Cidade do Vaticano

A resposta da Igreja católica às necessidades dos migrantes e dos refugiados estará no centro do encontro da Comissão internacional católica para migração, que se realizará em Roma de 6 a 8 de março (desta terça até a próxima quinta-feira).

 Presente em 50 países no mundo inteiro

Fundada em 1951, a Comissão é um organismo internacional que reúne os representantes das Conferências episcopais e das agências católicas que se ocupam de migrantes e refugiados e está presente em 50 países no mundo inteiro. Os participantes serão recebidos pelo Papa Francisco na próxima quinta-feira, 8 de março, às 10h locais.

O encontro será aberto esta terça-feira pelo secretário de Estado vaticano, cardeal Pietro Parolin, e pelo prefeito do Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral, cardeal Peter Turkson.

“O encontro realiza-se a cada 4 anos e terá um impacto significativo sobre como as organizações católicas do mundo inteiro respondem às necessidades de migrantes e refugiados.”

 O encontro deste ano propõe-se a adotar um quadro estratégico para 2019-2022, “buscando ser dinâmicos e capazes de responder às necessidades de refugiados e migrantes, radicado na doutrina da Igreja católica e na forte liderança do Papa Francisco, que nos convida a proteger, promover e integrar refugiados e migrantes”, explica o secretário-geral do organismo internacional, Mons. Robert J. Vitillo.

 Ocasião de diálogo e de partilha

Também se discutirá acerca de dois pactos globais da ONU sobre migrantes e refugiados a serem adotados ainda este ano. O encontro será ocasião de diálogo, partilha de boas práticas, de preocupações e desafios.

http://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2018-03/migrantes-refugiados-desafio-igreja-catolica-roma-papa-francisco.html

 

Sobreviveu ao nazismo para levar Jesus às cadeias portuguesas. Morreu o padre Dâmaso Lambers

Sobreviveu ao nazismo para levar Jesus às cadeias portuguesas. Morreu o padre Dâmaso Lambers

O padre Dâmaso Lambers morreu esta quinta-feira 22-02.2018, no Hospital da Ordem Terceira, em Lisboa. O homem que levou Jesus para a cadeia tinha 87 anos. Durante anos a Renascença foi como a sua segunda paróquia.

O corpo do padre Dâmaso esteve em câmara ardente na Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, desde as 16h00 de sexta-feira, dia em que houve duas missas de corpo presente: às 17h30 e às 19h15. No sábado, houve missa às 9h00 e, às 10h30, houve nova missa presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa. D. Manuel Clemente.

A seguir, o corpo saiu da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica para a casa mortuária de Alcabideche. As 16h30 foi à prisão do Linhó. Pelas 18h00, foi cremado no cemitério de Alcabideche.

Hermano Nicolau Maria Lambers nasceu no dia 9 de junho de 1930 numa Holanda ainda a viver a Primavera depois da Primeira Guerra Mundial. Nada fazia prever as nuvens negras que em breve viriam estragar os bons tempos, semeando morte e destruição. Nada fazia prever que um dia seria conhecido como Dâmaso e que passaria grande parte da vida atrás das grades, pregando numa língua estranha, num país desconhecido.

Tinha 10 anos quando os nazis invadiram o seu país. O resto da infância e princípio da adolescência foram-lhe roubados pelos soldados alemães, os mesmos que apareciam de vez em quando na igreja onde os Lambers iam à missa. Na igreja estavam lado-a-lado com o inimigo, eram irmãos na fé, mas depois não havia misturas.

Foram tempos difíceis, passou-se fome, os jovens passavam os dias a procurar lenha para os idosos e os doentes, porque os invasores ficavam com o carvão todo. Numa mostra de generosidade, os alemães ofereciam sopa aos holandeses. “Era 99.9% água. Não alimentava nada, era ridículo”, recorda.

Morreram conhecidos, vizinhos foram fuzilados por ligação à resistência, mas nada abalou a fé do pequeno Hermano que ainda muito novo era dado a desaparecer de ao pé dos irmãos, sendo encontrado mais tarde ajoelhado no quarto a rezar.

Ainda decorria a guerra quando manifestou interesse em ser padre, mas os seminários tinham sido bombardeados depois de ocupados pelos alemães. Foi orientado por alguns padres da congregação a que mais tarde se juntou, os Sacerdotes da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, tendo sido ordenado em 1955, aos 25 anos. Adotou o nome Dâmaso e foi assim que passou a ser conhecido o resto da vida.

Queria ser missionário, queria ir para terras exóticas pregar a Boa Nova, dar a conhecer Cristo, e foi com desagrado que em 1957 recebeu ordens para rumar a Portugal, onde o cardeal Cerejeira pedia mais padres holandeses para as missões populares. Mas obedeceu, como toda a vida faria com os seus superiores, incluindo com o cardeal Cerejeira, a pedido de quem até se naturalizou português em 1962, uma decisão que foi mal recebida pelo seu pai, que o encarou e início como uma renúncia à sua identidade holandesa.

Este país para onde veio contrariado acabaria por o conquistar. Conheceu e tornou-se amigo de Monsenhor Lopes da Cruz, fundador da Renascença, e a sua colaboração com a Emissora Católica durou o resto da sua vida.

 

Amar os reclusos

Mas a sua grande vocação ainda estava para se revelar. Em 1959 deu uma conferência na prisão feminina de Tires e correu tão bem que o convidaram para dar mais, noutras prisões. Acabou por perceber que para poder ajudar os reclusos teria de se identificar totalmente com eles, oferecer-se totalmente a eles. “Para se meter no mundo dos presos é preciso renunciar a nós mesmos”. Primeiro como visitador, depois como capelão, ficou conhecido como o padre das prisões.

Ajudou incontáveis homens e mulheres, amava-os a todos plenamente. Não lhe chegava levar-lhes Cristo à prisão, ajudá-los com bens ou até com o dinheiro que tinha com ele – pois como recordou mais tarde um ex-recluso, havia muitos que se aproveitavam da sua bondade – e por isso fundou “O Companheiro” com a ajuda de alguns amigos, em 1987. A organização ainda existe e dedica-se a ajudar ex-reclusos a reintegrar-se na sociedade. Até ao fim da vida acontecia irem ter com ele na rua homens de quem já não se lembrava, a querer agradecer-lhe tudo o que tinha feito por eles.

O seu trabalho de capelania levou-o a Roma, foi recebido em audiência por João Paulo II, com quem falou alguns minutos. O que ouviu tocou-o profundamente, nunca o esqueceu, mas também garantiu que nunca o partilharia com ninguém.

Fundou a Associação Confiar e foi um dos fundadores das Aldeias SOS. 

Costuma-se dizer que as homenagens chegam tarde, frequentemente depois da morte do homenageado, mas o padre Dâmaso foi exceção à regra. Em 2009 foi condecorado por Cavaco Silva com o grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito; em 2011 recebeu uma homenagem da Prison Fellowship International, uma organização mundial de inspiração cristã que se dedica à pastoral prisional e em 2016 foi a vez da “sua” Renascença inaugurar uma sala com o seu nome e prestar-lhe um tributo público.

A mensagem que deixou nesse dia foi quase idêntica à que repetia todas as semanas, nas missas semanais que celebrava na emissora. Uma insistência no carácter cristão da Renascença. Podiam estar só dois ou três na capela, mas era ali, no sacrário ou no altar que estava o coração daquela organização e ninguém que lá trabalhava o devia esquecer.

Dava o exemplo. Era também esse o seu centro, o seu tudo. O seu Jesus “fantástico” que nunca se cansou de servir, que amava perdidamente. Fez a primeira comunhão aos sete anos e desde essa altura foram poucos os dias em que não comungou. “Eu vivo de manhã para a consagração e o resto do dia vivo a partir da consagração”, chegou a dizer.

A comunhão com Jesus agora é plena, face-a-face, e quem o conheceu pode adivinhar as suas primeiras palavras ao entrar no Céu. “Isto é fantástico”.

 

 

 

http://rr.sapo.pt/noticia/106419/sobreviveu-ao-nazismo-para-levar-jesus-as-cadeias-portuguesas-morreu-o-padre-damaso-lambers

 

Transmigrações e Cenários da Lusofonia e Cultura Cristã na Europa

Transmigrações e Cenários da Lusofonia e Cultura Cristã na Europa

Este livro é um amplo conjunto de pequenas sementes, raízes e plantas da cultura cristã na Europa.

A Europa é um livro aberto, imenso. O autor leu algumas das suas páginas e, durante sessenta anos, escreveu relatos de algumas cenas impressivas. No fundo, compôs um mosaico cultural.

A opinião, o testemunho e os dados históricos marcam aqui presença, numa visão global do mundo, uma quase mundovisão, que nem sempre alinha com a modernidade líquida corrente. «Uma itinerância fixada na palavra descritiva (lugares), evocativa (história) e narrativa (pessoas) que denota os três olhares do autor: o olhar do homem estremenho e curioso, do turista culto e humanista, que ama conhecer para se situar na história e na cultura; o olhar do profissional (psicólogo) que se consagrou aos doentes e que sensibiliza, denuncia e provoca respostas de saúde mental e social.

E, por fim, o religioso e sacerdote (teólogo) que procura sinais de Deus na Europa, apontando remédios hodiernos para as feridas sociais e traumas culturais dos homens e mulheres, das famílias e das comunidades.» Rui M. da Silva Pedro – Excerto do Prefácio

FRANCISCO CONVOCA JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO E JEJUM PELA PAZ

FRANCISCO CONVOCA JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO E JEJUM PELA PAZ

Perante a persistência de conflitos armados no mundo, o Papa convocou, para 23 de fevereiro, uma Jornada Mundial de Oração e Jejum pela Paz. “E agora um anúncio: diante da trágica continuação de situações de conflito em diversas partes do mundo, convido todos os fiéis a um Dia especial de Oração e Jejum pela Paz em 23 de fevereiro próximo, sexta-feira da Primeira Semana da Quaresma”, disse o Santo Padre, no final da recitação do Angelus dominical, a 4 de fevereiro.

O Santo Padre condenou a violência exercida sobre os habitantes da República Democrática do Congo e do Sudão do Sul, recordando que “O nosso Pai celeste ouve sempre os seus filhos que a Ele bradam na dor e na angústia, ‘cura os atribulados de coração e ata-lhes as feridas’ (Salmo 147, 3)”.

Francisco apelou, ainda, a que escutemos esse grito e façamos um exame de consciência diante de Deus, questionando-se “O que posso fazer pela paz?”. “Certamente podemos rezar; mas não só. Cada um pode dizer concretamente ‘não’ à violência naquilo que depender dele ou dela. Porque as vitórias obtidas com a violência são falsas vitórias; enquanto trabalhar pela paz faz bem a todos!”

Os “irmãos e irmãos não católicos e não cristãos” foram, também, convidados a associarem-se a esta jornada de oração e jejum.

O Conselho Mundial de Igrejas revela, em comunicado publicado pela Vatican News, que na República Democrática do Congo, “4,3 milhões de pessoas são deslocadas e em 2018, 13,1 milhões de pessoas terão necessidade de assistência humanitária”. No Sudão do Sul, desde 2015, “dois milhões de pessoas fugiram do país e cerca de 1,9 milhões são deslocados internos. Outras sete milhões de pessoas têm necessidade de assistência humanitária no país”.

O Sudão do Sul tornou-se um estado independente a 9 de julho de 2011, após duas guerras civis. No entanto, “tornou-se vítima da corrupção e de uma sangrenta guerra civil que não dá sinais de trégua”, alerta o cardeal Daniel DiNardo, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos da América. Na República Democrática do Congo, “o governo não consegue honrar a Constituição” e vive em conflito com os partidos da oposição, explica o cardeal.