A sua missão era atear o fogo divino

Centenário do nascimento do padre Perrin No próximo dia 30, perfazem-se 100 anos sobre a data do nascimento, em Troyes, departamento de Aube, ao Norte de França, em 1905, do padre José Maria Perrin. Por seu intermédio, Deus quis suscitar na igreja o movimento de espiritualidade “CARITAS CHRISTI” na sua tríplice ramificação: O Instituto Secular, a Associação de Padres e as Fraternidades de Leigos.

Foi, sem dúvida, um homem providencial, carismático, um inestimável dom de Deus à Sua Igreja, com a missão de atear no mundo o fogo do Amor Divino.

Prevenida pelos médicos de que o filho corria o risco de cegar precocemente, (o que, de facto, aconteceu aos 10 anos) a mãe fez com que ele aprendesse a ler e a escrever pelo sistema de Braille. Servindo-se deste método, concluiu com distinção o Curso dos Liceus. E, tendo ingressado aos 17 anos na Ordem dos Padres Pregadores (Dominicanos), nela professou em 1924. Prosseguiu os estudos de Filosofia e Teologia no Convento de Saint Maximin, no Var, e alcançou o grau de “Leitor”, equivalente ao doutora-mento, com a defesa da tese “Le Mystère de la Charité”, que mais tarde, em 1960, publicou num volume de 532 páginas.

Dado o impedimento da cegueira, foi ordenado de presbítero por decisão pessoal de Pio XI, em 10 de Março de 1929.

Dedicou o seu ministério sacerdotal à comunicação da Palavra de Deus, através do confessionário, acompanhamento pessoal, de conferências, cursos e retiros, e pela escrita. Deixou mais de trinta livros e opúsculos de Teologia e Espiritualidade.

Apesar da sua limitação imposta pela cegueira, viajou muito, acompanhado de um secretário, — (Continente Europeu, Inglaterra, Canadá, África Central, América do Norte e Brasil), sempre em missão apostólica. Era também através do secretário que se punha a par do dia-a-dia da Igreja e do Mundo.

Foi preso pela Gestapo por dar guarida aos judeus, vítimas do Nazismo, abnegação que o Estado de Israel reconheceu, concedendo-lhe, em 10 de Fevereiro de 2002, a medalha e o diploma — “Justo no Meio das Nações”.

Possuía um conhecimento profundo da “Summa” de Santo Tomás de Aquino, bem como da Sagrada Escritura, com predilecção por S. João, o Evangelista do Amor. Citava de cor o IV Evangelho completo, por capítulos e versículos.

A sua espiritualidade, vivida e ensinada, segue o caminho perfeito do amor e atinge o seu cume na essência do Cristianismo: “amar e fazer amar”, que escalona pedagogicamente em cinco frases interpenetradas: 1 – conhecer o Amor de Cristo; 2 – acolhê-lo; 3 – prosseguir nele; 4 – espalhá-lo; 5 – tornar-se oferenda de amor.

O centenário do nascimento do Pe. Perrin será celebrado no próprio dia 30.

Em França, em Marselha, com Eucaristia de acção de graças, presidida por D. Bento Rivière, Bispo Auxiliar.

Em Portugal, em Fátima, com várias acções comemorativas, sendo de salientar a Eucaristia na Basílica, às 11 horas.

Que o Senhor glorifique o Seu Servo bom e fiel! O processo em vista à beatificação está a ser organizado, desde pouco tempo após o seu falecimento, que se deu em 13 de Abril de 2002.

Pe. Manuel Cirne

Obra do Padre Perrin em Aveiro

A espiritualidade Caritas Christi, na forma de instituto secular e fraternidade de padres, também está presente em Aveiro. O Pe. Manuel Cirne afirmou ao Correio do Vouga que, na década de 1960, mais de duas dezenas de sacerdotes pertenciam à fraternidade sacerdotal. Depois do Concílio, a fraternidade “esmoreceu e ficou um pequeno grupo”. Actualmente são cinco os padres que, sem pertencerem formalmente à fraternidade, se reúnem todos os meses para rezar e reflectir sobre o boletim que vem de França, dentro do espírito Caritas Christi. O bispo auxiliar de Marselha, Bento Rivière, é o responsável por essa “carta”.

Do Instituto Secular Caritas Christi fazem parte 20 senhoras, na maioria integradas na sua própria família e empenhadas na pastoral paroquial. Reúnem-se mensalmente e têm retiros espirituais periódicos. Maria da Lurdes é a responsável pelo instituto. O Pe Virgílio Susana e Maia é o assistente espiritual.

J.P.F.