Vidas que marcam Peter Maurin foi co-fundador, com Dorothy Day, do Movimento do Trabalhador Católico (Catholic Worker movement), no âmago do liberalismo económico que os EUA habitualmente protagonizam.
Nascido no sul de França, no dia 9 de Maio de 1877, Aristode Pierre Maurin entrou aos 16 anos para os “Irmãos Cristãos”, uma organização que ensinava a vida simples e o serviço aos pobres. Quando chegou à idade do serviço militar, emigrou para o Canadá para evitar pegar em armas. Mais tarde entrou nos EUA, onde, em 1933, em plena Grande Depressão, fundou com a jornalista Dorothy Day (1897-1980), convertida ao catolicismo (considerada a leiga mais influente nos EUA – o seu processo de beatificação iniciou-se na arquidiocese de Nova Iorque em 1983), o Movimento do Trabalhador Católico.
Este movimento não é uma organização semelhante a um sindicato, mas antes constituída por comunidades de vida laical, talvez mesmo comunas, geralmente ligadas ao cultivo da terra (“No cultivo da terra nunca há falta de trabalho”, dizia o fundador). A principal característica é terem sempre as portas abertas para quem chega, incluindo mesa gratuita, desde que aceitem os princípios da paz, da acção não-violenta, da justiça social. Actualmente, existem cerca de 150 “casas de hospitalidade” do Movimento do Trabalhador Católico, principalmente nos EUA, mas também no Canadá, Austrália, México e Nova Zelândia.
Peter Maurin era leigo, nunca casou, e quis que o seu movimento fosse descentralizado e independente de organizações políticas e mesmo da Igreja. Alguns vêem nisso uma espécie de anarquismo cristão. Outros, como ele próprio, dizem que se inspira em Francisco de Assis. Hoje, para criar uma comunidade tipo “Trabalhador Católico” não é preciso autorização de ninguém. Bastará assumir as instruções simples de www.catholicworker.com…
Para a difusão das suas ideias, Peter Maurin usava a pregação simples na rua (“a forma de alcançar o homem da rua é encontrar o homem na rua”) e o jornal “Catholic Worker”, que continua a ser publicado. A publicação esteve para chamar-se “The Catholic Radical ” (“O Católico Radical”), no sentido de regresso às raízes, mas Dorothy Day achava que devia ter o nome dos destinatários e não da finalidade. Ficou “Catholic Worker”. “O homem propõe, a mulher dispõe”, observou Maurin.
Pierre Maurin morreu no dia 15 de Maio de 1949. Deixou o seu pensamento nos “Easy Essays”, pequenas composições simples e directas. Traduz-se nesta página um desses “ensaios fáceis”.
J.P.F.
No que acredita o Trabalhador Católico
O Trabalhador Católico acredita
no personalismo dócil
do catolicismo tradicional.
O Trabalhador Católico acredita
na obrigação pessoal
de atender
às necessidades do seu irmão.
O Trabalhador Católico acredita
na prática diária
das Obras de Misericórdia
O Trabalhador Católico acredita
nas Casas de Hospitalidade
para o imediato alívio
dos que passam privações.
O Trabalhador Católico acredita
nas Quintas Comunais,
onde cada um trabalha
segundo a sua capacidade
e obtém segundo a sua necessidade.
O Trabalhador Católico acredita
na criação de uma nova sociedade
no seio da antiga
com a filosofia da nova
que não é uma nova filosofia
mas uma filosofia muito antiga
uma filosofia tão antiga
que parece nova.