Conferências Episcopais lusófonas reúnem-se na Guiné-Bissau

Cooperação e solidariedade no âmbito de projectos pastorais são apostas dos bispos de língua portuguesa De 16 a 21 de Janeiro, realizou-se o V Encontro das Presidências Episcopais dos Países Lusófonos, que contou com a presença de oito bispos da Guiné-Bissau, Angola – São Tomé e Príncipe, Brasil, Cabo Verde e Portugal. O encontro decorreu em Bissau e registou, também, a participação de um representante da Fundação Evangelização e Culturas.

As fortes expectativas em relação à consolidação da paz em vários países que têm vivido em situação de guerra e de insegurança sociopolítica, bem como as novas possibilidades de iniciar processos históricos conducentes ao desenvolvimento dos respectivos povos, foram motivo de reflexão por parte dos bispos lusófonos. Nessa linha, foram analisados os enormes desafios pastorais e sociais provocados pela concentração das populações junto das cidades de maiores dimensões, na busca de melhores condições de vida.

Como ponto altamente positivo, foram considerados os passos dados na colaboração entre várias Igrejas e confissões religiosas, “sobretudo na busca da paz, da reconciliação e da promoção dos direitos humanos”, como se refere no documento final que foi tornado público.

Os bispos constataram a preocupação pela existência de um número elevado de crianças e adolescentes “que não têm acesso à escola, à saúde e a outros bens essenciais, sobretudo nos países de África”, enquanto denunciaram a situação de “extrema, miséria e fome”. “É também motivo de muita preocupação o número de pessoas portadoras de sida, de consumidores de drogas, e a falta de respostas sociais organizadas para os doentes em estado terminal”, sublinham os bispos lusófonos.

A falta de condições de acesso ao emprego, a prática de salários muito baixos e a ausência de remuneração, “em contraste com o exagerado custo de vida”, repercutem-se na existência de situações de extrema insegurança nas famílias, mas ainda “na fragilização da confiança nas instituições sociais, educativas e políticas”.

Os bispos lusófonos constataram, por outro lado, “uma progressiva secularização e relativismo moral, com incidência nos comportamentos humanos, éticos e de cidadania, e no afastamento da prática religiosa”. Mas também verificaram um “crescimento da consciência de uma Igreja cada vez mais de comunhão e missão, fruto de adequadas apostas pastorais no campo da formação de catequistas e de animadores de comunidades”.

Em conclusão, o V Encontro das Presidências das Conferências Episcopais dos Países Lusófonos sublinha que fica na mente de todos “um grande sentimento de esperança e um ardor missionário, garantes das energias capazes de transformar dificuldades em oportunidades”, em especial no campo de novas iniciativas de âmbito pastoral, com o envolvimento, cada vez maior, “dos cristãos das várias Igrejas”.

Os bispos lusófonos decidiram, ainda, promover um maior intercâmbio na formação de futuros sacerdotes, desenvolver iniciativas de solidariedade, “concretizadas na permuta de sacerdotes e na partilha de bens materiais”, e valorizar o projecto de apoio às rádios católicas, entre outros.