Os “sem papéis”

Não deixa de ser interessante, humoristicamente falando, que, num país onde imperam os papéis em repartições públicas ou outras instituições, se tenha invocado, na Semana de Pastoral Social, a carência de papelada relacionada com os nossos imigrantes. Mas transcrevemos algo de uma dessa conclusões: os “sem-papéis” não são “sem direitos” nem são criminosos. Eles (os imigrantes) são as primeiras vítimas da situação irregular em que se encontram, ou para que foram empurrados. Seguindo a carta dos Direitos Fundamentais da UE, eles devem ser tratados com humanidade e não se lhes deve aplicar a lei de forma inflexível. Devem ser ajudados a regularizar a sua situação, sobretudo se têm contrato de trabalho e pagam os seus impostos.”

Num país que nada em papéis burocráticos devia, de facto, deixar de ser uma excepção para estes casos. E se assim fosse o drama dos imigrantes seria menos penoso e deixariam de andar por aí à procura dos…papéis…É de pensar!

Não deixou também de ser interpelante, na mesma Semana, a tragédia que se passa com os refugiados que continuam a procurar, por todos os meios e aventuras, este rectângulo “à Beira-Mar plantado”. Maria do Rosário, Coordenadora do Serviço Jesuíta aos Refugiados, disse-nos coisas espantosas, arrepiantes, de como essa gente chega aos países que os acolhem. A saudade, sem poderem desabafar e nem ligar com os seus familiares, é algo que corta o coração. “A saudade mata-os…”, comentou-nos.

Também nos congratulamos, de alguma maneira, com o anúncio do Padre Vaz Pinto, da abertura de dois novos Centros Nacionais ao Imigrante, em Lisboa e Porto, funcionando, um pouco, à maneira da Loja do Cidadão. Não sabemos bem como isso vai ser, mas a intenção será boa.Oxalá! Se resultar, que se estendam a outras zonas do País.

D.R.