O bispo do Porto, novo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana da Igreja Católica em Portugal, afirmou que a opção pelos pobres é “a prioritária” e que estes têm de ser “sujeitos e protagonistas de evangelização”.
“Temos sobretudo de encontrar nos pobres desafiadores e protagonistas evangelizadores de um mundo diferente, um mundo mais justo, mais coerente, que nos aproxime mas sobretudo mais irmãos e onde as distâncias e as diferenças entre aqueles que têm tudo e aqueles que não têm nada se possam esbater para sermos irmãos a vivermos nesta fraternidade que evangeliza”, disse hoje D. António Francisco dos Santos à Agência ECCLESIA.
O prelado sublinhou que os pobres “têm de ser os destinatários preferenciais” da missão da Igreja e acredita que assim se “muda muito” o paradigma da construção da sociedade.
“Temos de ser mais rápidos nas respostas, mais próximos na presença e mais transparentes na nossa ação sociocaritativa”, afirmou.
O bispo do Porto foi eleito, esta quarta-feira na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana e enumera prioridades para o próximo triénio.
A capacidade de trabalhar em rede com a sociedade civil, as autarquias locais, iniciativas do Estado, com as instituições e organizações da ação social para “valorizar o trabalho aos mais carecidos” num “diálogo permanente” rejeitando “posições que estreitem horizontes”.
Para D. António Francisco dos Santos, outro aspeto importante para a Igreja Católica em Portugal, que procura repensar a sua pastoral conjunta “sem uniformismo”, é promover um “trabalho mais integrado e coordenado” das 21 dioceses, “otimizando iniciativas” para serem “mais interventivos e mais proativos”.
O novo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana diz ser necessário também dar “particular atenção” a alguns setores em que é preciso investir mais, como a promoção da justiça social, valorização do “progresso justo”, da paz, do diálogo entre gerações e inter-religioso e setores da vida para “construir cultura que ajude a promover mundo melhor”.
“Saibamos cuidar com particular atenção das franjas dos mais frágeis da sociedade como os sem-abrigo”, acrescentou, dando outros exemplos como estar atento ao desemprego como “drama social”, sobretudo nas classes mais jovens, à inserção de reclusos, a valorização dos emigrantes, dos ciganos, de “pequeninos grupos de etnias marginalizadas”, acolher os refugiados, “temos sido tão lentos nesse acolhimento”.
D. António Francisco dos Santos considera ainda que a comissão deve “valorizar áreas novas” como a pastoral do turismo, promover a “cultura de comunhão, passar da denúncia à profecia”.
Jesus Cristo, o Filho Deus encarnado, que veio até nós e foi morto na cruz pelos pecados da humanidade, ressuscitou dos mortos! Esta é a boa notícia da nossa fé que gostaríamos de partilhar com o mundo inteiro. A celebração cristã da Páscoa significa que, através de Jesus Cristo, a vida triunfa sobre a morte, a esperança sobre o desespero e a paz sobre o conflito. A ressurreição do Cordeiro de Deus dos mortos mudou a história; nada é como era antes da ressurreição de Cristo.
A crucificação é uma realidade que continua: a vida humana ainda é violada e a criação é explorada. Através da guerra, da ganância e da injustiça, a vida está sob ameaça e é tantas vezes destruída. Para muitos, o mundo é frequentemente marcado pela violência e pelo medo, mas Jesus Cristo é mais forte do que as nossas portas fechadas e do que as paredes que existem nos nossos corações. Ele entra e diz-nos: “a Paz esteja convosco” (Jo 20, 21).
Temos especialmente unidos a nós, através das nossas orações, aqueles cristãos perseguidos e impedidos de celebrar a ressurreição de Jesus em liberdade e paz. Eles são o corpo sofredor de Cristo. Temos também muito presentes nas nossas orações os nossos muitos irmãos e irmãs em Cristo que morreram por professarem a sua fé e todos aqueles que continuam a testemunhar e a trabalhar para que seja possível o respeito mútuo e o diálogo em situações perigosas. Eles são um exemplo para nós. Eles são um apelo a que os cristãos na Europa também sejam corajosos na sua fé e testemunhem com alegria e convicção o amor infinito de Deus. Eles apelam aos cristãos na Europa a permanecerem junto dos mais necessitados, independentemente da nacionalidade ou da religião: os pobres, as mães sozinhas com os seus filhos, os doentes e os idosos, os presos, os refugiados, e todos os excluídos da nossa sociedade.
As actuais divisões entre cristãos ferem o corpo de Cristo, mas hoje, quando as Igrejas do Oriente e do Ocidente celebram ao mesmo tempo a cruz e a ressurreição, proclamamos a nossa comum fé em Jesus Cristo, o Redentor que se levantou e ressuscitou do meio dos mortos. Renovamos o nosso compromisso em percorrer o caminho da unidade e convidamos as nossas comunidades cristãs a serem um sinal de alegria na fé e de amor desinteressado e a serem uma presença de esperança num mundo chamado a reconciliar-se consigo mesmo e com Deus.
Juntos, partilhamos a alegria e a consciência da importância decisiva da ressurreição de Cristo, que está no meio de nós e nos dá confiança ao dizer-nos: “Eu estarei com vocês até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
A Missão Católica de Língua Portuguesa no Luxemburgo anuncia com tristeza, mas na esperança cristã, a morte do rev. P. Belmiro Narino Figueira (1930-2017) ocorrida esta madrugada na Clínica d’Eich, na cidade do Luxemburgo.
Belmiro nasceu no Fundão em 27/11/1930.
Foi ordenado sacerdote em 02/08/1953 para a diocese da Guarda.
Nomeado em 1977 chegou ao Luxemburgo em 1978 para ser missionário dos migrantes portugueses e lusófonos. Desenvolveu o seu ministério não só com uma atenção especial às comunidades católicas, seu caminho de fé e participação consciente na vida da diocese, como também numa relação muito estreita e criativa a nível da vida associativa, cultural e social.
Com outros colaboradores esteve na origem das actuais estruturas da Missão Católica de Língua Portuguesa no país que celebrou recentemente as Bodas de Ouro de presença no Grão-Ducado.
Colaborou no Jornal Contacto, Rádio Latina e Escola Europeia, entre outros.
Foi fundador do Agrupamento de Escuteiros de S. Afonso, Rancho Folclórico e Santa Casa da Misericórdia (1996), entre outros projectos sociais e culturais em que se empenhou.
Quinta-feira, 12 de Janeiro
No cemitério de Merl – O corpo do rev. P. Belmiro em câmara ardente das 8h às 16h.
Na igreja de Bonnevoie, na cidade do Luxemburgo
– Câmara ardente a partir das 17h até às 19h.
– 19h : Celebração da Missa de Corpo presente, animada pelo grupo coral da comunidade.
O corpo do rev. P. Belmiro seguirá para Portugal para a sepultura na aldeia natal, Souto da Casa.
A Missão solicita que as pessoas que pretendem oferecer flores convertam seus donativos em gesto solidário para a Associação sem fins lucrativos por ele fundada:
COMUNICADO DO OBSERVATÓRIO PARA A LIBERDADE RELIGIOSA
O ataque a uma igreja no norte de França, enquadrável no que está a ser considerado como onda oportunista e difusa de brutal violência, acentua um tempo de perplexidade na Europa. “Já não se encontram mais palavras dizíveis” (1).
O Observatório para a Liberdade Religiosa (OLR) pronunciou-se noutras ocasiões sobre atos terroristas e vê-se na contingência de voltar a fazê-lo, relevando o carácter simbólico do sequestro desta manhã, na sequência do qual morreu um padre católico de 86 anos.
As autoridades francesas adiantam que os autores reivindicaram ligações ao Daesh. O ataque a uma igreja, a uma comunidade religiosa reunida pacificamente em culto, revela desprezo pela vida humana e pela liberdade religiosa. É evidente que se trata de mais um atentado contra a Liberdade e as liberdades, contra o mundo livre.
Estes atentados são da responsabilidade de criminosos que, na verdade, “procuram limitar as liberdades – também a religiosa -, agindo em nome de ideais que, pretendendo instaurar o medo e a instabilidade, servem apenas a barbárie” (1), visam destruir a civilização da Liberdade e dos Direitos Humanos.
“Entre os equívocos do presente está a interpretação do fenómeno religioso, que grupos marginais, armados, atuando isoladamente ou em grande escala, procuram fazer impor, confundindo e abusando da essência da religião e da religiosidade. Não nos cabe fazer uma avaliação exegética ou hermenêutica dos (con)textos religiosos, mas a forma como a religião e o fenómeno religioso se manifestam ou podem manifestar na construção de uma sociedade integradora, plural e pacífica. Reclamando uma matriz religiosa, esses intérpretes da religião revelam ser assassinos e delinquentes, agindo de forma cobarde, atacando os mais desprotegidos e (…) a própria cidadania que nos estrutura e explica enquanto sociedade. (…) Assumem-se como representantes de uma religião que também lhes tem asco. Querem que o mundo acredite que atuam com um sentido religioso, quando as evidências revelam que professam, isso sim, a desumanidade” (2).
O OLR insiste: “Perante a ameaça permanente da imprevisibilidade do terrorismo; perante as mutações do modo de viver na Europa, casa de acolhimento de gente que procura a Paz fora da sua terra natal; perante a escalada da xenofobia e da intolerância, cada vez mais respaldadas à dimensão político-partidária; perante um pensamento desintegrador e hostil, difundido também por centros imanentes de ideologias construídas para o confronto e para a violência; perante tudo isto, é necessário, é urgente, alargar o espectro de uma reflexão pragmática” (1).
Palco ao longo da história das maiores atrocidades, também com o argumento da pertença a um grupo religioso, a Europa soube cruzar a razão com a fé naquele que será um dos seus maiores legados para a humanidade, e precisa de uma importante reflexão política e cultural, abrangente e inclusiva, sobre a sua realidade social e religiosa, sob risco de – até por força da ampliação mediática – acontecimentos violentos desencadearem intolerância e segregação, comprometendo as liberdades. “O cenário extremo do “terror” deve ter como resposta a firmeza da cultura europeia da Liberdade e da Justiça” (1).
Pela experiência histórica, sabemos que a religião, capaz de construir relações de solidariedade e compaixão, contribuindo para o edifício ético, é usada também como combustível de guerra. “Se é um desafio para todos os que sustentam e se guiam pelos ideais da Liberdade baseados nos Direitos Humanos, é também, e sobretudo, um desafio individual e coletivo para quem se diz islâmico” (3).
Em nome da liberdade religiosa, o OLR manter-se-á fiel aos seus valores: “respeito pelo princípio das liberdades associativa, individual e de consciência; facilitar processos de diálogo cultural, especificamente o diálogo entre estruturas de crença, promovendo o respeito pelas diferenças e a responsabilidade social, para uma cidadania plena e ativa; sinalização e análise do Fenómeno Religioso; estímulo às práticas de cidadania a partir da observação dos direitos e deveres inerentes à Liberdade Religiosa, como a importância do estudo e produção de conhecimento isento relativo ao Fenómeno Religioso” (4).
O OLR sublinha que estes atentados têm a visibilidade mediática que outros, um pouco por todo o mundo e das mais variadas formas, não têm. E solidariza-se “com todas as vítimas daqueles que procuram com a violência e o terror, o que a razão não lhes confere” (1).
Observatório para a Liberdade Religiosa, 26 de julho de 2016
(1) Comunicado NICE: A LIBERDADE DE LUTO, 15/07/2016
(2) Comunicado A URGÊNCIA DE OBSERVAR O FENÓMENO RELIGIOSO, 21/12/2015
(3) Comunicado O TERRORISMO À PROCURA DO TERROR, 22/03/2016
“E se fosse eu?”, um desafio, lançado aos estudantes do ensino básico e secundário, a nível nacional, no Dia Internacional Contra a Discriminação Racial (21 de março) para que no próximo dia 6 de abril se coloquem na pele de um refugiado e arrumem a sua mochila como se estivessem a fugir da guerra, a sair da sua casa e deixar o seu país.
Antes da partida têm de selecionar as poucas coisas que podem levar consigo num trajeto de milhares de quilómetros. É isso que acontece às famílias de refugiados que partem da Síria, deixando tudo para trás.
O plano é que na primeira aula, a 6 de abril, além deste desafio, seja feita uma reflexão entre o professor e os alunos sobre o que é ser refugiado.
Ainda que se trate de uma simulação, o ser-se colocado perante esta experiência vai fazer perceber um pouco melhor o que quer dizer a vida de refugiado.
“E se fosse eu?” é uma iniciativa conjunta da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), da Direcção Geral da Educação, do Alto Comissariado para as Migrações e do Conselho Nacional da Juventude,inspirada no projeto “What’s In My Bag?” desenvolvido pelo International Rescue Comitee em colaboração com o fotógrafo Tyler Jump.
Crê-se que esta iniciativa tem uma dimensão importantíssima de educação para a cidadania e de perceber que nenhuma comunidade e nenhum país estão isentos do risco de poder, um dia, ter uma situação de conflito, de crise e ser obrigada a fugir. Mas também representará um exercício de mobilização dos jovens para esta causa do acolhimento e integração dos refugiados.
A propósito da campanha “E se fosse eu?”, Rui Marques, Coordenador da PAR diz tratar-se “de um exercício de empatia com quem foge da guerra na Síria e procura proteção humanitária. Perceber o que quer dizer deixar tudo para trás, ter de selecionar o que é mais importante e viver só com uma mochila numa jornada de perigos e de incertezas. Queremos fazer com que os jovens reflitam e debatam sobre o que gostariam de encontrar se vivessem esta situação”.
Até ao momento, chegaram a Portugal 149 refugiados distribuídos e acolhidos por várias organizações de todo o país.
Mais informações e inscrições sobre a campanha em www.esefosseeu.pt