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“Nelson Mandela foi líder pelo exemplo”

“Nelson Mandela foi líder pelo exemplo”

17 jul, 2018 – 22:52 • Entrevista moderada por José Pedro Frazão e Ana Galvão

O centenário do nascimento de Nelson Mandela assinala-se esta quarta-feira, em todo o mundo. A importância do símbolo da luta contra o “apartheid” para a história da Humanidade esteve em análise na Tarde da Renascença, com Eugénia Quaresma, diretora do Secretariado Nacional da Mobilidade Humana e da Obra Católica Portuguesa de Migrações, membro do projecto Academia de Líderes Ubuntu, uma filosofia de vida e uma maneira de estar inspirada em Mandela.

http://rr.sapo.pt/noticia/119077/nelson-mandela-foi-lider-pelo-exemplo

 

 

Lisboa homenageia Nelson Mandela “Património da Humanidade”

Lisboa homenageia Nelson Mandela “Património da Humanidade”

Academia de Líderes Ubuntu organizou Conferência “Mandela e Eu” para celebrar o centenário do nascimento de Nelson Mandela que se assinala esta 4ª feira, 18 de julho

Domingos Pinto-Lisboa

Numa iniciativa da Academia de Líderes Ubuntu, projeto do Instituto Padre António Vieira que tem em Nelson Mandela um dos seus principais inspiradores, decorreu 3ª feira, 17 de julho, em Lisboa, a Conferência “Mandela e Eu”.

Um encontro no contexto do centenário do nascimento de Nelson Mandela, e que contou com a presença e o testemunho de diversos convidados nacionais e internacionais, entre os quais D. Ximenes Belo, Premio Nobel da paz 1996, a Embaixadora da África do Sul em Portugal, de John Volmink, Presidente da Ubuntu Global Newtwork (Africa do Sul), e ainda do jornalista da RTP António Mateus, convidado a apresentar o livro “As Cartas da Prisão de Nelson Mandela, “editado pela Porto Editora.

À VATICAN NEWS” Rui Marques, Presidente do Instituto Padre António Vieira e da Academia de Lideres Ubuntu, fala de Mandela como “um património da Humanidade que devemos cultivar”.

Também ligada à Academia de Líderes Ubuntu, Eugénia Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações, sublinha o legado do fundador do Congresso Nacional Africano (ANC) como “uma inspiração, um líder exemplar”

Por sua vez o sacerdote guineense Domingos Fonseca, vigário geral da diocese de Bafatá, diz que “o nome Mandela é uma energia vulcânica de amor”.

https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2018-07/lisboa-homenagem-nelson-mandela-patrimonio-humanidade.html

 

8 lições que todos devem aprender com Nelson Mandela

8 lições que todos devem aprender com Nelson Mandela

Por ocasião da comemoração do centenário de Nelson Mandela, o Ei teve a oportunidade de conversar, em exclusivo, com algumas figuras de relevo que conheceram e privaram com o carismático líder sul-africano. D. Ximenes Belo, prémio Nobel da Paz, Willie Esterhuyse, professor e figura de destaque na abolição do apartheid, e John Volmink, presidente da Academia Ubuntu, lembraram Madiba e os principais ensinamentos que deixou ao mundo.

Ensinamentos de Mandela

  1. Acreditar que é possível (mesmo quando parece impossível)

A mensagem de que é possível alcançar a paz, mesmo quando todas as probabilidades ditam o contrário, é uma das mais fortes do legado de Nelson Mandela. “Madiba destacou-se como alguém que mudou o destino de todos. Ele fez-nos acreditar que a paz é possível mesmo nas situações mais difíceis”, afirmou John Volmink. “Todos concordamos que há muitos problemas no mundo e a África do Sul foi um lugar único. A raiz dos seus problemas era algo que ninguém pode mudar: a raça. O único caminho era encontrar um líder que unisse toda a gente e construísse essa ponte, de um lado para o outro. Nelson Mandela fez isso, quando ninguém acreditava ser possível”, prosseguiu.

  1. Tratar todos da mesma forma

John Volmink destacou ainda as qualidades inatas de liderança que Mandela tinha, sublinhando a sua capacidade de reconhecer a humanidade em cada pessoa. “Aprendi com Nelson Mandela que ‘a medida de um homem é determinada por aqueles que não podem fazer-lhe nenhum favor’. Fosse quem fosse, Nelson Mandela tratava todos da mesma forma. Esse é um grande atributo de líder. Porque, em qualquer caso, restaura a dignidade e reconhece a humanidade”.

  1. Dialogar com o inimigo

Usamos muitas vezes as palavras perdão ou reconciliação para descrever Mandela. Eu prefiro dizer ‘falem com o inimigo’. Esta era a mensagem específica que ele transmitia sempre”, começou por dizer Willie Esterhuyse, recordando uma das frases míticas de Madiba: ‘Se quiser fazer as pazes com o seu inimigo, tem que trabalhar com ele. Aí, ele torna-se seu parceiro’. Esta frase, prossegue o professor, “capta não só a visão de Mandela, mas toda a sua personalidade. Ele era a encarnação da necessidade de paz, num mundo violento”.

  1. Pôr-se na pele do outro

A empatia é uma das premissas da filosofia Ubuntu, pela qual Nelson Mandela se regia e que ajudou a espalhar pelo mundo. “Ninguém nasce com ódio, é algo que se aprende, que é passado de geração para geração, de pais para filhos e não se questiona. É importante não ignorar. É preciso ouvir a lógica da narrativa. E se eu ouço o outro, o outro tem de me ouvir a mim. Os dois temos uma lógica, não somos loucos”, explicou John Volmink. “Nelson Mandela criou isso”, prosseguiu o presidente da Academia Ubuntu, dando como exemplo a frase proferida no dia em que foi preso, em 1964: “Combati a dominação branca e combati a dominação negra. E este é um ideal pelo qual vivo e pelo qual estou preparado para morrer”. Quando saiu da prisão, 27 anos mais tarde, voltou a dizê-lo. “Nelson Mandela era comprometido com a coesão racial e com a justiça, mas também em compreender as razões do outro”.

  1. Ser humilde

Em 1964, Nelson Mandela foi condenado a prisão perpétua, tendo cumprido 27 anos de cadeia. Estes anos que esteve encarcerado “deram-lhe perspetiva e humildade”, como explica John Volmink. “Uma vez estávamos num encontro, ele ia subir ao palco para fazer um discurso e todos estavam a cantar e a dar-lhes as boas vidas. Ele ficou ali sem dizer nada. Perguntaram-lhe: ‘porque é que não fala?’, ao que respondeu: ‘porque vocês acham que estas pessoas sabem que eu sou. Têm de me apresentar’”, prossegue.

  1. Ser agradável com os outros

Além de todas as características conhecidas de Madiba, Willie Esterhuyse lembra Nelson Mandela como alguém “muito agradável”. Para ilustrar, recorda uma história em que teve de ir buscar Nelson Mandela a um hotel, para uma reunião secreta com Frederik de Klerk, na altura presidente da África do Sul. “Tive que o ir buscar no meu carro, um carro de família e muito velho, que eu achava não ser digno. Ele sentou-se comigo, à frente, e eu pedi-lhe desculpa por não ter encontrado um carro melhor. Ele olhou para mim e disse: ‘Jovem, por favor, não tente impressionar as pessoas com o seu carro, impressione-o com o seu caracter’”.

Esta simpatia também foi ilustrada por Ximenes Belo, que o caracterizou como uma pessoa afável, generosa, alegre e compreensiva com os problemas dos outros. “Por exemplo, quando o conheci, ele estava a par de todos os problemas de Timor Leste e apelava para que houvesse mais diálogo e compreensão entre nós e a Indonésia”, lembrou o Bispo.

  1. Saber quando é altura de parar

Em 1994, quatro anos após a sua libertação, Nelson Mandela é eleito o primeiro presidente negro da África do Sul, naquela que foi a primeira eleição democrática do país. No final do primeiro mandato decidiu não concorrer novamente ao cargo, pois reconheceu que havia outras figuras em ascensão. Esta capacidade de deixar o poder é elogiada por Willie Esterhuyse. “É preciso saber quando dizer chega”, diz o professor, lembrando o exemplo de Mandela. “Não abusem da posição de poder, porque se abusarem, corrompem o ideal do Estado, a corrupção torna-se sistémica e quando a corrupção se torna sistémica, está tudo acabado”, remata.

  1. Recusar a violência

“Não podemos vencer uma guerra, mas podemos vencer umas eleições”. Esta é uma das famosas citações de Madiba, que ilustra a vontade de encontrar a reconciliação entre a humanidade. E esse é, para D. Ximenes Belo, um dos principais legados do líder sul-africano: “esquecer os ódios, as violências e, sobretudo, abrir os corações e as mentes para trabalhar para a construção da paz, afirmou o Bispo. “Temos de trabalhar para que haja reconciliação, tolerância e diálogo entre os homens”, conclui o Prémio Nobel da Paz.

https://www.montepio.org/ei/economia-social/boas-praticas/8-licoes-que-todos-devem-aprender-com-nelson-mandela/

Melissa Mesa: “A espiritualidade é fundamental para dar sentido à vida”

Melissa Mesa: “A espiritualidade é fundamental para dar sentido à vida”

Entrevista

Melissa Gómez Mesa, oradora da conferência que celebrou o centenário do nascimento de Mandela, acompanha processos de ensino de Espiritualidade, Ética, Equidade, Paz e Reconciliação na região de Antioquia, na Colômbia, e noutras partes do país afetadas pelo conflito interno.

A capacidade de reconhecer todos os seres humanos como iguais e de lutar por um bem maior. Para Melissa Gómez Mesa, coordenadora de programas de formação e execução de projetos no Centro de Fé y Cultura, na Colômbia, estes são os principais contributos que Nelson Mandela deixou para a humanidade. A colombiana confessou, em exclusivo ao Ei, ver com apreensão o clima de incerteza em que vive o seu país, onde, afirma, se perdeu o valor da vida. A espiritualidade é o caminho.

Qual a importância de recordarmos e, principalmente, de não esquecermos Nelson Mandela?

É muito importante recordar Mandela pela sua capacidade de reconhecer todos os seres humanos. Os conflitos estão muitas vezes relacionados com o não reconhecimento de uma ou de algumas partes. Mas Nelson Mandela ensinou-nos que é possível resolvê-los de um modo pacífico e que, mesmo nos momentos mais difíceis, é possível encontrar as luzes necessárias para nos conectarmos com o outro, para construirmos pontes e vivermos numa sociedade em paz.

Como é que o legado de Nelson Mandela pode inspirar os líderes de países que iniciaram processos de reconciliação?

Há dois ensinamentos de Nelson Mandela que considero muito importantes. O primeiro, de carácter pessoal e que pode ser útil para todos os seres humanos, é a sua capacidade de reflexão, de parar e de optar por um bem maior. E qual é esse bem maior? É entrar em confronto? É pôr-se de um lado ou do outro? Não. Nelson Mandela escolheu não legitimar nem um, nem o outro lado, mas sim proporcionar o encontro. O segundo é a sua capacidade de liderança. Se os líderes mundiais, em especial os líderes dos países que ainda estão em conflito, estudassem os exemplos de Nelson Mandela, iriam encontrar caminhos para o desenvolvimento das suas comunidades.

Que trabalho está a ser feito na Colômbia para essa reconciliação e, no fundo, para alcançar a paz?

Em primeiro lugar é preciso proporcionar o ambiente adequado para os acordos de paz. A Colômbia tem agora a possibilidade de criar um ambiente com menos tensão para construir as estruturas sociais, políticas e educativas necessárias e para dar uma vida digna às pessoas.
Devemos possibilitar momentos de encontro e ajudar a aumentar a confiança entre os colombianos, porque há medo, há temor e há ódios de uma guerra dura e que deixou muita dor.

Qual o papel dos colombianos na luta por essa mudança? Sente-se essa vontade?

É difícil. No dia 17 de junho, Iván Duque venceu a segunda volta das eleições na Colômbia e, desde aí, parece que o país está dividido em duas partes: uma que defende e que deseja os Acordos de Paz e outra que tem as suas dúvidas, que quer fazer algumas reformas estruturais e que está a abrandar o processo. É aqui que temos de insistir e tentar perceber o porquê dessas dúvidas. Não acho que estejamos perante um cenário de confrontação, mas é difícil. A guerra deixou muita mágoa.

Como é que a espiritualidade pode ajudar as pessoas que vivem em países em conflito?

A espiritualidade é fundamental. Quando falamos em espiritualidade não estamos a falar em religião, são coisas diferentes. A espiritualidade é universal, é a capacidade que o ser humano tem de se conectar com a própria vida e de reconhecer que o outro é igualmente digno. E nesse sentido é muito importante para os colombianos.
O que se passa é que nós, os colombianos, perdemos o valor da vida, porque permitimos muitos atos bárbaros. Mas a espiritualidade permite voltar à essência e à grandeza de viver, à gratidão de partilhar este espaço com outros. A espiritualidade dá sentido à vida e é fundamental para nos ajudar a nos encontrarmos como seres humanos.

Essa ideia, de que ninguém é superior a ninguém, também era muito defendida por Nelson Mandela…

Exatamente. Há uma lição de Nelson Mandela de que gosto muito: a capacidade de entender que o outro tem sempre algo positivo para enriquecer a vida.

Quais são as principais lições que Mandela deixou para a humanidade?

Há duas lições que considero importantes. A primeira é que Nelson Mandela ensinou-nos em que momentos devemos tomar decisões e liderar, mas também em que momentos devemos fazer silêncio e permitir que sejam os outros a tomar decisões.

Em segundo, a coragem – apesar do medo, é preciso ter coragem para ir mais além e tentar. Nelson Mandela foi um construtor de pontes e, na verdade, é para isso que aqui estamos. Não há necessidade de mais conquistas, há necessidade de viver.

Vivemos tempos complexos, com países em conflitos e pouca ou nenhuma confiança dos líderes políticos. O mundo precisa de outro Mandela?

Sim, de muitos outros Nelson Mandela. E acho que todos o podemos ser. Todos os seres humanos, desde que deem o melhor de si e que tomem decisões para o benefício de todos, podem ser como Nelson Mandela. Acredito que hoje em dia não precisamos apenas de líderes políticos, mas também de líderes espirituais que nos ajudem a conectar com o essencial da vida.

https://www.montepio.org/ei/ultimas/economia-social-ultimas/melissa-mesa-a-espiritualidade-e-fundamental-para-dar-sentido-a-vida/

 

Direitos Humanos: Dia Internacional Nelson Mandela assinalado em Portugal

O Instituto Padre António Vieira organiza programa de iniciativas para «celebrar Mandela»

Lisboa, 17 jul 2018 (Ecclesia) – O Instituto Padre António Vieira assinala o centésimo aniversário do nascimento de Nelson Mandela com conferências e iniciativas através do projeto “Academia de Líderes Ubuntu”.

A “Academia de Líderes Ubuntu”, projeto do Instituto Padre António Vieira (IPAV), “que tem em Nelson Mandela um dos seus grandes inspiradores, não podia deixar de comemorar esta data”, refere a página da internet da iniciativa.

Desde 2010 a inspirar “jovens para liderarem como Mandela”, esta academia organizou um programa de atividades e iniciativas nesta semana em que se assinala o centésimo aniversário do nascimento de Nelson Mandela, a 18 de julho.

Uma das conferências acontece esta terça-feira e conta com intervenções de convidados nacionais e internacionais sobre o “impacto que o exemplo de Nelson Mandela teve nas suas vidas, quer através de um contacto pessoal, quer através da inspiração intergeracional junto dos mais jovens”, como se pode ler.

O painel de oradores conta com D. Ximenes Belo, prémio nobel da Paz 1996, Rui Marques, presidente do IPAV e Eugénia Quaresma, da Academia de Líderes Ubuntu e diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações, entre outros.

Esta quarta-feira, dia Internacional Nelson Mandela, acontece ainda a iniciativa “Pontes Mandela”, uma ação de sensibilização, com distribuição de postais que inspirem para a construção de pontes, em torno da memória de Nelson Mandela, que vão ser entregues nas pontes 25 de abril e Vasco da Gama e em várias estações ferroviárias da cidade de Lisboa.

O Dia Internacional Nelson Mandela é uma comemoração internacional instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em novembro de 2009, a ser comemorado em todos os dias 18 de julho, data de nascimento do líder sul-africano, “instando o Mundo a assinalar a efeméride fazendo a diferença nas comunidades em que se inserem”.

SN

Manifesto sobre os Pactos Globais das Nações Unidas sobre Refugiados e Migrantes: Acolher, promover, proteger e integrar

Manifesto sobre os Pactos Globais das Nações Unidas sobre Refugiados e Migrantes: Acolher, promover, proteger e integrar

Por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, que se assinala a 20 de junho, o Fórum de Organizações Católicas para a Imigração (FORCIM) torna público o seu Manifesto sobre os Pactos Globais das Nações Unidas sobre os Refugiados e para as Migrações Seguras, Ordenadas e Regulares, que poderá ser consultado aqui MANIFESTO SOBRE PACTOS GLOBAIS SOBRE REFUGIADOS E PARA AS MIGRAÇÕES_FINAL

Este Manifesto surge como resposta ao apelo do Papa Francisco de se chamar a atenção dos Governos, especificamente dos responsáveis pelas negociações relativas aos Pactos Globais, sobre considerações particularmente pertinentes que fomentem uma solidariedade mais concreta para com os migrantes e refugiados.

Partindo dos quatro verbos de ação – acolher, promover, proteger e integrar – pretende-se chamar a atenção sobre os princípios que devem estar assegurados nos Pactos Globais para que estes estejam orientados, acima de qualquer outro interesse e intuito, para o bem comum e centrados na integridade e dignidade da pessoa, contemplando a visão de uma só família humana, que habita uma Casa Comum.

Convidamos outras organizações ou instituições comprometidas com a proteção e defesa das necessidades e interesses de migrantes e refugiados a subscrever este Manifesto (entrando em contacto com a nossa organização).