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Igreja: D. António Vitalino celebra 50 anos de sacerdócio (c/vídeo)

Igreja: D. António Vitalino celebra 50 anos de sacerdócio (c/vídeo)

D. António Vitalino, bispo emérito de Beja e religioso da Ordem do Carmo, celebra hoje as bodas de ouro da ordenação sacerdotal, destacando o ministério dedicado aos emigrantes.

“Os emigrantes foram sempre a minha paixão”, disse o prelado, em entrevista à Agência ECCLESIA, referindo o trabalho feito para ajudar estas pessoas, “conseguir contratos para os familiares, as mulheres, defendê-los junto da polícia, dos tribunais, nas fábricas”.

A ordenação sacerdotal aconteceu a 3 de agosto de 1968, no Santuário do Sameiro (Braga), e D. António Vitalino lembra que pediu “uma máquina fotográfica” com a qual “se fotografou a ordenação, a Missa Nova” e começou “a fazer fotografias” e depois slides; hoje, pede orações por si.

“Desejo que rezem por mim para que tenha juízo, e até à hora da morte. É realmente importante. Tenho tudo o que preciso, já tenho muita maquineta antiga”, pede.

O bispo emérito de Beja nasceu a 3 de novembro de 1941 em Barros, Vila Verde, na Arquidiocese de Braga, e lembra que na redação do exame da Quarta-classe escreveu que “queria ser missionário”.

As primeiras experiências foram as Ordens Franciscanas – os Frades Menores e os Capuchinhos -, seguindo-se o seminário Carmelita da Falperra, em Braga; depois do noviciado, D. António Vitalino pediu para ir para a Alemanha, explicando que “no Concílio Vaticano II os teólogos alemães se tinham distinguido muito”.

Enquanto estudava Teologia, descobriu os emigrantes, assistiu “às primeiras grandes levas” de portugueses para as “grandes fábricas alemãs”, e isso foi “providencial” para descobrir que a sua vocação “era mais entre o povo, era pastoral”.

“As autoridades precisavam de alguém que percebesse alemão e a língua dos portugueses”, assinala o entrevistado, que começou também “a traduzir documentos”.

Foi na emigração que D. António Vitalino encontrou “mais homens alentejanos numa celebração” – 220 trabalhadores que, depois de ouvirem os “seus direitos”, participaram “todos” na Eucaristia, quando o interlocutor “disse que era padre” e podia celebrar.

Um trabalho “muito interessante” que ajudou o entrevistado a “ser missionário na Europa”; a Pastoral das Migrações é um serviço que ainda hoje conta com o seu empenho.

»O padre carmelita regressou a Portugal em 1976 e foi para a Paróquia de Santo António dos Cavaleiros, em Loures; passados 20 anos foi nomeado bispo auxiliar de Lisboa, a 3 de julho de 1996, tendo sido ordenado bispo aos 54 anos, a 29 de setembro de 1996, na igreja do Mosteiro dos Jerónimos.

A 25 de janeiro de 1999, o então Papa João Paulo II nomeou-o bispo de Beja; a entrada solene realizou-se dia 11 de abril, uma região onde a Ordem Carmelita está desde o século XIII.

O 16.º bispo da Diocese de Beja ordenou 19 presbíteros e dinamizou o primeiro Sínodo diocesano para “consultar o povo de Deus”.

Neste âmbito, lembra que realizou um pré-sínodo e com “mais de 1000 respostas” de leigos colaboradores mostrou aos padres “céticos que era altura de convocar o sínodo”.

Uma das conclusões do Sínodo da Diocese de Beja foi a necessidade de formação e “o saber trabalhar com o povo”.

“Não existimos para nós mesmos, existimos para o povo de Deus. Se não escutamos os leigos estamos a trabalhar em vão. Podemos estar só a repetir coisas do nosso ministério, mas não é a resposta adequada”, desenvolve o bispo emérito.

Em 17 anos de serviço episcopal em Beja, D. António Vitalino “nunca” sentiu resistências ideológicas: “Entendia-me bem com todos”.

A 10 de outubro de 2014, o Papa Francisco nomeou D. João Marcos como bispo coadjutor da Diocese de Beja, a pedido de D. António Vitalino que manifestou necessidade de um bispo coadjutor a quem confiar essa missão quando atingisse os 75 anos, que o entrevistado completou a 3 de novembro de 2016.

Atualmente, D. António Vitalino vive na casa dos Carmelitas em Fátima e revela que “faz o que pedem”.

O prelado é membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana e dedica-se, por exemplo, às migrações e ao Apostolado do Mar.

As tecnologias continuam a fazer parte das suas ocupações, dedicando-se “a digitalizar os slides”, e fazer “filmes nos tempos livres”, muitos deles para oferecer.

PR/CB/OC

Igreja: D. António Vitalino celebra 50 anos de sacerdócio (c/vídeo)

Igreja: D. António Vitalino celebra 50 anos de sacerdócio (c/vídeo)

Mensagem para a Semana das Migrações 2018

Mensagem para a Semana das Migrações 2018

Inspirando-se na Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado, ocorrido este ano de 2018 a 14 de janeiro, a Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH) escolheu como lema para a semana das migrações: Cada forasteiro é ocasião de encontro, Migrantes e Refugiados no caminho para Cristo. O ser humano realiza-se e é feliz no amor, para o qual foi criado, que apenas surge quando a pessoa se encontra com outra e nela descobre também a mesma dignidade e um companheiro no caminho da vida. Jesus Cristo na Sua mensagem evangélica concretiza este acontecimento, afirmando que sempre que fazemos o bem a alguém que precisa é a Ele mesmo que o fazemos e por isso temos parte com Ele na felicidade eterna (cf. Mt 25). Ora o migrante e refugiado encontra-se nessa situação e, por isso, quem se encontra com ele e lhe faz o bem, é ao mesmo Cristo que o faz, a quem os cristãos são chamados a seguir.

Na mensagem o Papa Francisco pede à Igreja e à sociedade civil para desenvolver uma ação clara em prol dos migrantes, refugiados e vítimas de tráfico humano. Pede também aos Estados membros da ONU, empenhados num Pacto Global, que enfrentem a questão migratória, propondo medidas de acolhimento, de proteção, de promoção e de integração destes irmãos nossos que batem às nossas portas, fugidos à fome, à guerra e à perseguição.

Sendo a mobilidade uma das características das sociedades modernas, é necessário que os países a integrem na sua legislação, de modo que se torne um fenómeno ordenado, legal e seguro e contribua para o bem dessas pessoas e para o seu desenvolvimento social e económico. Por isso a Conferência episcopal publicou uma nota pastoral, pedindo aos nossos governantes e à Igreja para que tenham isto em atenção.

Perante o drama dos refugiados, que fogem à guerra, à fome, à seca e à pobreza, muitos morrendo pelos caminhos perigosos, vítimas de máfias sem escrúpulos, como cristãos e seres humanos não podemos ficar insensíveis a tudo isto.

Não podemos ficar insensíveis a alguns atropelos que acontecem não apenas noutros países, mas também no nosso, muitas vezes vezes empregando pessoas de outras origens e culturas, sem lhes reconhecer os direitos a trabalho humano, remuneração justa, habitação digna, alimentação capaz, segurança social e saúde pública como aos autóctones. Ainda pior quando são vítimas de intermediários sem consciência, que lhes confiscam os documentos, os empregadores pagam os salários através destes, que ficam com parte do salário e ameaçam os seus familiares nos países de proveniência.

Algo semelhante acontece com empresas que recrutam mão de obra em Portugal para trabalharem no estrangeiro, prometendo condições vantajosas que depois não se verificam.

Embora muito se tem feito em Portugal pelo governo e sociedade civil, ainda nos resta um longo caminho a percorrer. Precisamos de rever a nossa legislação sobre as migrações, facilitando o acolhimento, a proteção, a promoção e integração dos migrantes e refugiados no país, fazendo leis justas de reunificação familiar e fiscalizando as empresas que recorrem a mão de obra estrangeira, para que para igual trabalho se pratique uma remuneração igual aos portugueses.

Também nas comunidades eclesiais há muito a fazer, prestando atenção aos estrangeiros que vivem na área das nossas paróquias, através de voluntários devidamente preparados, informando-se sobre as suas condições familiares, laborais, sociais e de culto, promovendo cursos de língua portuguesa para os que ainda sentem dificuldades de relacionamento com a nossa sociedade e, caso tenham alguma religião, ajudando-os a encontrar os ministros da sua fé. Se forem católicos, procurar nas paróquias a sua integração e, se necessário, buscar na diocese ou na Igreja em Portugal a assistência necessária, para que possam exprimir na sua língua materna a sua alma religiosa, sobretudo por ocasião das grandes festas.

É um longo e complexo processo, já em curso em Portugal, mas será o único capaz de fazer do fenómeno da mobilidade um fator de enriquecimento harmónico do mundo global em que vivemos, tornando os nossos ambientes, marcados pela mobilidade, mais pacíficos, dialogantes e integradores.

† António Vitalino, carmelita, bispo emérito de Beja e membro da CEPSMH

Na casa do Pai: D. António José Rafael

Na casa do Pai: D. António José Rafael

Para a casa do pai, partiu D. António José Rafael, Bispo emérito da Diocese de Bragança-Miranda.
A OCPM recorda, em memória agradecida, a sua dedicação à diáspora portuguesa, durante o tempo em que integrou, como vogal a Comissão Episcopal de Migrações e Turismo/Mobilidade Humana, de 2002 a 2011.
Além do trabalho na Comissão Episcopal, foi um bispo disponível para visitar as Comunidades Portuguesas. Sobretudo, no mês de Maio, mês de evocação da devoção filial dos portugueses da Diáspora à Mãe de Deus. Gostava de visitar as famílias portuguesas do Principado de Andorra. Que descanse em paz do seu migrar entre nós!

«A Missa Exequial será celebrada esta segunda-feira, às 16h00, com sepultação no átrio dos Bispos na Catedral, informou a Diocese de Bragança-Miranda, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

Natural de Lamego, onde nasceu em 1925, D. António José Rafael foi auxiliar de Bragança-Miranda, entre 1977 e 1979, e depois bispo residencial da diocese até 2001, sucedendo-lhe nessa ocasião D. António Montes Moreira e, em 2011, D. José Cordeiro.

No dia 13 de fevereiro de 2017, a Diocese de Bragança-Miranda assinalou os 40 anos de ordenação episcopal de D. António José Rafael.

Nessa ocasião, o atual bispo de Bragança-Miranda. D. José Cordeiro, homenageou um prelado que transformou “as dificuldades em oportunidades”.

“Diante do seu estilo frontal, lutador e corajoso ninguém ficou indiferente. Pensava a Europa como um lugar de Paz e de solidariedade olhando ao seu patrono – S. Bento – com o mote ‘ora et labora’”.

 

Ao longo do seu ministério, o falecido bispo foi responsável pela projeção da nova Catedral de Bragança, que começou a ser construída em 1981.

Uma memória imortalizada em livro, através da obra ‘Na nossa Catedral, para sempre nos encontraremos: D. António José Rafael e Mário Ferreira da Silva’, da autoria de Henrique Manuel Pereira, doutor em Cultura e professor da Escola de Artes (Porto) da Universidade Católica Portuguesa.

A Sé de Bragança foi dedicada a 7 de outubro de 2001, no último ano de D. António José Rafael à frente da diocese transmontana.

Em 2013, D. António Rafael teve um princípio de AVC, tendo sido internado no Hospital de Vila Real e no Hospital da Prelada, da Santa Casa da Misericórdia do Porto.

No ano seguinte regressou à diocese transmontana e foi acolhido pelo Instituto Diocesano do Clero, na Fundação Betânia.»

 

PR/OC

 

“Nelson Mandela foi líder pelo exemplo”

“Nelson Mandela foi líder pelo exemplo”

17 jul, 2018 – 22:52 • Entrevista moderada por José Pedro Frazão e Ana Galvão

O centenário do nascimento de Nelson Mandela assinala-se esta quarta-feira, em todo o mundo. A importância do símbolo da luta contra o “apartheid” para a história da Humanidade esteve em análise na Tarde da Renascença, com Eugénia Quaresma, diretora do Secretariado Nacional da Mobilidade Humana e da Obra Católica Portuguesa de Migrações, membro do projecto Academia de Líderes Ubuntu, uma filosofia de vida e uma maneira de estar inspirada em Mandela.

http://rr.sapo.pt/noticia/119077/nelson-mandela-foi-lider-pelo-exemplo

 

 

Comunicado final do XIII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos (EBPL)

Comunicado final do XIII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos (EBPL)

  1. Estivemos reunidos na Cidade de Praia (Cabo Verde) de 27 a 29 de abril de 2018 no XIII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos (EBPL), para partilhar as realidades sociais e eclesiais, tendo como tema principal «Os Jovens na Igreja: presença efetiva e transformadora»:
  • de Angola, D. Filomeno Vieira Dias, Arcebispo de Luanda e Presidente da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST), e D. António Jaca, Bispo nomeado de Benguela e Secretário da CEAST;
  • do Brasil, Cardeal D. Sérgio da Rocha, Arcebispo de Brasília e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e Murilo Sebastião Krieger, Arcebispo de São Salvador da Bahia e Vice-Presidente da CNBB;
  • de Cabo Verde, Cardeal D. Arlindo Gomes Furtado, Bispo de Santiago, D. Ildo Fortes, Bispo de Mindelo, e padres João Augusto Mendes Martins e Edson Bettencourt, respetivamente Vigário Geral e Chanceler da Diocese de Santiago;
  • da Guiné Bissau, D. Pedro Carlos Zilli, Bispo de Bafatá, e D. José Lampra Cá, Bispo auxiliar de Bissau;
  • de Moçambique, D. Francisco Chimoio, Arcebispo de Maputo e Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM);
  • de Portugal, Cardeal D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), P. Manuel Barbosa, Secretário da CEP, e Dr. Jorge Líbano Monteiro, Presidente da Fundação Fé e Cooperação (FEC);
  • de S. Tomé e Príncipe, D. Manuel António dos Santos, Bispo de S. Tomé e Príncipe.

 

  1. Arlindo Gomes Furtado iniciou os trabalhos com a invocação do Espírito Santo, reforçou a relevância destes encontros e saudou todos os participantes, que confirmaram o Regulamento Interno do EBPL e a agenda desta reunião.

 

  1. A partir da nossa partilha sobre situações e desafios sociais e eclesiais de cada país, apresentamos algumas constatações e desafios comuns:
  • Verificamos que nos nossos países a Igreja se manteve fiel à sua missão profética de procura de caminhos comuns através do diálogo e da afirmação pública das suas convicções, contribuindo para uma sociedade democrática que defenda a dignidade humana, a paz e o bem comum.
  • Denunciamos a mentalidade individualista e consumista que contraria perspetivas de futuro para os jovens como a falta de emprego e incentivamos projetos que apoiem de modo criativo a sua integração no mundo empresarial e laboral.
  • Valorizamos a simplificação da concessão de vistos nalguns países, que facilita a livre circulação de pessoas e bens, e esperamos que esse processo se possa estender a todos os países lusófonos, promovendo assim uma verdadeira comunidade de pessoas.
  • Constatamos a dificuldade das famílias viverem a sua vocação cristã e a sua decisiva importância para a sociedade e para a construção da comunidade cristã, e sentimos a urgência de acompanhar cada vez mais as famílias na sua realidade, através da nossa ação pastoral de acordo com a Exortação Apostólica Amoris Laetitiae em colaboração efetiva com movimentos de famílias.
  • Saudamos o reinício da emissão nacional da Rádio Ecclesia em Angola e reforçamos a importância da liberdade de imprensa para a consolidação de uma sociedade plural e democrática.
  • Verificamos significativos aumentos de vocações sacerdotais nas diferentes Igrejas lusófonas, como sinal da sua vitalidade.

 

  1. No seguimento do último encontro, partilhámos as implicações, aprendizagens e ações pastorais da Encíclica Laudato Si’do Papa Francisco sobre a ecologia e o cuidado pela nossa casa comum. Verificamos uma maior consciência das nossas comunidades pela ecologia integral e a existência de inúmeros projetos em curso, em que destacamos a criação da «Floresta Laudato Si’» em Angola pela CEAST, com a plantação de milhares de árvores para travar o avanço do deserto.

 

  1. Refletimos sobre «os Jovens na Igreja: presença efetiva e transformadora», em ligação com o processo de preparação da próxima Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre «os jovens, a fé o discernimento vocacional». Escutámos a realidade dos jovens nos diferentes países, salientando as boas práticas pastorais com os jovens, a realização de jornadas mundiais, diocesanas e nacionais de juventude, as iniciativas de voluntariado missionário, campos de férias e movimentos que acompanhem os jovens nas suas realidades quotidianas. Reforçámos a importância decisiva das famílias para o desenvolvimento dos jovens e a necessidade de potenciar a comunidade cristã como família de famílias.

 

  1. Propomos unanimemente que a língua portuguesa, a quinta língua do mundo falada por 260 milhões de pessoas, seja utilizada como língua oficialnas assembleias gerais do Sínodo dos Bispos.

 

  1. Acolhemos Martin Brockelman Simon, que nos apresentou a realidade e as propostas da Misereorna luta contra a pobreza na África, Ásia e América Latina, focando particularmente as problemáticas dos refugiados, migrantes e tráfico de pessoas. Fomos ainda informados das declarações finais, quer do IX Fórum das Cáritas dos Países Lusófonos, que decorreu em Cabo Verde em outubro de 2017 sobre o tema «Fome e Desigualdades, o compromisso da Cáritas nos processos social e económico desses países», quer do Encontro de 43 países da Região África da Cáritas Internacional, que decorreu em Dakar em setembro de 2017 sobre o tema «Organizando o serviço caritativo em África: o papel dos Bispos».

 

  1. Manifestamos a nossa gratidão e congratulação pela celebração, em 2017, do Centenário das Apariçõesde Nossa Senhora em Fátima, que culminou com a canonização de Francisco e Jacinta Marto pelo Papa Francisco em Fátima, dos 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida no Brasil, dos 50 anos de existência da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e da Conferência Episcopal Portuguesa e dos 40 anos da Diocese de Bissau.

 

  1. «Os desafios da Igreja à Sociedade» foi o tema da sessão pública que decorreu no salão do centro paroquial Nossa Senhora da Graça e teve D. Manuel Clemente, D. Sérgio Rocha e D. António Jaca como intervenientes. Em atitude de reciprocidade, a Igreja propõe os valores evangélicos concretizados nos quatro grandes princípios da doutrina social da Igreja: dignidade da pessoa humana, bem comum, subsidiariedade e solidariedade; os mesmos princípios que a sociedade espera que sejam vividos com coerência pelos cristãos. Entre os vários campos de atuação desta implicação recíproca, foram referidos os seguintes: o estilo de vida dos jovens cristãos, participando com coerência nos espaços da vida social e eclesial; o cuidado da ecologia e da casa comum, assumido com responsabilidade a nível pessoal e dos poderes públicos; a convivência respeitosa e pacífica entre as pessoas, incentivando uma cultura do diálogo, da fraternidade e da paz; a defesa intransigente da vida, da dignidade humana e da família, através de leis que protejam a vida e a família; a luta contra a corrupção, o tráfico e a escravatura de pessoas, a ideologia do género, a eutanásia e tudo quanto não dignifica a pessoa; a promoção da presença da mulher na Igreja e na sociedade.

 

  1. Tivemos uma audiência na Assembleia Nacional de Cabo Verde com o seu Presidente, e Presidente da República em exercício, Eng. Jorge Santos, de quem recebemos palavras de reconhecimento e incentivo à presença da Igreja neste país.

Visitámos o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, onde tomámos conhecimento da sua atividade, e a Cidade Velha, Património Mundial da Humanidade, onde relembrámos a ação missionária e cultural da Igreja em Cabo Verde.

 

  1. Em comunhão com a Igreja local e seus pastores, celebrámos a Eucaristia dominicalna Catedral de Nossa Senhora da Graça, agradecendo ao Cardeal Arlindo Gomes Furtado o excelente acolhimento ao longo deste encontro.

 

  1. XIV Encontro de Bispos dos Países Lusófonosvai decorrer na Guiné-Bissau, de 16 a 19 de janeiro de 2020, cabendo desde já aos Bispos deste país assegurar a presidência do EBPL até à sua realização, em coordenação com a Fundação Fé e Cooperação (FEC).

 

Cidade da Praia, Cabo Verde, 29 de abril de 2018

 

Nota Pastoral da CEP – Migrantes e Refugiados

Nota Pastoral da CEP – Migrantes e Refugiados

Nota Pastoral da CEP 

Acolher, proteger, promover e integrar migrantes e refugiados  – um compromisso para os pactos globais

 

Na mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2018, que ocorreu a 14 de janeiro, o Papa Francisco pedia à Igreja e à sociedade civil para desenvolver uma ação clara em prol dos migrantes, refugiados e vítimas de tráfico humano. Pedia também aos Estados membros da ONU, empenhados num Pacto Global, que enfrentassem a questão migratória, propondo medidas de acolhimento, de proteção, de promoção e de integração destes irmãos nossos que batem às nossas portas, fugidos à fome, à guerra e à perseguição.

Mas, antes de tudo, é necessário admitir o princípio da mobilidade como uma das características das sociedades modernas e integrá-la na legislação de cada país, para que isso aconteça de modo ordenado, legal e seguro.

Temos conhecimento que em Portugal muitas empresas cumprem as suas obrigações sociais com trabalhadores estrangeiros, mas não podemos ficar insensíveis a alguns atropelos que acontecem não apenas noutros países, mas também no nosso, como o trabalho sazonal, sobretudo na agricultura, realizado por pessoas de outras origens e culturas, sem lhes reconhecer os direitos a trabalho humano, remuneração justa, habitação digna, alimentação capaz, segurança social e saúde pública.  Ainda pior quando são vítimas  de intermediários sem consciência, que lhes confiscam os documentos, parte do salário e ameaçam os seus familiares nos países de proveniência. Algo semelhante acontece com ‘empresas’ que recrutam mão-de-obra em Portugal para trabalhar no estrangeiro, prometendo condições vantajosas que depois não se verificam.

Acerca dos migrantes e refugiados, não podemos deixar de salientar o esforço que tem sido desenvolvido em Portugal no sentido de maior capacidade de acolhimento. É de realçar todo o trabalho desenvolvido pela PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados. Todavia, com base nas quatro ações sugeridas (acolhimento, proteção, promoção e integração), propomos algumas medidas viáveis para ajudar a solucionar este problema global do nosso tempo.

  1. Acolher em vez de devolver.

Sendo a mobilidade humana um fenómeno que caracteriza o nosso tempo e as nossas sociedades multiculturais e inter-religiosas, deverão os nossos responsáveis políticos, como os de outros Estados, procurar responder a este fenómeno, criando para isso legislação adequada para o seu acolhimento justo e digno, em vez de fecharem as fronteiras da Europa e devolverem estas pessoas a países terceiros, que, por sua vez, os repatriam para os seus países de origem, pobres e, muitas vezes, atingidos pela corrupção e pela guerra. Criar, para isso, corredores humanitários seguros, para evitar que sejam vítimas do tráfico de máfias sem escrúpulos, a quem unicamente interessa o dinheiro.

  1. Proteger e não apenas socorrer.

Muitas destas pessoas, esfomeadas, violadas e feridas, depois de um longo e penoso caminho por mares, desertos e montanhas, chegam até nós carentes de afeto e proteção, sobretudo os menores e as crianças sem familiares. Em conformidade com a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, devem ser protegidas e defendidas, com acesso a cuidados de saúde e educação, de modo a que possam crescer e ter o amparo humano de que necessitam.

  1. Promover em vez de abandonar.

Os migrantes, os refugiados e as vítimas de tráfico humano devem ser apoiados de modo a que, conscientes dos seus direitos e deveres, se desenvolvam como pessoas reconhecidas na sua dignidade e situação de vida particular, participando ativamente na vida local, de modo a poderem dar o seu contributo pessoal e comunitário aos países onde vivem, sem esquecerem as suas origens, a cultura e o bem-estar dos seus familiares.

  1. Integrar em vez de empurrar para guetos.

Os migrantes contribuem para o desenvolvimento global, não apenas enquanto mão-de-obra produtiva, mas enquanto pessoas com um ‘capital’ de experiência de vida, riqueza cultural, religião, língua e costumes. Por isso precisamos de fomentar uma cultura de encontro e de diálogo, de modo a enriquecermo-nos mutuamente, em vez de os empurrar para guetos linguísticos, de culto, de etnias ou de cor, contribuindo para aumentar os focos de tensão e conflito, impedindo-os de se tornarem membros e cidadãos de pleno direito das nossas sociedades e comunidades.

É um longo e complexo processo, já em curso também em Portugal, mas será o único capaz de fazer do fenómeno da mobilidade um fator de enriquecimento harmónico do mundo global em que vivemos, tornando os nossos ambientes, marcados pela mobilidade, mais pacíficos, dialogantes e integradores.

Confiamos na boa vontade e no sentido de justiça dos nossos legisladores e fazemos apelo aos responsáveis do Governo a que continuem a desenvolver medidas de acolhimento e integração dos migrantes, dos refugiados e das vítimas do tráfico humano e partilhem as boas práticas com os outros países no âmbito das Nações Unidas, para que o Pacto Global sobre as migrações internacionais e sobre os refugiados seja um enriquecimento para todo o mundo e assim se integre a mobilidade na realidade das nossas sociedades.

Esperamos também que na sociedade, nas instituições e nas comunidades cristãs das nossas Dioceses portuguesas se cultive o amor generoso que se traduza em acolhimento, proteção, promoção e integração dos que buscam, com verdade, sentido para a vida.

Fátima, 12 de abril de 2018