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MIGRAÇÕES, OPORTUNIDADE PARA A PAZ

MIGRAÇÕES, OPORTUNIDADE PARA A PAZ

Quando cada vez mais, em diversos países, se reforçam correntes hostis a migrantes e refugiados, o Papa Francisco, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, associa as migrações à construção da paz. Afirma, referindo-se a estas: «Alguns consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a olhá-las com um olhar repleto de confiança, como oportunidade para construir um futuro de paz».

A paz é o que buscam muitos dos migrantes e refugiados: os que fogem da guerra, mas também os que fogem da fome ou da opressão. Para a encontrar, diz a mensagem, «muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta».

Mas em que medida podem as migrações contribuir para a construção da paz?

«O desenvolvimento é o novo nome da paz» – disse Paulo VI há cinquenta anos na encíclica Popolorum progressio. «Todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja» – diz o Papa Francisco nesta mensagem, citando o Papa emérito Bento XVI. As migrações podem contribuir para concretizar este direito. E- dizem-no vários estudos- contribuem para o desenvolvimento quer dos países de origem dos migrantes, quer dos países de destino.

E não é só esse o contributo que podem dar os migrantes e refugiados aos países de destino Nesta mensagem, o Papa Francisco afirma que eles «não chegam de mãos vazias: trazem uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem.». O diálogo de culturas traduz-se em enriquecimento recíproco. E disse o Papa noutra ocasião (no discurso que deixou escrito quando visitou a Universidade Roma Tre, em 17 de fevereiro passado): «Uma cultura consolida-se através da abertura e do confronto com as outras culturas, desde que haja uma consciência clara e madura dos próprios princípios e valores».

Acolher, proteger, promover e integrar: são os quatro verbos que devem inspirar as políticas dos governos e as ações das sociedades de acolhimento- já o disse o Papa Francisco em várias ocasiões.

A mensagem sublinha a importância de que se revestem os dois pactos globais sobre migrações (seguras, ordenadas e regulares) e refugiados que se espera venham a ser aprovados em 2018 no âmbito das Nações Unidas. Porque se exigem soluções globais, não isoladas ou unilaterais. Afirma o Papa a respeito destes pactos: «é importante que sejam inspirados por sentimentos de compaixão, clarividência e coragem, de modo a aproveitar todas as ocasiões para fazer avançar a construção da paz: só assim o necessário realismo da política internacional não se tornará uma capitulação ao cinismo e à globalização da indiferença».

É bom que estas palavras tenham um particular eco em Portugal, um país marcado pela emigração desde há séculos (e que dela tanto beneficiou e continua a beneficiar) e também, mais recentemente, pela imigração. Também esta vem beneficiando o nosso país. Os dados mais recentes, do Observatório para as Migrações (ver www.om.acm.gov.pt) revelam, mais uma vez, que os contributos financeiros dos imigrantes para o Estado português são maiores do que as prestações de que beneficiam. E apesar de estes conhecerem maior risco de pobreza e privação material severa do que os nacionais.

As migrações podem ser uma oportunidade para a paz- é o que diz, em síntese, esta mensagem e que a Comissão Nacional Justiça e Paz quer sublinhar. Como disse São João Paulo II, citado na mensagem: «Se o “sonho” de um mundo em paz é partilhado por tantas pessoas, se se valoriza o contributo dos migrantes e dos refugiados, a humanidade pode tornar-se sempre mais família de todos e a nossa terra uma real “casa comum”».

Lisboa, 28 de dezembro de 2017

A Comissão Nacional Justiça e Paz

Migrantes e Refugiados: homens e mulheres em busca de Paz

Migrantes e Refugiados: homens e mulheres em busca de Paz

1. Votos de paz

Paz a todas as pessoas e a todas as nações da terra! A paz, que os anjos anunciam aos pastores na noite de Natal,[1] é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta. Dentre estes, que trago presente nos meus pensamentos e na minha oração, quero recordar de novo os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados. Estes últimos, como afirmou o meu amado predecessor Bento XVI, «são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz».[2] E, para o encontrar, muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta.

Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental.

Estamos cientes de que não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura. Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangente, a gestão responsável de novas situações complexas que às vezes se vêm juntar a outros problemas já existentes em grande número, bem como recursos que são sempre limitados. Praticando a virtude da prudência, os governantes saberão acolher, promover, proteger e integrar, estabelecendo medidas práticas, «nos limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido, [para] lhes favorecer a integração»[3]. Os governantes têm uma responsabilidade precisa para com as próprias comunidades, devendo assegurar os seus justos direitos e desenvolvimento harmónico, para não serem como o construtor insensato que fez mal os cálculos e não conseguiu completar a torre que começara a construir.[4]

2. Porque há tantos refugiados e migrantes?

Na mensagem para idêntica ocorrência no Grande Jubileu pelos 2000 anos do anúncio de paz dos anjos em Belém, São João Paulo II incluiu o número crescente de refugiados entre os efeitos de «uma sequência infinda e horrenda de guerras, conflitos, genocídios, “limpezas étnicas”»[5] que caraterizaram o século XX. E até agora, infelizmente, o novo século não registou uma verdadeira viragem: os conflitos armados e as outras formas de violência organizada continuam a provocar deslocações de populações no interior das fronteiras nacionais e para além delas.

Todavia as pessoas migram também por outras razões, sendo a primeira delas «o desejo de uma vida melhor, unido muitas vezes ao intento de deixar para trás o “desespero” de um futuro impossível de construir».[6] As pessoas partem para se juntar à própria família, para encontrar oportunidades de trabalho ou de instrução: quem não pode gozar destes direitos, não vive em paz. Além disso, como sublinhei na Encíclica Laudato si’, «é trágico o aumento de migrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental».[7]

A maioria migra seguindo um percurso legal, mas há quem tome outros caminhos, sobretudo por causa do desespero, quando a pátria não lhes oferece segurança nem oportunidades, e todas as vias legais parecem impraticáveis, bloqueadas ou demasiado lentas.

Em muitos países de destino, generalizou-se largamente uma retórica que enfatiza os riscos para a segurança nacional ou o peso do acolhimento dos recém-chegados, desprezando assim a dignidade humana que se deve reconhecer a todos, enquanto filhos e filhas de Deus. Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos.[8]

Todos os elementos à disposição da comunidade internacional indicam que as migrações globais continuarão a marcar o nosso futuro. Alguns consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a vê-las com um olhar repleto de confiança, como oportunidade para construir um futuro de paz.

3. Com olhar contemplativo

A sabedoria da fé nutre este olhar, capaz de intuir que todos pertencemos «a uma só família, migrantes e populações locais que os recebem, e todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja. Aqui encontram fundamento a solidariedade e a partilha».[9] Estas palavras propõem-nos a imagem da nova Jerusalém. O livro do profeta Isaías (cap. 60) e, em seguida, o Apocalipse (cap. 21) descrevem-na como uma cidade com as portas sempre abertas, para deixar entrar gente de todas as nações, que a admira e enche de riquezas. A paz é o soberano que a guia, e a justiça o princípio que governa a convivência dentro dela.

Precisamos de lançar, também sobre a cidade onde vivemos, este olhar contemplativo, «isto é, um olhar de fé que descubra Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças (…), promovendo a solidariedade, a fraternidade, o desejo de bem, de verdade, de justiça»,[10] por outras palavras, realizando a promessa da paz.

Detendo-se sobre os migrantes e os refugiados, este olhar saberá descobrir que eles não chegam de mãos vazias: trazem uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem. Saberá vislumbrar também a criatividade, a tenacidade e o espírito de sacrifício de inúmeras pessoas, famílias e comunidades que, em todas as partes do mundo, abrem a porta e o coração a migrantes e refugiados, inclusive onde não abundam os recursos.

Este olhar contemplativo saberá, enfim, guiar o discernimento dos responsáveis governamentais, de modo a impelir as políticas de acolhimento até ao máximo dos «limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido»,[11] isto é, tomando em consideração as exigências de todos os membros da única família humana e o bem de cada um deles.

Quem estiver animado por este olhar será capaz de reconhecer os rebentos de paz que já estão a despontar e cuidará do seu crescimento. Transformará assim em canteiros de paz as nossas cidades, frequentemente divididas e polarizadas por conflitos que se referem precisamente à presença de migrantes e refugiados.

4. Quatro pedras miliárias para a ação

Oferecer a requerentes de asilo, refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano uma possibilidade de encontrar aquela paz que andam à procura, exige uma estratégia que combine quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar.[12]

«Acolher» faz apelo à exigência de ampliar as possibilidades de entrada legal, de não repelir refugiados e migrantes para lugares onde os aguardam perseguições e violências, e de equilibrar a preocupação pela segurança nacional com a tutela dos direitos humanos fundamentais. Recorda-nos a Sagrada Escritura: «Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos».[13]

«Proteger» lembra o dever de reconhecer e tutelar a dignidade inviolável daqueles que fogem dum perigo real em busca de asilo e segurança, de impedir a sua exploração. Penso de modo particular nas mulheres e nas crianças que se encontram em situações onde estão mais expostas aos riscos e aos abusos que chegam até ao ponto de as tornar escravas. Deus não discrimina: «O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva».[14]

«Promover» alude ao apoio para o desenvolvimento humano integral de migrantes e refugiados. Dentre os numerosos instrumentos que podem ajudar nesta tarefa, desejo sublinhar a importância de assegurar às crianças e aos jovens o acesso a todos os níveis de instrução: deste modo poderão não só cultivar e fazer frutificar as suas capacidades, mas estarão em melhores condições também para ir ao encontro dos outros, cultivando um espírito de diálogo e não de fechamento ou de conflito. A Bíblia ensina que Deus «ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário»; daí a exortação: «Amarás o estrangeiro, porque foste estrangeiro na terra do Egito».[15]

Por fim, «integrar» significa permitir que refugiados e migrantes participem plenamente na vida da sociedade que os acolhe, numa dinâmica de mútuo enriquecimento e fecunda colaboração na promoção do desenvolvimento humano integral das comunidades locais. «Portanto – como escreve São Paulo – já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus».[16]

5. Uma proposta para dois Pactos internacionais

Almejo do fundo do coração que seja este espírito a animar o processo que, no decurso de 2018, levará à definição e aprovação por parte das Nações Unidas de dois pactos globais: um para migrações seguras, ordenadas e regulares, outro referido aos refugiados. Enquanto acordos partilhados a nível global, estes pactos representarão um quadro de referência para propostas políticas e medidas práticas. Por isso, é importante que sejam inspirados por sentimentos de compaixão, clarividência e coragem, de modo a aproveitar todas as ocasiões para fazer avançar a construção da paz: só assim o necessário realismo da política internacional não se tornará uma capitulação ao cinismo e à globalização da indiferença.

De facto, o diálogo e a coordenação constituem uma necessidade e um dever próprio da comunidade internacional. Mais além das fronteiras nacionais, é possível também que países menos ricos possam acolher um número maior de refugiados ou acolhê-los melhor, se a cooperação internacional lhes disponibilizar os fundos necessários.

A Secção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral sugeriu 20 pontos de ação[17]como pistas concretas para a implementação dos supramencionados quatro verbos nas políticas públicas e também na conduta e ação das comunidades cristãs. Estas e outras contribuições pretendem expressar o interesse da Igreja Católica pelo processo que levará à adoção dos referidos pactos globais das Nações Unidas. Um tal interesse confirma uma vez mais a solicitude pastoral que nasceu com a Igreja e tem continuado em muitas das suas obras até aos nossos dias.

6. Em prol da nossa casa comum

Inspiram-nos as palavras de São João Paulo II: «Se o “sonho” de um mundo em paz é partilhado por tantas pessoas, se se valoriza o contributo dos migrantes e dos refugiados, a humanidade pode tornar-se sempre mais família de todos e a nossa terra uma real “casa comum”».[18] Ao longo da história, muitos acreditaram neste «sonho» e as suas realizações testemunham que não se trata duma utopia irrealizável.

Entre eles conta-se Santa Francisca Xavier Cabrini, cujo centenário do nascimento para o Céu ocorre em 2017. Hoje, dia 13 de novembro, muitas comunidades eclesiais celebram a sua memória. Esta pequena grande mulher, que consagrou a sua vida ao serviço dos migrantes tornando-se depois a sua Padroeira celeste, ensinou-nos como podemos acolher, proteger, promover e integrar estes nossos irmãos e irmãs. Pela sua intercessão, que o Senhor nos conceda a todos fazer a experiência de que «o fruto da justiça é semeado em paz por aqueles que praticam a paz».[19]

Vaticano, 13 de novembro – Memória de Santa Francisca Xavier Cabrini, Padroeira dos migrantes – de 2017.

Franciscus

Mianmar: «Ajudar as pessoas a abrirem-se ao Transcendente»

Mianmar: «Ajudar as pessoas a abrirem-se ao Transcendente»

Leia, na íntegra, todo o dicurso do Papa Francisco.

Sinto grande alegria por estar convosco. Agradeço ao Ven. Bhaddanta Kumarabhivamsa, Presidente da Comissão Estatal Sangha Maha Nayaka, as suas palavras de boas-vindas e os seus esforços na organização da minha visita aqui hoje. Ao saudar-vos a todos, permiti-me manifestar particular apreço pela presença de Sua Excelência Thura Aung Ko, Ministro dos Assuntos Religiosos e da Cultura.

O nosso encontro é uma ocasião importante para renovar e fortalecer os laços de amizade e respeito entre budistas e católicos. É também uma oportunidade para afirmar o nosso empenho pela paz, o respeito da dignidade humana e a justiça para todo o homem e mulher. E não é só no Myanmar, mas em todo o mundo, que as pessoas precisam deste testemunho comum dos líderes religiosos. Com efeito, quando falamos a uma só voz afirmando o valor perene da justiça, da paz e da dignidade fundamental de todo o ser humano, oferecemos uma palavra de esperança. Ajudamos os budistas, os católicos e todas as pessoas a lutarem por uma maior harmonia nas suas comunidades.

Em cada idade, a humanidade experimenta injustiças, momentos de conflito e desigualdade entre as pessoas. No nosso tempo, porém, estas dificuldades parecem ser particularmente graves. Embora a sociedade tenha conseguido um grande progresso tecnológico e, em todo o mundo, as pessoas estejam cada vez mais conscientes da sua humanidade e destino comuns, as feridas dos conflitos, da pobreza e da opressão persistem e criam novas divisões. A estes desafios, não devemos jamais resignar-nos. Pois sabemos, com base nas nossas respetivas tradições espirituais, que existe realmente um caminho para avançar, há um caminho que leva à cura, à mútua compreensão e respeito; um caminho baseado na compaixão e no amor.

Quero expressar a minha estima a todos aqueles que vivem, no Myanmar, segundo as tradições religiosas do Budismo. Através dos ensinamentos de Buda e do testemunho zeloso de tantos monges e monjas, o povo desta terra foi formado nos valores da paciência, tolerância e respeito pela vida, bem como numa espiritualidade solícita e profundamente respeitadora do meio ambiente. Como sabemos, estes valores são essenciais para um desenvolvimento integral da sociedade, a começar pela unidade mais pequena e mais essencial que é a família para depois se estender à rede de relações que nos põem em estreita conexão – relações essas radicadas na cultura, na pertença étnica e nacional, e, em última análise, na pertença à humanidade comum. Numa verdadeira cultura do encontro, estes valores podem fortalecer as nossas comunidades e ajudar o conjunto da sociedade a irradiar a tão necessária luz.

O grande desafio dos nossos dias é ajudar as pessoas a abrir-se ao transcendente; ser capazes de olhar-se dentro em profundidade, conhecendo-se de tal modo a si mesmas que sintam a sua interconexão com todas as pessoas; dar-se conta de que não podemos permanecer isolados uns dos outros. Se devemos estar unidos, como é nosso propósito, ocorre superar todas as formas de incompreensão, intolerância, preconceito e ódio. Como podemos consegui-lo? As palavras de Buda oferecem a cada um de nós uma guia: «Vence o rancor com o não-rancor, vence o malvado com a bondade, vence o avarento com a generosidade, vence o mentiroso com a verdade» (Dhammapada, XVII, 223). Sentimentos semelhantes se expressam nesta oração atribuída a São Francisco de Assis: «Senhor, fazei-me instrumento da vossa paz. Onde houver ódio fazei que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão, (…) onde houver trevas que eu leve a luz, e onde houver tristeza que eu leve a alegria».

Que esta Sabedoria continue a inspirar todos os esforços para promover a paciência e a compreensão e curar as feridas dos conflitos que, ao longo dos anos, dividiram pessoas de diferentes culturas, etnias e convicções religiosas. Tais esforços não são em caso algum prerrogativa apenas de líderes religiosos, nem são de competência exclusiva do Estado. Mas é a sociedade inteira, são todos aqueles que estão presentes na comunidade que devem partilhar o trabalho de superar o conflito e a injustiça. No entanto, é responsabilidade particular dos líderes civis e religiosos garantir que cada voz seja ouvida, de tal modo que os desafios e as necessidades deste momento possam ser claramente compreendidos e confrontados num espírito de imparcialidade e mútua solidariedade. A propósito, congratulo-me com o trabalho que a Panglong Peace Conference está a fazer, e rezo por aqueles que guiam este esforço para que possam promover uma participação cada vez maior de todos os que vivem no Myanmar. Isto contribuirá certamente para o compromisso de promover a paz, a segurança e uma prosperidade que seja inclusiva de todos.

Para que estes esforços produzam frutos duradouros, tornar-se-á necessária, sem dúvida, uma maior cooperação entre líderes religiosos. A este respeito, quero que saibais que a Igreja Católica é um parceiro disponível. As oportunidades de encontro e diálogo entre os líderes religiosos revelam-se um fator importante na promoção da justiça e da paz no Myanmar. Bem sei que, no passado mês de abril, a Conferência dos Bispos Católicos organizou um encontro de dois dias sobre a paz, em que participaram os chefes das diferentes comunidades religiosas, juntamente com embaixadores e representantes de agências não-governamentais. Devendo aprofundar o nosso conhecimento mútuo e afirmar a nossa interligação e destino comum, são essenciais tais encontros. A verdadeira justiça e a paz duradoura só podem ser alcançadas, quando forem garantidas a todos.

Queridos amigos, possam os budistas e os católicos caminhar juntos por esta senda de cura e trabalhar lado a lado pelo bem de cada habitante desta terra. Nas Escrituras cristãs, o apóstolo Paulo desafia os seus ouvintes a alegrar-se com os que estão alegres, a chorar com os que choram (cf. Rm 12, 15), carregando humildemente os pesos uns dos outros (cf. Gal 6, 2). Em nome dos meus irmãos e irmãs católicos, expresso a nossa disponibilidade para continuar a caminhar convosco e a espalhar sementes de paz e de cura, de compaixão e de esperança nesta terra.

De novo vos agradeço por me terdes convidado para estar hoje aqui convosco. Sobre todos vós, invoco a bênção divina da alegria e da paz.

Tradução Educris a partir do original em italiano

Imagem: ACI Stampa

http://www.educris.com/v3/noticias/7485-mianmar-ajudar-as-pessoas-a-abrirem-se-ao-transcendente

 

 

Audiência Papa Francisco com os Directores da Pastoral dos Migrantes – CCEE

Audiência Papa Francisco com os Directores da Pastoral dos Migrantes – CCEE

Discurso do Papa Francisco

“Caros irmãos e irmãs,

Acolho-vos com alegria por ocasião do vosso encontro, e agradeço ao Cardeal Presidente pelas palavras que me dirigiu em nome de todos. Desejo agradecer-vos de coração o compromisso dedicado, nestes últimos anos, a favor de tantos irmãos e irmãs migrantes e refugiados que estão a bater às portas da Europa em busca de um lugar mais seguro e de uma vida mais digna.

Diante dos fluxos migratórios maciços, complexos e variados que colocaram em crise as políticas de migração adotadas até agora e os instrumentos de protecção sancionados pelas convenções internacionais, a Igreja tenciona permanecer fiel à sua missão: “amar Jesus Cristo, adorá-lo e amá-Lo, especialmente nos mais pobres e abandonados; e entre eles contam-se, sem dúvida, os migrantes e os refugiados (Mensagem para o Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados 2015: Ensinamentos II, 2 [2014], 200).

O amor materno da Igreja para com estes irmãos e irmãs pede para ser manifestardo concretamente em todas as fases da experiência migratória, da partida à viagem, da chegada ao regresso, de modo que todas as realidades eclesiais locais situadas ao longo do percurso sejam Protagonistas da única missão, cada uma de acordo com as suas possibilidades. Reconhecer e servir o senhor nestes membros do seu “povo em caminho” é uma responsabilidade que é comum a todas as igrejas particulares na implantação de um compromisso constante, coordenado e eficaz.

Caros irmãos e irmãs, não vos escondo a minha preocupação perante os sinais de intolerância, discriminação e xenofobia em diferentes regiões da Europa. Muitas vezes, eles são motivados pela desconfiança e pelo medo um do outro, do diferente, do estrangeiro. Estou ainda mais preocupado com a triste constatação de que as nossas comunidades católicas na Europa não estão isentas destas reacções de defesa e de rejeição, justificadas por um “dever moral” de manter a sua identidade cultural e religiosa de origem. A Igreja difundiu-se por todos os continentes através da “migração” de missionários que estavam convencidos da universalidade da mensagem de salvação de Jesus Cristo, destinada a homens e mulheres de todas as culturas. Na história da Igreja, não faltaram tentações de exclusividade e redução cultural, mas o Espírito Santo sempre nos ajudou a superá-los, garantindo uma abertura constante para o outro, considerada como uma possibilidade concreta de crescimento e enriquecimento.

O Espírito, estou certo, ajuda-nos ainda hoje a manter uma atitude de abertura confiante, que permite superar todas as barreiras, atravessar cada muro.

Na minha escuta constante das Igrejas particulares na Europa, senti um profundo desconforto perante a chegada maciça de migrantes e refugiados. Esse desconforto deve ser reconhecido e compreendido à luz de um momento histórico marcado pela crise económica, que deixou feridas profundas. Este desconforto também foi exacerbado pelo alcance e composição dos fluxos migratórios, a falta de preparação substancial das sociedades de acolhimento e, das políticas nacionais e comunitárias, muitas vezes, inadequadas. Mas o desconforto também é indicativo dos limites dos processos de unificação europeia, dos obstáculos para confrontar a aplicação concreta da universalidade dos direitos humanos e dos muros contra os quais o humanismo integral é um dos mais belos frutos da civilização Europeia. E para os cristãos, tudo isso deve ser interpretado, além do imanentismo laicista, na lógica da centralidade da pessoa humana criada por Deus, única e irrepetível.

Numa perspectiva puramente eclesiológica, a chegada de tantos irmãos e irmãs na fé oferece às igrejas na Europa uma oportunidade suplementar de realizar plenamente a sua catolicidade, elemento constitutivo da Igreja que confessamos todos os domingos no Credo. Além disso, nos últimos anos, muitas igrejas particulares na Europa foram enriquecidas pela presença de migrantes católicos que trouxeram suas devoções e seu entusiasmo litúrgico e apostólico.

Do ponto de vista missiológico, os fluxos migratórios contemporâneos constituem uma nova “fronteira” missionária, uma oportunidade privilegiada para anunciar Jesus Cristo e seu Evangelho sem deixar seu ambiente, para testemunhar concretamente a fé cristã na caridade e no profundo respeito pela outras expressões religiosas. O encontro com migrantes e refugiados de outras confissões e religiões é um terreno fértil para o desenvolvimento de um diálogo ecuménico e inter-religioso sincero e gratificante.

Na minha Mensagem para o Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados do próximo ano, evidenciei a forma como a resposta pastoral aos desafios migratórios contemporâneos deveria ser articulada em torno de quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. O verbo acolher traduz-se noutros verbos, como ampliar as rotas legais e seguras de entrada, oferecer um primeiro alojamento adequado e digno e assegurar a todos segurança pessoal e acesso a serviços básicos. O verbo proteger é dar informações confiáveis ​​e certificadas antes de sair, defender os direitos fundamentais dos migrantes e refugiados, independentemente do seu estatuto migratório e proteger os mais vulneráveis, que são as crianças e adolescentes. Promover significa essencialmente garantir condições para o desenvolvimento humano integral de todos, imigrantes e povos indígenas. O verbo integrar traduz-se em abrir espaços para encontros interculturais, incentivar o enriquecimento mútuo e promover caminhos de cidadania ativos.

Na mesma Mensagem, mencionei a importância do Pacto Global, que os Estados se comprometeram a elaborar e aprovar até o final de 2018. A Seção de Migração e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral preparou 20 pontos de ação que as igrejas locais são convidadas a usar, complementar e aprofundar na sua pastoral. Esses pontos são baseados em “boas práticas” que caracterizam a resposta tangível da Igreja às necessidades dos migrantes e dos refugiados. Os mesmos pontos são úteis para o diálogo que várias instituições eclesiásticas podem ter com seus governos tendo em vista os Pactos Globais. Convido-vos, queridos diretores, a conhecer esses pontos e promovê-los em suas Conferências Episcopais.

Os mesmos pontos de ação também formam um paradigma articulado pelos quatro verbos já mencionados, um paradigma que poderia servir como critério para estudar ou verificar as práticas pastorais que existem nas Igrejas locais, com vista a uma atualização sempre atempada e enriquecedora. Que a comunhão na reflexão e na ação seja a vossa força porque, quando alguém está sozinho, os obstáculos parecem muito maiores. Que a vossa voz seja sempre oportuna e profética e, acima de tudo, seja precedida por um trabalho coerente inspirado nos princípios da doutrina cristã.

Renovando meus agradecimentos pelo vosso grande empenho no campo de um complexo pastoral migratório tão complexo quanto ardente em tópico, asseguro-vos a minha oração. E vocês também, por favor, não se esqueçam de orar por mim. ”

Papa Francisco

Roma, 22 de setembro de 2017

Servas de Nossa Senhora de Fátima comemoram 25 anos no Luxemburgo

Servas de Nossa Senhora de Fátima comemoram 25 anos no Luxemburgo

As irmãs servas de Nossa Senhora de Fátima estão em festa. Há 25 anos a Congregação chegava ao Luxemburgo. Três irmãs, duas vindas de Portugal e uma de Bruxelas, desembarcaram no Grão-Ducado, a pedido do padre Belmiro.

“O Padre Belmiro pediu ao bispo da altura, Mons. Fernand Franck, que a nossa Congregação viesse para cá trabalhar, com os imigrantes”, conta a irmã Perpétua Coelho, a superiora da comunidade no Luxemburgo. “A congregação estava na Casa de Retiros do Bom Pastor, na Buraca, nos arredores de Lisboa, e o padre Belmiro conhecia-nos porque passava lá férias. Nós já tínhamos uma comunidade em Bruxelas, junto dos imigrantes portugueses, e por isso, há 25 anos, uma irmã que estava em Bruxelas, a irmã Ilda Filipe, veio para cá, e as outras duas vieram de Portugal”, acrescenta a irmã Perpétua.

O bairro de Rollingergrund na capital foi sempre a morada da Congregação no Luxemburgo. Uma casa do número 294 da rua com o mesmo nome acolheu as três irmãs, até ao Verão de 2007. Depois mudaram de casa, mas não de bairro.

“Quando as três irmãs chegaram ao Luxemburgo, apesar da casa do número 294 já nos estar destinada, tiveram que ir viver um ano para Gasperich, enquanto a comuna fazia obras de conservação e restauro na casa. Depois, e até 2007, vivemos na mesma casa, mas a verdade é que a casa já estava muito velha e tivemos que procurar outra solução. A Congregação comprou esta casa, onde vivemos actualmente, também em Rollingergrund, mas agora na rua Montée des Tilleuls. Eu ainda vi a casa a ser demolida, em 2014. Estava muito degradada e a Comuna garantiu-nos que não havia possibilidade de fazer mais obras”, recorda a irmã Perpétua.

A comunidade das Irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima, foi sempre constituída por três irmãs, e a sua missão ficou bem definida logo no ano em que chegaram ao Luxemburgo: organizar a catequese dos portugueses no Grão-Ducado.

“A catequese na então Missão Católica Portuguesa do Luxemburgo Centro, só ia até ao 6° ano e era preciso estruturá-la. O padre Belmiro tinha consciência disso. Era o senhor Barbosa que organizava a catequese, mas era preciso mais, e a irmã Maria Emília, uma das primeiras a vir para cá, tinha formação nessa área. Depois da catequese começamos a formar as pessoas no sector da Liturgia, no canto, a sensibilizar as pessoas para a Liturgia e para a forma de preparar a Liturgia, de acordo com a Palavra de Deus. Cedo as irmãs começaram a preparar pequenos grupos bíblicos, grupos de liturgia, grupos de visita às famílias, festas com os pais, festas com as crianças, festas populares…tudo porque do nosso carisma faz parte a inserção no meio, temos que nos inserir no meio onde estamos. Se lermos os registos da altura vemos com as irmãs dizem que o trabalho era muito intenso”, garante a irmã Perpétua.

Desde há 25 anos que as três irmãs da Congregação trabalham com as comunidades portuguesas de Bonnevoie, Santo Afonso, Sandweiler, Steinfort, Steinsel, Grevenmacher e Remich. Onde há portugueses ai estão as Servas da Congregação.

“Há cerca de dez anos começámos a ser chamadas para trabalhar a nível diocesano, e a procurar que a comunidade portuguesa não se feche, mas que se integre. Queremos que os portugueses participem na “Octave”, no Terço…queremos criar pontes e não muros. Isto tem que ver com o aspecto sacerdotal da nossa Congregação: o sacerdote é aquele que faz a ligação entre o povo de Deus”, diz a irmã Perpétua.

No próximo fim-de-semana, as Servas de Nossa Senhora de Fátima vão celebrar as Bodas de Prata no Luxemburgo. O ponto alto é a celebração da Eucaristia presidida pelo arcebispo do Luxemburgo,na Igreja do Sacré-Coeur, no domingo, às 17 horas.

“Eu sinto que as pessoas confiam em nós, não só os portugueses, mas também a Igreja local que sempre manifestou confiança em nós. Nesta altura há duas palavras que eu quero recordar: dar e receber. Ao longo destes anos temo-nos dado às pessoas, à Igreja, mas sobretudo a Deus, através destas pessoas. Depois receber: nós recebemos muito das pessoas, a aceitação, a amizade, a partilha.Temos um sentimento de agradecimento enorme”, confessa a irmã Perpétua.

As servas de Nossa Senhora de Fátima são uma Congregação Religiosa fundada por Luiza Andaluz, em 1923, na cidade de Santarém, Portugal. Actualmente são 170 religiosas espalhadas por Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné, Bélgica e Luxemburgo.

Desde que chegaram ao Luxemburgo já por aqui passaram 17 irmãs. Aqui ficam os seus nomes:

Ilda Filipe
Maria Emília Carlos
Maria de Oliveira
Lurdes Gaspar
Maria do Carmo Alves
Suzete Ferreira
Maria Isabel Rodrigues
Isabel Duarte
Donzília Ferreira
Joaquina Ribeiro
Perpétua Coelho
Catarina Cândido
Joaquina Gonçalves
Vitoria Alves
Sandra Fernandes
Maria José Nicolau

A irmã Maria José, a irmã Vitória e a irmã Perpétua formam actualmente a Comunidade das Irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima, no Luxemburgo (na foto em baixo).

Memória Agradecida a D. Manuel da Silva Martins

Memória Agradecida a D. Manuel da Silva Martins

“Correndo embora riscos de sermos mal interpretados quando nos solidarizamos com os pobres e oprimidos, não nos demitiremos da nossa missão de proclamar sem rodeios os valores evangélicos da justiça e da fraternidade”
(D. Manuel, Setúbal 1982)

Profundamente gratos pelo serviço dentro da Comissão Episcopal de Migrações e Turismo, vogal (1981-1993), presidente (1993-1999) e permaneceu como vogal de (1999-2005). Recupero uma das últimas intervenções do D. Manuel Martins no Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas, realizadas em 2005 na Diocese e cidade do Porto.
«O mundo é cada vez mais, a pátria do homem.» (…)
“Ora, parece-me que morria se não dissesse isto! (…). Parece-me que podemos adivinhar este desejo que temos de sermos gente, de sermos tratados como gente, de sermos cidadãos, de conquistarmos cidadania, de sermos respeitados na nossa dignidade, nos nossos direitos, na nossa grandeza, entre outros. Tenho aqui um papelinho, que fui encontrar, não sei como, com uma transcrição sem licença do autor, com uma mensagem que eu tinha para um Natal e dela fazia parte este pequenino texto:
“Ser gente
Queremos ser gente
Viver como gente
Ser tratados como gente
Ser gente é ser ouvido
Ser gente é ser respeitado
Ser gente é poder partilhar
Ser gente é ter razões para viver, para cantar e para sorrir.
Ser gente é ter pão, ter casa, ter escola, ter qualidade de vida.
Ser gente é ser feliz”
Livro de Actas do I Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas, pp153-154

Dom Manuel, primeiro bispo de Setúbal, visitou diversas vezes a nossa comunidade Offenbach. 3 Gerações de jovens receberam das suas mãos o sacramento do Crisma. Recebia e era um leitor atento da nossa revista mensal “Comunidade Cristã”.

Joaquim Nunes, Comunidade Católica Portuguesa de Offenbach

 

 

Amou a Diocese de Setúbal e os seus não o esquecem…
Pelas mãos do D. Manuel Martins recebi o sacramento da Confirmação, desconfio que não seja evidente, a importância e a íntima ligação com o compromisso de vida em Igreja… mas a verdade é que este acontecimento marcou-me!…
Não me recordo do teor da homília, mas desde esse dia não me esqueci do seu apelo: não se afastem da Igreja, a Igreja precisa de vós.
Quando releio a minha história constato que a parti dali, naquela pequena paróquia de Amora, da Vigararia do Seixal, da diocese de Setúbal iniciei esta aventura de viver o dom da fé em comunidade, de uma forma consciente e empenhada.
Reencontrei, o senhor D. Manuel outras vezes enquanto catequista e professora de EMRC. Um encontro com bispo da nossa diocese é sempre uma (re) confirmação da missão.
Reencontrei-o, com alegria, uns anos depois como vogal da Comissão Episcopal de Migrações e Turismo, e tenho presente o último serviço, que prestou às nossas comunidades portuguesas que se reúnem em Colónia- Alemanha, em Maio deste ano.
Ao tomar conhecimento da notícia do seu falecimento, no passado dia 24 de setembro, para além do sereno espanto, evoquei imediatamente a memória do meu crisma, emergiu e permanece em mim um sentimento de gratidão pelo seu zelo pastoral.
Eugénia Costa Quaresma

“Nasci Bispo em Setúbal, agora sou de Setúbal. Aqui anunciarei o Evangelho da libertação, na justiça e no amor. Aqui proclamarei o Cristo vivo – que veio e está no meio de nós- o único que pode alicerçar na fraternidade a sociedade justa que é a aspiração angustiante de todos nós” Primeiras palavras de D. Manuel Martins na Sé de Setúbal  – Eucaristia de Ordenação Episcopal e tomada de posse – 26/10/1975

“Tudo na nossa vida é um dom de Deus. E este pensamento inimaginável de Deus para o episcopado foi um dom grandiosíssimo que nunca esperei. Uma graça tão grande, que o tempo que já vivi e o tempo que me resta, não chegarão para eu agradecer. É a última vez que, com certeza, estarei convosco. Quero pedir todas as graças para toda a Diocese, para o seu Bispo, para o seu Povo tão bom, para o seu clero tão grandioso, para o Seminário, para as Instituições Religiosas. Enfim. Para todos!” Últimas  palavras de D. Manuel Martins na Sé de Setúbal – Missa Crismal – 13/04/2017